UARÉVIEW
por Freud
por Freud
20 estórias de 8 páginas, sem ligação com cronologia e um ótimo elenco de artistas com liberdade (quase) total de criação.
Seria um grande desperdício algo assim dar errado. E felizmente, não deu.
Mas Freud, isso é review que se faça? Essas histórias tem mais de 10 anos e até esse encadernado da Panini já tem quase um ano nas prateleiras!!
Uarévaa, eu nunca tinha lido e curti muito minha edição faturada no nosso amigo secreto (Valeu, Jeet!!). Além do mais, é produto disponível em livrarias e estória boa não tem idade.
O encadernado compila uma mini série em 4 edições que saiu originalmente nos EUA em 1996 (e aqui em 1998, pela Ed Abril). Essa série foi idealizada pelo então editor Mark Chiarello, que conseguiu reunir muita gente boa no projeto. Clique na imagem no topo do post e confira ela maior, para ler os nomes dos participantes. Nem todos criaram estórias, muitos nomes ali fizeram apenas capas ou pinups, mas quase todos que participaram não decepcionaram.
Com vários autores escalados para dar sua visão sobre o personagem (cada um tem a sua) vemos várias características diferentes do herói sendo exploradas, como sua relação com as vítimas que não salva a tempo (na tocante Luto eterno, de Ted McKeever), sua imagem às vezes inspiradora (em A lenda, de Walter Simonson), às vezes ameaçadora (esta mostrada de forma curiosa em Galho torto, de Bill Sienkiewicz), sua solidão e compaixão (na natalina Noite de sangue, do mestre Dennis O'Neil com arte de Teddy Kristiansen) e sua vunerabilidade tão rara de se ver hoje em dia (tanto em Sujeito inocente, de Brian Bolland, quanto em Os olhos do menino morto, de Kent Williams, que nas 3 últimas páginas mostra de forma brilhante o elo do herói com sua cidade).
É interessante notar que a famosa galeria de vilões que tantas vezes rouba a cena quase não tem destaque no álbum; fora o Duas Caras que protagoniza Um para o outro, de Bruce Timm, e o Coringa que é um coadjuvante de luxo na surreal Um mundo em preto e branco, de Neil Gaiman e Simon Bisley, apenas vemos mais alguns aparecendo rapidamente (e sem "falas") na já citada Sujeito inocente.
Quem quase rouba a cena mesmo é o veterano Archie Goodwin que roteiriza duas das melhores estórias da coleção: O trompete do demônio, conto de horror desenhado por José Muñoz e a muito merecidamente premiada Heróis, desenhada por Gary Gianni.
Pequenos crimes, de Howard Chaykin é bem interessante e inusitada, principalmente porque eu vergonhosamente devo admitir que me identifiquei um pouco com o vilão "Dever cívico", rs... Vai dizer que você as vezes não tem vontade de arrebentar a cara de "espertos" que, com pequenos atos de egoismo, não respeitam os direitos alheios?
Criando monstros, de Jan Strnad e Richard Corben mostra crianças, pequenos soldados do mundo do crime e reflete sobre esse tema. Infelizmente nada de novo pra nós... A idéia é reforçar como a realidade é pior que qualquer monstro ou vilão de quadrinhos... "Como se fosse preciso um laboratório e um cientista louco para fazer um monstro." Mas mesmo assim, o laboratório e os monstros aparecem em outra estória do mesmo autor, Monstros no armário, desenhada por Kevin Nowlan, cujos traços precisos e ritmo tornam uma trama simples numa ótima estória. Em seu próprio estilo é o que também faz Matt Wagner em Assalto. Trama mais simples, impossível: Batman pegando um a um os assaltantes de uma mansão, mas a estória é muito legal.
Em Boa noite, meia noite o conhecido arte finalista e desenhista Klaus Johnson escreve pela primeira vez e me surpreende por já começar tão bem. Sua estória mostra todo o amor do pai de Bruce Wayne por seu filho e como os dois acabam parecidos, e tambem, sem uma única palavra, como esse amor acabou transferido para o mordomo Alfred.
