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segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011

127 horas


O ser humano é eternamente pautado por um binômio: coragem e medo. Durante toda sua história esses dois sentimentos o guiaram seja para enfrentar feras na pré-história e sair vitorioso ou para fugir e sobreviver por mais um dia. Enfim, desafios e obstáculos a serem superados fazem parte da própria existência humana.

Foi o que Aron Ralston, alpinista, engenheiro mecânico, filho, irmão, ex-namorado, descobriu em 2003, quando sozinho, em uma gruta em Utah, Estados Unidos, teve sua mão presa por uma rocha e passou cinco dias a beira da morte. E é o que descobrimos com a adaptação para o cinema de seu livro: 127 horas.

O filme com direção de Danny Boyle (Quem quer ser milionário?) inicia exatamente na preparação da viagem de Aron (James Franco) até as montanhas rochosas onde pretende escalar o cânion Blue John. Boyle aproveita esses momentos iniciais e usa de sua já conhecida estética clipista e nos transporta para como o personagem é isolado, auto-excluído de convívio com familiares e amigos. 

Ele também usa o instante para mostrar o quanto a cidade é caótica e barulhenta e como isso vai diminuindo à medida que o personagem se distancia dela, provavelmente, com a intenção de nos colocar no ponto de vista de Aron: alguém cansado do movimento da cidade e buscando a calmaria e “selvageria” do deserto. Franco nos traz um homem ousado, que acredita, realmente, que pode superar tudo, é mais experto que o resto das pessoas e não precisa de ninguém. 

Contudo, tudo desmorona quando desce por uma apertada gruta e uma rocha fica presa entre sua mão e pulso. Sem conseguir se soltar só resta a Aron documentar em vídeo sua angústia, relembrar momentos marcantes de sua vida e tentar fugir da loucura provocada pela escassez de comida, água e estresse. Durante quase uma hora e meia vemos todos esses momentos sofridos, desde a sua adaptação a situação, planejamentos de planos, desesperança até o limite. Mas convenhamos, apesar da história ser emocional e instigante de ser acompanhada não seria nada sem a atuação inspirada de James Franco, em uma interpretação que a mim, pelo menos, convenceu que realmente ele é um bom ator.

Acostumado ao garoto chorão de Spiderman, me pego surpreso com a evolução que Franco demonstra nesse filme. Indo do cara descolado autosuficiente, do “guia” simpático e carismático, do alpinista confiante, até o ser humano fraturado não só fisicamente quanto na alma frente à iminência de não sobreviver.

127 Horas é um filme sobre esse ser humano mesquinho, egoísta, que precisa aprender lições para ver o que de fato importa, um filme sobre fragmentos de vida, de momentos belamente colados por Boyle – e parabéns a montagem que leva a obra a um patamar de excelente não produto audiovisual – e no fim, um filme sobre nós, sobre um mundo em constante movimento, onde detalhes podem fazer toda a diferença. 



Título original: (127 Hours)
Reino Unido, EUA - 2010
Direção: Danny Boyle
Elenco: James Franco, Lizzy Caplan, Treat Williams, Kate Burton, Amber Tamblyn.
Duração: 93 min
Gênero: Drama

6 comentários:

Renver - O Viajante do Tempo disse...

James Franco sempre foi um bom ator, que nos HAs ele não tinha necessidade de atuar tão bem assim (pô até o Wilian Dafoe atuou 1/3 do que ele é capaz).

Assisti uma vez um filme que o James Franco era um filho drogado de um polical (seprado da mulher - Robert D'Niro) muito bom o filme, olha que foi na sessão das 22h no SBT e eu tinha concurso pra fazer no dia seguinte...

Renver - O Viajante do Tempo disse...

Pra mim James Franco devia ter sido o HA!

diogo02000 disse...

Só percebi James Franco aprendeu a atuar em HA 3, e evolução do cara como ator é bastante visivel.Ótimo review, já ia ver o filme, agora que vou correr atrás mesmo dele!

Marcelo Soares disse...

Se nao me engano ele tentou ser nao foi?

Alex Matos disse...

Olha, esse tipo de filme eu não assistiria nem a pau!

Renver - O Viajante do Tempo disse...

Parece que sim

Mas ele tem mais cara de HA que o Tobey (que tem cara de psicopata)