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sexta-feira, 22 de agosto de 2008

De fora da Panela

Agora que o hype passou, que muito ja foi dito sobre os erros e acertos sociais, que ja se desenvolveram e se apagaram os Cap. Nascimento facts, é hora de analizar esse fenômeno do cinema brasileiro mais uma vez. É hora de :

TROPA DE ELITE, DE CABEÇA FRIA
Por Luiz Modesti


Vendo o filme hoje, sem o bafafá que absolutamente todo mundo fez, desde o Jabor ao Bugman, a visão que se tem do filme pode ser totalmente outra. José Padilha não fez um filme p/ fazer heróis. Ele fez um filme com linguagem de documentário. Ele joga os fatos, quem julga é o público. A narração em off do cap. Nascimento pode até te levar em algum momento, mas o comportamento malandro do cap. Fábio te mostram o outro lado da questão. Por mais q ele seja corrupto, malandrão e tal, ele conquista a simpatia do público com uma atuação brilhante de Milhen Cordaz. O típico policial que todo mundo ja teve o desprazer de conhecer em blits de trânsito e por ai afora. Mesmo sendo uma personagem anti-ética, ele é o arquétipo do policial que conhecemos.

Aqui cabe um adendo. Não é só nesse filme q a policia é vista assim. Desde Jorge Amado, Dias Gomes entre outros grandes autores da nossa literatura ja viam a polícia dessa forma. A cada cena que introduz o cap. Fábio, junto temos um sambinha denotando o malandro típico, como o “loirinho” Hugo Carvana. Diferente do policial que “pra rir, tem de fazer rir”, que só causa desconforto por cobrar por um direito do soldado. Então temos o confronto das visões de polícias no nosso folclore. Temos o “Senta o dedo nessa porra” X “Marimbondo, voa aqui!

E ai entramos em Roberto Nascimento, (sem maldade). Ele é um profissional a beira de um colapso. Não respeita nada na instituição para a qual trabalha, a não ser que seja a sua corporação. A fidelidade entre os membros do BOPE é canina, coisa que vem desde o treinamento exaustivo e humilhante que separa os melhores. Essa polícia Darwiniana não representa apenas o que ha de melhor e mais treinado na polícia. É tb o mais violento. E o Cap. Nascimento é a sua melhor representação.Mas então, por que diabos ele virou herói nacional?
Não é a narração em off nem a posição de comando no BOPE quem fez ele virar ídolo. Nem a direção de José Padilha ou a atuação de Wagner Moura. Foi o público!!! Duvida? Veja a tradicional “jornada do herói”. Quem se encaixa ai? Neto e Matias. Principalmente o Matias. O Cap. Nascimento tá mais p/ Obiwan do que p/ Luke. Isso pelo roteiro. Mas pra quem vive com medo de ser vítima de assalto, que ve o tráfico tomar conta de cada vez mais territórios e se sente sob a mira de uma arma a cada passo que da na rua, a figura de um Jack Bauer que não ve limites p/ o cumprimento do dever e a defesa da população é um alento.

O fato do filme ter vazado p/ a internet e ser top hits nos camelôs ser uma estratégia de marketing ou não é irrelevante. Eu lembro de alguns amigos me falando, muito tempo antes do lançamento oficial do filme no cinema, de que tinham visto um filme “massa véio”. A primeira coisa que todos falaram era sempre: “Cara, é um filmão de ação. Sério, tipo Jack Bauer e Bruce Willis”. Não botei fé, mas todos os que assistiram concordam que Tropa de Elite foram uma gigantesca evolução no cinema nacional. Finalmente tínhamos um filme de ação brasileiro, que caiu no gosto do público. Gírias cariocas tomaram as ruas. O BOPE virou um grupo de super-heróis, e nem estávamos no Rio de Janeiro. Tínhamos um blockbuster tupiniquim!

Mas, diferente dos arrasa-quarteirões Yankies o nosso é um grandioso filme em todos os sentidos. Direção, fotografia e atuações brilhantes como a muito não se via. O fato do filme ser um quase documentário, quase não se decoravam roteiros. As atuações são expontâneas. Esse é o tipo de filme que vai ter o seu devido valor reconhecido com o tempo. Tropa de Elite é um filme que foi guinado para o sucesso pelo clamor popular. Muito mais do que as críticas positivas dos meios de comunicação, a opinião do boca-a-boca fez desse filme um marco. Um filme que quis atirar num alvo (uma suposta crítica a violência policial), e q acertou em outros milhares de alvos. Quis ser um filme de ação e se tornou um desabafo popular.

Senta o dedo nessa porra!!!!!!!!

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