E finalmente a última que eu vou citar, por um motivo especial: EU PARTICIPO DELA!! Bwahahaha... Aposto que o Jeet folheou esse encadernado, viu o Freud lá dentro e por isso decidiu me dar esse livro, rs... Na estória Em sonhos um psicólogo (se não é o próprio Freud, é um clone!!) conta com a ajuda do morcego para curar um trauma de sua paciente, adquirido quando Batman a libertou de sequestradores na infância. O desenhista Liberatore manda muito bem (embora seja meio esquisito ver o sorrisão do Bátema em algumas cenas, rs...) e o autor é Andrew Helfer, que também escreveu uma hq que curto muito e já resenhei por aqui: Justiça LTDA.
Resumindo, gostei muito dessas 16 estórias citadas. Não vou comentar as outras 4, mas mesmo elas valem como curiosidade. O encadernado ainda trás ótimos extras: Pinups, layouts, esboços de páginas e algumas curiosidades sobre as estórias contadas pelo editor original.
Preço R$ 49,00, 240 páginas, capa dura, formato 19 x 29,5 e papel Couché.
Curiosidade: O sucesso criativo e comercial desse projeto gerou alguns filhotes:
- Estórias secundárias nesse formato, na revista Batman: Gotham Knights, que acabaram também encadernadas lá fora como volumes 2 e 3 dessa série. (O volume 2 inclusive saiu aqui pela Panini em DC Especial 4, por R$12,90);
- Uma bela série de estatuetas com os Batmans desenhados por diversos artistas. Veja abaixo a baseada na versão de Matt Wagner.
- Versões de algumas estórias em Motion Comics. Confira abaixo uma delas, de uma estória que saiu no volume 3 lá fora.
5 comentários:
Eu tenho essa coletâne de quando foi lançada aqui em forma de mini-série. Realmente, é altamente recomendável para quem gosta de histórias boas de verdade
Luto Perpétuo mecheu comigo há um nível inexplicável....
quase chorei
que historia foda... que por mim seria um ótimo epílogo pro terceiro filme do Batman... tipo: 5 anos depois.
um adendo a história: "Criando monstros"
é muito boa, tem até uma liberdade poética do Batman defendendo tiros com o braço (tipo MM)... eu considero que o Batman tava tão alucinado com a situação que reage à nível subconsciente que faz ele realizar certas façanhas...
e também tem o fato que o braço que ele usou pra se defender do tiro tava enrolado numa corrente grossa pra caramba...
mesmo assim isso não tira o mérito da história... ao contrário enfodece ela mais ainda
ps: meu vocabuláro está ficando irremediavelmente enfluenciado por sites como MDM, Uarevaa, Jovem nerd...
Porra Renver, não sou eu quem está "E"nfluênciando o seu vocabulá"RO" não, hein... rs....
Hehehe, foi mal, eu não podia perder a piada.
Realmente "Criando monstros" é uma das estórias fodas da série. Eu acho que essa, lida hoje, perde um pouco de impacto porque já tivemos outras obras (como Cidade de Deus, por exemplo, e principalmente os próprios jornais onde vemos isso o tempo todo) que abordaram esse tema de crianças no crime. Mas mesmo com menos impacto, é uma ótima estória.
Outra coisa que eu achei legal é que ela ironiza os vilôes de hq, como eu disse no meu review, mas somente para depois o mesmo roteirista fazer um estória das que foram ironizadas, como que dizendo que apesar da crítica, essas histórias também tem seu espaço.
Já sobre "Luto Eterno" (ou perpétuo, Uarévaa), acho que essa é a estória mais emocionante da série, talvez apenas a "Boa Noite, Meia Noite" chegue perto nesse quesito. Botar "Luto Eterno" abrindo a série foi pra já conquistar o leitor de cara, na minha opinião. :)
Vlw pelo comentários, cara e desculpe a zoada, rs...
relaxa Freud...
boa noite pra vc
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