“Na terra além dos vivos, tudo é possível.”O Espectro
Apesar de ser um personagem criado dentro do gênero dos super-heróis, o Espectro, por sua origem e história ligadas ao macabro e ao sobrenatural, também encontra um vínculo com o gênero de terror. Criado na revista More Fun Comics em 1940 por Jerry Siegel (também criador do Superman) e Bernard Baily, o Espectro era originalmente Jim Corrigan, um policial que foi assassinado no melhor estilo “morto pela máfia” (levou uma saraivada de tiros, depois foi colocado num barril enchido com cimento e jogado no mar). Seu espírito, no entanto, recusou-se a atravessar o pós-vida, sendo então levado de volta par a Terra com a missão de eliminar o mal. Quem o enviou fora uma entidade que, na época, era conhecida apenas como “A voz”.
Neste meio tempo Espectro fez parte da primeira equipe de super-heróis do mundo, a Sociedade da Justiça da América. Mas conforme a popularidade dos quadrinhos de super-herói foi decaindo com o fim da Segunda Guerra, o Espectro passou a aparecer cada vez menos, tornando-se um mero coadjuvante em sua própria revista, até o eventual cancelamento.
O personagem foi retomado, assim como outros da DC, durante a Era de Prata pelo editor Julius Schwartz. Na nova versão do personagem, por Gardner Fox (que também havia feito a Liga da Justiça) e Murphy Anderson, o personagem voltou a ser o espírito vingativo de sua origem. Assim como o novo Flash (que agora podia até viajar no tempo) e Superman (que era muito mais poderoso que sua versão original), este Espectro possuía habilidades muito maiores que o personagem da Era de Ouro, muitas vezes beirando a onipotência.
Nos anos 70, o personagem encontrou um caminho mais sombrio na revista Adventure Comics, escrito por Michael Fleisher (que também escrevera as Hqs de Jonah Hex) e desenhado por Jim Aparo. Tendo como foco principalmente o destino final dos criminosos, as histórias desafiavam o recém instituído Comics Code, criando situações macabras a cada edição, o que gerou bastante controvérsia na época, e mesmo durando um bom tempo, acabou por eventualmente encerrar a série com diversos roteiros prontos, mas que não foram desenhados (e nem publicados).
Nos anos 80 a série foi retomada por Doug Moench e John Ostrander, desta vez buscando um viés mais complexo e aprofundando-se em discussões morais sobre a atuação do espectro na vida humana. Neste meio tempo, Espectro teve importante participação na megassaga Crise Nas infinitas Terras, tanto no papel de “representante de um outro nível de realidade” quando o de última esperança da Terra na luta contra a grande ameaça da história.
Nos anos 90, Hal Jordan se torna o vilão Parallax e eventualmente acaba se redimindo ao morrer para salvar o planeta. Com uma legião de fãs insistindo pela volta do personagem, mas tendo Kyle Rayner como novo Lanterna Verde fazendo sucesso entre os novos leitores, a DC toma uma decisão inusitada: Coloca Jim Corrigan para finalmente descansar em paz e dá ao o Espectro um novo hospedeiro: Hal Jordan. A maioria das histórias nesta fase se concentra em Hal Jordan querendo se redimir por seus erros.
Após Lanterna Verde: Renascimento, minissérie que trouxe de volta à vida Hal Jordan (e o colocou novamente como Lanterna Verde), o lugar de hospedeiro do Espectro ficou vaga, e isso o levou a ser influenciado por Eclipso, levando-o a querer destruir a magia do Universo DC durante a série Dia da Vingança, que se relacionava com a megassaga Crise Infinita. Após estes eventos, o Espectro encontrou no policial Crispus Allen um novo hospedeiro, e segue assim desde então.
Apesar de ter sido um personagem recorrente e importante no Universo DC durante as eras, Espectro nunca teve muita chance fora dos quadrinhos até recentemente, quando foi lançado, junto com o DVD da animação Crise nas Múltiplas Terras, um curta metragem animado do personagem, escrito por Steve Niles (30 dias de Noite):
Curiosidades:
- Bernard Baily, co-criador do Espectro, também é criador de outro personagem que atuou com o herói na Sociedade da Justiça: O Homem-Hora;
- Bernard Baily nem sempre é citado como co-criador do personagem, sendo às vezes relegado a mero desenhista do personagem na época;
- Em Kingdom Come, o Espectro aparece como um “Mensageiro Divino” que perdeu seu contato com a humanidade e precisa de uma alma humana para saber como julgar o mal que virá ao final da série. Uma abordagem de fato muito interessante e que faz jus à essência do personagem;
- Crispus Allen, o hospedeiro atual do Espectro, era um policial que foi morto ao ser traído por outro policial, de nome Jim Corrigan (mas que aparentemente não tem nada a ver com o Jim Corrigan que foi o hospedeiro original do Espectro).
Na próxima Madrugada:
Uma das fantasias mais interessantes e perturbadoras dos últimos anos. Na próxima semana, o Labirinto do Fauno.
4 comentários:
Ótima matéria! E é bom ver que o personagem mesmo aparecendo pouco consegue ser ainda relevante para o Universo da editora.
Para mim essa visão mais sombria do personagem, como tem nesse desenho recente, é muito melhor que a visão de quase Deus dos quadrinhos. Como a Sociedade parece que foi expurgada da Dc pos-reboot, e não lemos nada sobre o Espectro, imagino que o personagem não deva dar as caras muito cedo.
Ah! Devido à minha criação na beirada da sacristia, eu nunca fui muito fã do personagem. O que é um paradoxo, já que a minha versão favorita é do Reino do Amanhã. Mas é provavelmente porque o Waid contou uma boa história e nada mais.
Acho que é um daquelas personagens história recontada, acaba perdendo o que tinha de interessante.
Bá, quando eu vejo o nome "Rafael Rodrigues" já penso "Terror na veia véi".
\o
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