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Ele surgiu como uma cópia de Robin Hood com Batman, mas com o tempo evoluiu e ocupou seu lugar como um dos maiores heróis da DC Comics, com sua personalidade marcante, suas polêmicas e seu senso de dever para com o povo. Ele foi, é, e sempre será um defensor dos fracos e oprimidos.
“Enquanto isso, na banda desenhada...” é uma seção que traça um paralelo entre o universo real e o mundo dos quadrinhos, analisando como as duas realidades afetam uma à outra, trazendo informação e estimulando a reflexão acerca dessa 8ª arte.
Dever e Pátria
1941. O mundo estava em guerra. E, mesmo entre os países que não estavam diretamente envolvidos, em qualquer lugar era só sobre isso o que se falava. Diferente do que ocorreu recentemente em outros conflitos, a Segunda Guerra Mundial foi tão abrangente e importante que mudou o comportamento das pessoas e da sociedade. Àquela época, direta ou indiretamente, todos viviam para a Guerra e pela Guerra. Para muitos segmentos do entretenimento, não foi diferente, especialmente nos quadrinhos.
Embora em geral os super-heróis americanos não enfrentassem nazistas nem estavam envolvidos no conflito, as capas traziam conteúdo totalmente voltado à Guerra, com mensagens de incentivo aos soldados e mostrando os heróis dando sopapos em Hitler, Hiroito e assim por diante. Nesse período, como acontece sempre nesses casos, as empresas começaram a ver o potencial das histórias em quadrinhos como propaganda de guerra (não necessariamente por patriotismo, mas porque, dado o fato de que era o assunto que estava sempre na boca do povo, tinha potencial para atrair muitos leitores – e vender como água).
Se as editoras não se preocupavam muito com o patriotismo, o mesmo não podia se dizer de Joe Simon e Jack Kirby. Conscientemente uma criação política, o Capitão América surgiu do repúdio de Simon e Kirby aos métodos da Alemanha Nazista e decidiram que os EUA fariam parte da Guerra, nem que fosse na ficção. O personagem foi inicialmente criado por Joe Simon, mas foi depois refinado por Jack Kirby.
A revista contava a história de Steve Rogers, um garoto frágil e doente que queria se alistar no exército. Devido as suas condições, foi inicialmente rejeitado, até que se ofereceu para participar de um programa experimental do governo, onde receberia um soro nunca antes testado. Chamado de soro do supersoldado, ele levou o corpo de Rogers ao auge da perfeição humana, dando ao garoto uma nova vida e a chance de lutar pela América ao lado dos países Aliados. Usando um uniforme com máscara baseada na bandeira dos EUA, e um escudo poderoso que poderia ser atirado como arma, Rogers passou a lutar contra os nazistas sob o codinome de Capitão América.
As histórias do herói não fugiam muito da caça aos nazistas, e os vilões eram sempre os países do Eixo, principalmente alemães e japoneses. Tinha também, assim como Batman, um parceiro mirim, Bucky (Bucky Barnes) que acompanhou o Capitão em todas as suas histórias durante a Guerra. Os dois também participaram, junto com Namor, Tocha Humana (e seu parceiro Centelha), o velocista Whizzer (não sei se ele teve um nome em português) e Miss America de uma equipe chamada All-Winners Squad.
Durante este período, Capitão América se tornou um personagem extremamente popular, de fato um dos mais populares da época, junto com Superman, Batman, Flash, Mulher Maravilha e Capitão Marvel. Mas, assim que a Guerra acabou, a popularidade dos quadrinhos caiu drasticamente e os personagens que tinham como principal suporte a simbologia política foram os mais afetados; com Capitão América não foi diferente. Após a morte de Bucky e a substituição dele por Betsy Ross, que se tornou a heroína Golden Girl (também não sei se tem nome em português), a revista não se sustentou por muito mais tempo e, em 1950, foi encerrada.
Ainda durante os anos 50, houve uma tentativa de trazer o personagem de volta, junto com Namor e Tocha Humana, numa revista chamada Young Men. O Capitão era citado como “Capitain América - Commie Smasher!” (algo como Capitão América – o esmaga comunas), onde o comunismo da União Soviética era o vilão da vez. Mas o revival foi um fracasso e, cerca de um ano depois, Capitão América voltou novamente para o ostracismo. Pelo menos até a próxima década.
A seguir: A Nova Fronteira
Ele surgiu como uma cópia de Robin Hood com Batman, mas com o tempo evoluiu e ocupou seu lugar como um dos maiores heróis da DC Comics, com sua personalidade marcante, suas polêmicas e seu senso de dever para com o povo. Ele foi, é, e sempre será um defensor dos fracos e oprimidos.
“Enquanto isso, na banda desenhada...” é uma seção que traça um paralelo entre o universo real e o mundo dos quadrinhos, analisando como as duas realidades afetam uma à outra, trazendo informação e estimulando a reflexão acerca dessa 8ª arte.
Dever e Pátria
1941. O mundo estava em guerra. E, mesmo entre os países que não estavam diretamente envolvidos, em qualquer lugar era só sobre isso o que se falava. Diferente do que ocorreu recentemente em outros conflitos, a Segunda Guerra Mundial foi tão abrangente e importante que mudou o comportamento das pessoas e da sociedade. Àquela época, direta ou indiretamente, todos viviam para a Guerra e pela Guerra. Para muitos segmentos do entretenimento, não foi diferente, especialmente nos quadrinhos.
