“Hoje em dia, o crime perfeito é ser pego e depois vender sua história para a TV”Revista MAD
A EC comics, em seus primeiros anos contou com uma leva de publicações de muito sucesso. Algumas delas já foram citadas no post sobre Contos da Cripta, como a HQ homônima, The Vault of Horror e The Haunt of Fear, mas ainda havia muitas outras. Quadrinhos de guerra como Frontline Combat e Two-Fisted Tales geralmente focavam-se em histórias nada heróicas que fugiam do americanismo tradicional, enquanto Shock SuspenStories lidavam com temas como racismo, sexo, drogas e o “American Way of Life”, com uma pegada que lembrava os filmes noir. Mas a editora publicamente se orgulhava de seus títulos voltadas para a ficção científica, como Weird Science e Weird Fantasy, que publicavam histórias inusitadas em relação às “space operas” publicadas em em título sci-fi de outras editoras.
Entre os temas mais comuns das revistas da EC, estavam situações comuns com uma reviravolta irônica ou sinistra, geralmente uma justiça poética pelos crimes do protagonista; Gêmeos Siameses (sim, este era um tema popular e bastante recorrente nos primeiros anos da EC); adaptações de histórias de ficção científica de Ray Bradbury e histórias com uma mensagem política, que se tornou comum nas histórias de ficção científica e suspense da EC (entre os tópicos dentro deste tema encontravam-se condenações sem julgamento, antissemitismo e corrupção política).
Mas com certeza o tema mais proeminente na EC Comics era, de longe a sátira que, ora era encontrada na crítica política, ora no humor negro das situações cotidianas que acabavam mal, mas que deram origem àquela que talvez seja a revista mais famosa da editora: MAD.
Criada em 1952, a MAD tinha como foco específico a sátira e a paródia. Começou como uma HQ e dois anos depois se tornou uma revista no formato magazine, mas sempre com o mesmo foco. A popularidade da MAD se deu porque ela foi publicada em um momento bastante propício, onde os americanos careciam de revistas com teor de sátira política uma vez que, em meio da paranóia da Guerra Fria, a censura aos meios de comunicação era uma realidade presente. Mas nem tudo foram flores para a MAD, que recebeu diversos processos por conta de seu humor ácido, crítico e muitas vezes ridicularizador. A revista MAD, como vocês devem saber, dura até hoje, mesmo após a desativação da EC Comics, o que mostra a força da publicação.
Infelizmente, mesmo com o sucesso e com temas populares, um monstro muito pior do que qualquer um que figuraria nas histórias da EC iria pôr um fim à editora.
Na próxima Madrugada:
Curiosidades:
- MAD foi, por muito tempo, a revista mais bem-sucedida do mercado americano a publicar totalmente sem a ajuda de publicidade. Isto era ótimo para os artistas, que poderia criticar sem dó a cultura de massa e do consumismo sem sofrer represálias nem ter que se conter;
- Alfred Newman, o rosto famoso que estampa as capas da MAD apareceu na revista pela primeira vez em 1954. O que pouca gente sabe é que este rosto não foi criado pela editora, ele já existia nas pictografias americanas há décadas, sendo de uso comum e autoria desconhecida até a EC veiculá-la na revista e passar a ter domínio sobre a imagem;
O fim da EC Comics nas mãos do pior mal que a arte pode conhecer: A censura. Na próxima semana, A História da EC Comics – Queda.
4 comentários:
Bateu saudade da época em que eu lia MAD direto...
Pois é... A capa mais safada que eu já vi foi uma que estava escrito em linhas garrafais: "ULTIMO NÚMERO" e pequenininho se li "Até o próximo número"
Eu adorava achar uma bosta essa bosta de revista! Acho que vou comprar uma para matar saudade...
Graças a MAD, eu vejo qualquer quadro de arte moderna e penso no que apareceria se dobrássemos ele...
Nunca fui muito fã de comprar a Mad...mas eu lia ela na banca e colocava de volta na prateleira (filhadaputisse eu sei) bons tempos o/
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