"Sapo cururu da beira do rio, poderia me carregar até a outra margem deste rio tão largo?"
"Só se eu fosse tolo! Você vai me picar, vou ficar paralizado e vou afundar."
"Isso é ridículo! Se eu o picasse, ambos afundaríamos."
Confiando na lógica do escorpião, o sapo concordou e levou o escorpião nas costas, enquanto nadava para atravessar o rio. No meio do rio, o escorpião cravou seu ferrão no sapo.
Atingido pelo veneno, e já começando a afundar, o sapo voltou-se para o escorpião e perguntou: "Por quê? Por quê?"
E o escorpião respondeu: "Por que sou um escorpião e essa é a minha natureza."
Conforme prometido na matéria passada, hoje vamos falar de Legend of the Five rings, um dos meus preferidos jogos de RPG.
A primeira vista parece somente mais um joguinho de samurais, com toda aquela frescura de honra, espadinhas de Kill Bill e saias. Uma lida superficial no livro básico você encontra o mesmo esquema batido clichezento onde o pica grossa do jogo é chamado de imperador, que concentra o poder político, militar e religioso, sua palavra é obedecida não importa a quão retardada pareça. Depois vem os campeões de clã, famílias imperiais, Daimios, Magistrados, pessoas importantes com cargo e por último o personagem do jogador que tem de obedecer todos que estão acima sem questionar, afinal, Samurai é aquele que serve.
Entretanto, do mesmo jeito que Tolkien pegou as bases da Europa e construiu seu próprio cenário acrescentando particularidades e fantasia, aqui os autores bebem do que tem de melhor na cultura japoronga, chinesa e Hindu, misturando com fantasia oriental: magia, espíritos malígnos, Onis e coisas estranhas que acontecem o tempo todo. Os Kami, espécie de deuses, ficam o tempo todo aparecendo, o que torna difícil não acreditar nos caras.
Todas essas três facetas são ricamente explicadas e campanhas inteiras podem se basear em apenas uma delas, pessoalmente uso os três de uma vez só em todas as minhas aventuras pois dá um sabor todo especial. Como o sistema é bem mortal, meus jogadores têm tanto medo de uma batalha quanto de tomar chá com o Daimio em uma corte de inverno, talvez até mais da última!
“Takuro hesitou brevemente quando caminhava para fora da casa de sake, estranhando a luz brilhante do sol da manhã. Seus dois camaradas gargalhavam e babavam ao seu lado, devido aos entretenimentos da noite anterior. Takuro os olhou com um arrogante desprezo”.
"Você é o ronin que se chama Takuro?" chamou uma calma voz. Um homem caminhou das sombras de uma casa do outro lado da rua. Um manto fino repousava sobre sua cabeça e ombros para protegê-lo do sereno da noite. Como Takuro e seus irmãos, usava duas espadas na sua cintura, o símbolo dos samurais.
De repente o álcool e exaustão de Takuro se extinguiram num acesso de adrenalina. Ele sentiu seus irmãos tensos ao seu lado. Todos eles foram ronins por tempo o bastante para conhecer os perigos da vida que levavam. Samurais eram guerreiros, soldados cuja lâmina servia a vontade de seus daimios. Um ronin, um samurai sem mestre, era uma força selvagem, incontrolada no Império. Por não poderem oferecer alianças a nenhum homem, eles não têm proteção além da própria astúcia.
"Eu sou um conhecido de uma jovem dama chamada Sei.” respondeu o estranho. "Ela me disse que você a tratou de maneira desrespeitosa. É verdade?"
Takuro riu, e sua risada ecoou pelos seus irmãos. “Sim, é verdade, e daí?” ele perguntou.
“Ela não é nada, apenas uma geisha.”
“Ela é minha amiga,” disse o estranho. “assim como os homens e mulheres dessa vila. Se você é um homem de honra, os oferecerão desculpas.”
“Desculpar-me com camponeses?” Takuro perguntou rindo. “Eles não têm valor. Os tratarei como quiser e você ficará fora disso.”
Takuro olhou o homem com cuidado. “Você é um tolo, estrangeiro.” ele disse. “São três de nós contra você.”
“Então você aceita meu desafio?” o homem perguntou.
“Que seja,” Takuro riu. “Eu não sei de onde você veio, mas deve ter feito um longo caminho para morrer nessa vila esquecida.”
O homem repousou seu manto sobre seus ombros, revelando os longos cabelos brancos e um brilhante
“Matem-no,” Takuro gritou aos seus irmãos.
Eles correram com gritos furiosos, sacando suas lâminas e se movendo para flanquear Mitsuo. O Garça rapidamente se moveu entre um e outro e adotou uma postura baixa. Ele se agachou para um lado, evitando a espada do primeiro e chutando-o no tornozelo para tirar-lhe o equilíbrio. A lâmina de Mitsuo estava livre de sua bainha, e sua mão, rápida demais para que o olho do homem pudesse seguir, movendo-se para cima e defendendo a segunda lâmina com um impacto. A espada voltou num ataque feroz, cortando claramente as costas do primeiro homem. A lâmina do segundo golpeou novamente e dessa vez Mitsuo não se moveu rápido o suficiente, um jorro de sangue escorreu do seu braço
esquerdo. Sua resposta foi mais mortal ainda, sua lâmina brilhante rasgou de cintura a ombro e deixou o irmão de Takuro cair em dois pedaços.
“Esses homens eram seus irmãos.” Kakita Mitsuo disse rispidamente. “Você não lutou ao lado deles?”
Takuro riu. “Eles não tinham chance contra um Garça,” ele respondeu. “Melhor que morressem do que eu. Eles serviram ao seu propósito.”
“Eu ainda estou de pé,” respondeu Mitsuo, movendo-se em direção ao ronin.
Takuro começou a caminhar para trás. “Não por muito tempo,” ele respondeu. “Você fica fraco a cada momento que sangra. Mais um pouco e até mesmo um Kakita será presa fácil.”
O ronin sacou sua própria espada em resposta, desviando o ataque do Garça. Ele puxou uma faca com sua outra mão e cortou a altura do estômago do Kakita. Os olhos azuis se reviraram em dor. Takuro esperou que
Um chute suave o fez cair por terra.
Takuro riu com o gosto do próprio sangue preenchendo sua boca. Ele olhou para o Garça com desdém. “Tolo!” ele cuspiu. “Você está a dias de qualquer socorro. Você pode me matar, mas morrerá dessas feridas também. Você deu sua vida por nada.”
O Garça apenas sorriu. “Para o covarde não há vida,” disse em voz firme. “Para o herói, não há morte.” Então a lâmina de Kakita Mitsuo golpeou uma última vez, e encerrou a vida de Takuro.”“.
Nota: Todas as imagens foram retiradas de ilustrações dos livros oficiais.
Na próxima materia: Mutants & Masterminds
Kanpai!!!!
6 comentários:
Sempre tive vontade de jogar RPG... mas os nerds RPG parecem viver num mundo só deles...
bacana o conto eim... e bem paupado, nada de malabarismos...
já viu os filmes do Akira Kurosawa?
Só não entendi a razão da história do Sapo e o Escorpião...(eu já tinha ouvido uma outra versão, só que era um Monge e um Escorpião)
mas...
Cara, eh um texto do Lock. Cê quer entender razão aonde?
56 vivas para Mutants & Masterminds!
Hoje eu li inteiro o artigo da Wikipédia... bacana agora que eu to lembrando que várias coisas que eu assisti fazem referência à esse filme.
Quando puder eu assisto esse filme.
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