Embora em geral os super-heróis americanos não enfrentassem nazistas nem estavam envolvidos no conflito, as capas traziam conteúdo totalmente voltado à Guerra, com mensagens de incentivo aos soldados e mostrando os heróis dando sopapos em Hitler, Hiroito e assim por diante. Nesse período, como acontece sempre nesses casos, as empresas começaram a ver o potencial das histórias em quadrinhos como propaganda de guerra (não necessariamente por patriotismo, mas porque, dado o fato de que era o assunto que estava sempre na boca do povo, tinha potencial para atrair muitos leitores – e vender como água).
Se as editoras não se preocupavam muito com o patriotismo, o mesmo não podia se dizer de Joe Simon e Jack Kirby. Conscientemente uma criação política, o Capitão América surgiu do repúdio de Simon e Kirby aos métodos da Alemanha Nazista e decidiram que os EUA fariam parte da Guerra, nem que fosse na ficção. O personagem foi inicialmente criado por Joe Simon, mas foi depois refinado por Jack Kirby.
A revista contava a história de Steve Rogers, um garoto frágil e doente que queria se alistar no exército. Devido as suas condições, foi inicialmente rejeitado, até que se ofereceu para participar de um programa experimental do governo, onde receberia um soro nunca antes testado. Chamado de soro do supersoldado, ele levou o corpo de Rogers ao auge da perfeição humana, dando ao garoto uma nova vida e a chance de lutar pela América ao lado dos países Aliados. Usando um uniforme com máscara baseada na bandeira dos EUA, e um escudo poderoso que poderia ser atirado como arma, Rogers passou a lutar contra os nazistas sob o codinome de Capitão América.
As histórias do herói não fugiam muito da caça aos nazistas, e os vilões eram sempre os países do Eixo, principalmente alemães e japoneses. Tinha também, assim como Batman, um parceiro mirim, Bucky (Bucky Barnes) que acompanhou o Capitão em todas as suas histórias durante a Guerra. Os dois também participaram, junto com Namor, Tocha Humana (e seu parceiro Centelha), o velocista Whizzer (não sei se ele teve um nome em português) e Miss America de uma equipe chamada All-Winners Squad.
Durante este período, Capitão América se tornou um personagem extremamente popular, de fato um dos mais populares da época, junto com Superman, Batman, Flash, Mulher Maravilha e Capitão Marvel. Mas, assim que a Guerra acabou, a popularidade dos quadrinhos caiu drasticamente e os personagens que tinham como principal suporte a simbologia política foram os mais afetados; com Capitão América não foi diferente. Após a morte de Bucky e a substituição dele por Betsy Ross, que se tornou a heroína Golden Girl (também não sei se tem nome em português), a revista não se sustentou por muito mais tempo e, em 1950, foi encerrada.
Ainda durante os anos 50, houve uma tentativa de trazer o personagem de volta, junto com Namor e Tocha Humana, numa revista chamada Young Men. O Capitão era citado como “Capitain América - Commie Smasher!” (algo como Capitão América – o esmaga comunas), onde o comunismo da União Soviética era o vilão da vez. Mas o revival foi um fracasso e, cerca de um ano depois, Capitão América voltou novamente para o ostracismo. Pelo menos até a próxima década.
Epílogo: Curiosidades
- Capitão América não foi o primeiro herói “patriótico” dos comics. Este título vai para o herói The Shield (que voltou a ser publicado recentemente pela DC Comics), criado no início de 1940.
- Aliás, Capitão América e The Shield têm muitos pontos em comum (ambos usam bandeira americana, seus poderes vem de experimentos e os dois trabalharam para ao governo, o escudo do Capitão tinha o mesmo formato do escudo do Shield), o Freud falou desses dois personagens aqui;
- Em um retcon (mudança no passado dos personagens), foi estabelecido que Capitão América lutou ao lado de outros heróis (alguns os mesmos que faziam parte do All-Winners Squad) numa equipe de nome Os Invasores;
- A revista do Capitão América foi lançada oficialmente em Março de 1941, mas teve uma distribuição anterior em dezembro de 1940. Em seu lançamento oficial a revista chegou a vender um milhão de cópias;
- Curiosamente, os EUA só entraram na Guerra em novembro de 1941, quando os japoneses atacaram Pearl Harbor (quase um ano após a estréia do Capitão América);
- O maior inimigo do Capitão, o Caveira Vermelha, surgiu junto com o personagem, em Capitão América # 1;
- Originalmente, o escudo do Capitão américa não era redondo, e sim no formato de um "escudo" mesmo.
A seguir: A Nova Fronteira
5 comentários:
Oba! Mais um post para eu lembrar do meu papai nerd!
E este veio cheio de coisas que eu não conhecia como Golden Girl e The Shield.
Ao contrário do que algumas pessoas costumam, não acho que o Capitão seja um personagem datado. Quando está nas mãos de um bom escritor (como o Byrne e o Brubaker) rende bons arcos de histórias e consegue ser atual.
Concordo com você, Mari. Superman e Capitão América (Independente do contexto político) representam valores que estão além de quaisquer nações, e ressoam em nível humano. São valores que não estão datados, apenas não são mais o foco da mídia.
O capitão américa é um maldito yankee imperialista. Sempre torci pro caveira vermelha ganhar dele. ;)
cara,o capitas é um dos personagens com mente politica maos aberta que eu jávi.Apesar d e carregar a bandeira no peito,muitas vezes ele tem muitas opiniões diferentes do governo vigente.
Ah,e ótima materia!
Ótimo. E é sempe bom lembrar que o Cap não é o estereótipo de americano belicoso que muitos imaginam, e sim um dos melhores personagens das HQs.
Ah, e o nome do Wheezer no Brasil é ZUMBIDO! Heróico, não?
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