Imagem original aqui
Muita coisa tem se falado sobre os últimos acontecimentos do país. E agora que lutar por direitos virou “moda” (espero que essa moda dure ainda muito tempo), muita coisa ainda vai se falar. Não vou me estender muito para que este texto seja o mais objetivo possível.
O motivo deste texto é dar minha contribuição para esta onda de comoção que tem se seguido às manifestações. Se você ler até o fim, e achar que este texto não serve para muita coisa, tudo bem.
A coisa mais importante é saber que conseguimos a atenção de todo mundo. E, agora que eles tem a nossa atenção, é importante começar a pensar no que vem a seguir.
Embora seja realmente muito gratificante ver as pessoas irem as ruas para exigir melhorias no país, não podemos ser ingênuos. Exigir “mais educação”, “mais saúde” e lutar “contra a corrupção”, na prática, é o mesmo que nada. É como dizer que estamos “lutando contra o mal”. Que mal? Como é esse mal? Como resolvemos esse problema?
Então, acredito que falta agora sistematização. Usar a cabeça. Provamos que podemos fazer número. Agora temos que provar que podemos fazer reivindicações inteligíveis e realistas.
Mas o que vai ser reivindicado? Embora eu nem de longe tenha moral para definir o que se pode ou não reivindicar, partindo das próprias manifestações e do interesse comum da população, chego à algumas sugestões, não do que reinvindicar, mas de como chegar às reivindicações mais eficientes.
Dividirei elas em 2 etapas: A primeira, para uma mudança externa e coletiva; a segunda, para uma mudança interna e individual. Leve, é claro, este texto como uma sugestão, e não uma definição:
Mudança externa (reivindicações)
Saúde:
Não basta só pedir por mais investimentos em saúde. O que precisamos? Quais são os problemas mais graves? Quais as prioridades? Quais seriam as soluções a curto, médio e longo prazo?
Entre os manifestantes e apoiadores há médicos, enfermeiros, gestores de saúde e assistentes sociais que podem ajudar nesta questão.
Educação
Sim, este é o maior de todos os problemas, mas o que podemos fazer? Que tipo de mudanças podemos exigir, a curto, médio e longo prazo? Quais os problemas mais urgentes?
Professores, pedagogos, filósofos e educadores em geral que apoiam as manifestações podem ajudar neste ponto.
Corrupção
Certo, como vamos “acabar” com a corrupção? Mudando as leis? Exigindo renúncia de diversos políticos? Tais coisas sequer são possíveis? Quais são os caminhos que podemos seguir para garantir que as próximas eleições tenham políticos melhores? Advogados, filósofos e cientistas políticos podem ajudar neste ponto.
Representação
Por mais que esse seja uma manifestação coletiva, não é possível colocar 200 milhões de brasileiros numa sala com a presidente para cada um decidir o que acha melhor. Fatalmente, é necessário escolher representantes oficiais do movimento, rostos que possam ser aceitos por todos como representantes dignos.
Esta é a parte em que é importante, não só quem vai representar, mas como as opiniões de todo podem ser endereçadas. De admistradores a gestores de TI, passando por publicitários e celebridades ou formadores de opinião da imprensa, esta seria a parte mais problemática, e talvez mais importante, se quisermos realmente fazer a diferença.
Mudança interna (individual)
Mas nenhuma destas reivindicações vai fazer muita diferença se não estivermos dispostos a manter as mudanças. E, para manter as mudanças, precisamos mudar nossas atitudes no dia a dia.
Não adianta lutar por mais saúde, se você não cuida da sua. A prevenção é o melhor remédio para a boa parte dos problemas de saúde.
Não adianta lutar por mais educação se você não está disposto a recebê-la, se não está interessado em aprender, mesmo que isso signifique ter que deixar de lado muita coisa que você acreditava anteriormente.
Não adianta lutar pelo fim da corrupção se você fura fila, não devolve troco dado a mais e estaciona na vaga de deficiente.
E, mais importante, não adianta ir para a rua, ou mesmo apoiar as mudanças de casa, se você não estiver disposto a fazer isso sempre, ou seja, se você não estiver disposto a pensar o tempo inteiro no bem comum primeiro, para depois pensar em si mesmo.
Não sou ingênuo de pensar que este texto pode resolver quaisquer problemas de organização que essa série de eventos possa ter. Mas, nesta ocasião sem dúvida histórica na história do país, não poderia deixar de dar minha contribuição, ainda que tímida. Não sei se estas mobilizações farão alguma diferença ou não, mas de uma coisa eu tenho certeza: Enquanto não fizéssemos nada, nada iria acontecer mesmo.
No mais, espero que as manifestações não parem por aí, e que sejam realmente um motor que leve à mudança, ainda que a mudança não seja da noite para o dia.
Parabéns, Brasil.
P.S.: Para continuar no clima de mudança, ouçam os podcasts que fizemos sobre temas sociais e relevantes, que talvez ajudem um pouco na reflexão:
Nenhum comentário:
Postar um comentário