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terça-feira, 3 de maio de 2011

Estamira (2005)

“A minha missão, além d’eu ser Estamira, é revelar a verdade...”

Estamira é uma senhora de mais de 60 anos que apresenta distúrbios mentais, vivia e trabalhava no aterro sanitário de Jardim Gramacho, local que recebe os resíduos produzidos na cidade do Rio de Janeiro. Estamira é um exemplo, não de tristeza, mas de uma sabedoria maior que muita gente.



Dirigido por Marcos Prado e lançado em 2005, o documentário Estamira teve grande sucesso em vários festivais, abocanhando prêmios de Melhor Documentário no Festival do Rio (2004), na Mostra Internacional de Cinema em São Paulo – 2004, no Festival Internacional de Documentário de Marseille – 2005, Festival Internacional de Cinema de Karlovy Vary – 2005, Festival Internacional de Cinema de Viena (Viennale) – 2005, Festival Internacional de Havanna – 2005, Festival Internacional de Direitos Humanos de Nuremberg – 2005, Festival Internacional de Cinema e Vídeo Ambiental – 2005, e mais uma extensa lista de menções honrosas.

Todo esse reconhecimento não é a toa, o filme não só fala da vida da catadora de lixo, mas discute as condições de vida desses trabalhadores, a questão ambiental do lixo urbano, problemas mentais e as condições dos manicômios, além de outros subtemas que vão surgindo com menor destaque durante a obra.


No aspecto técnico, o longa também não deixa a desejar com uma fotografia belíssima, ângulos inspirados e um ritmo lento e, ao mesmo tempo, intenso enquanto coletam os depoimentos de familiares, companheiros de trabalho e da própria Estamira em épocas e locais diferentes. Aliás, as passagens da personagem principal são antológicas, trazendo a tona suas paranóias, ilusões e filosofias que podem em um primeiro momento parecerem absurdas, engraçadas e loucas, mas que não deixam de ter um sentido por trás da fachada de insanidade.

Inclusive, é tocante a forma como o documentário trata a questão da loucura, ainda mais dentro de nossa sociedade tão conturbada e caótica, cheia de violência, tristeza, frustrações. Quando nos encontramos pela primeira vez com Estamira podemos cair na armadilha de taxá-la de doida, e provavelmente se a víssemos andando pela rua viraríamos o rosto, ignorando-a por um pré-conceito. Mas, ao ouvirmos a história sofrida dela entendemos melhor sua atuação condição e até frases ditas por ela, e, assim, também um pouco do mundo das pessoas com distúrbios mentais.

Um filme belo, sensível, denunciante e recomendado não só para quem se interessa pela mente humana, mas também pela vida humana e as conseqüências de como a vivemos.



Ficha Técnica

Título: Estamira
Gênero: Documentário
Duração:1h55
Site oficial: http://www.estamira.com.br
Direção e Roteiro: Marcos Prado
Produção: Marcos Prado e José Padilha
Música: Décio Rocha

2 comentários:

Rafael Rodrigues disse...

Carai, tenho até vergonha das minhas escolhas cinematográficas pra resenhar cada vez que vejo um review seu, Marcelo, kkkkk

Curti a dica, parabéns!

Marcelo Soares disse...

É porque a minha missão, além d’eu ser Marcelo, é indicar bons filmes... kkkk.
Valeu.