CRUZANDO A FRONTEIRA
Em 1938 a DC Comics lançou na sua revista Action Comics #1 uma história que mudaria o rumo dos quadrinhos em todo mundo. Nessa história foi apresentado aos leitores o considerado “Maior Super-Herói de Todos os tempos”: O Superman. Daquele tempo para cá já se foram setenta anos de histórias e aventuras, um grande número de personagens, interligações e uma cronologia que a cada dia se torna mais complexa.
Não é fácil para um roteirista criar algo em cima de inúmeros “poréns” e “cuidados editoriais”, ainda mais no processo de periodismos que dá vida ao sistema de mercado de quadrinhos americanos, talvez seja por isso que as melhores histórias criadas sobre o Universo DC nas últimas décadas sejam fora da cronologia e fechadas. Conseguir abordar todo um universo de personagens e nuances de uma forma bem feita e com um bom conteúdo é caso raro, mas dois autores, na minha opinião, conseguiram esse feito, definindo conceitos e uma boa estrutura, que são Mark Waid e Darwin Cooke. O primeiro na consagrada minisérie O Reino do Amanhã e o outro em A Nova Fronteira. Bem, nesse momento falarei do inicio, o que considero como o passado definitivo do Universo DC.
A Nova Fronteira foi um projeto lançado em 2006 como um Elseword (história fora da cronologia) que tinha como base uma homenagem a era de prata da editora, mostrando seus principais, e até muitos esquecidos, personagens inseridos historicamente nas épocas em que foram lançados, convivendo juntos em uma única história. Uma verdadeira epopéia com recortes temporais, personagens que influenciam outros e a mostra de um controle sobre um complicado universo de possibilidades. Cooke consegue ser fiel aos conceitos originais dos heróis da editora, e ao mesmo tempo modernizá-los, trazer uma nova visão do que seria o chamado “pré-crise” se as idéias e linearidade dos dias de hoje impera-se, sem contar como se tornou interessante ver esses heróis em meio a corrida espacial, guerra fria, macarthismo, caça aos comunistas, revoluções, toda uma gama de idéias que a nova geração não pode ver.
É um Universo DC mais coerente, com uma cronologia crível e realista. Nada de heróis em um limbo de décadas, de crises infinitas e finais (?), sagas silencio, para se ver, o maior vilão no primeiro número da revista é o governo americano e seu controle totalitarista tão comum nos dias de hoje. São os heróis tendo que conviver com seus ideais e a consequência de segui-los (Superman, Mulher-Maravilha, Batman), além de dar um espaço considerável a um personagem que particularmente adoro: John Jones, o caçador de Marte, e um Flash bem interessante de se ver.
Mas, talvez para nós, fãs do Universo da National Comics, o melhor seja ver os Desafiadores do Desconhecido, Sargento Flag, O Esquadrão Suicida, todos sendo respeitados e bem trabalhados, principalmente para mim que conheço pouco os personagens. A Nova Fronteira ganhou os prêmios Eisner, Shuster e Harvey e com direito. E ano passado ganhou uma animação ótima, que respeita a história original (até no design do desenho) e mesmo assim não deixa de ser dinâmica e divertida, um bom exemplo para os desenhos toscos da Marvel.
Trailer
È, eu sei que foram algumas colunas de conversinhas e fala sobre histórias antigas, mas achei importante falar um pouco dos conceitos e histórias da DC Comics no inicio dessa minha coluna, antes de escrever sobre revistas novas ou coisas do tipo, claro que teremos resenhas, comentários sobre filmes e coisas do tipo sobre a Distinta Concorrência por aqui, mas vocês ainda não estão livres de meus textos mais “filosóficos” [risada maligna on]
Marcelo Soares
a.k.a. Starman
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