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Até o herói mais poderoso do mundo tem uma fraqueza. Em mais uma aventura, Superman descobre que não é o único sobrevivente de Kripton, além de conhecer mais sobre suas origens! E, por fim, Superman, junto com todos os outros heróis é derrotado pelo maior vilão de todos! Foi o fim do nosso herói? Longe disso, Superman retorna triunfante para mais uma nova aventura!
“Enquanto isso, na banda desenhada...” é uma seção que traça um paralelo entre o universo real e o mundo dos quadrinhos, analisando como as duas realidades afetam uma à outra, trazendo informação e estimulando a reflexão acerca dessa 8ª arte.
Deve Haver um Superman? (Anos 70)
Nos anos 70, os quadrinhos estavam passando por uma mudança gradual, mas significativa no seu conteúdo narrativo. A Marvel vinha fazendo estrondoso sucesso com personagens mais “humanos” e estabelecendo novas regras sobre como escrever quadrinhos.
Encorajados pela reformulação que Dennis O’Neil impôs ao Batman (e que trouxe o personagens de volta às suas raízes sombrias), a DC incumbiu o próprio de reformular também o Homem de Aço, mas sem introduzir retcons (introdução de novos elementos no passado de um personagem), como havia acontecido nos anos 60 com a inclusão do Superboy no passado do personagem.
Para Julius Schwartz (editor na época), Superman era muito poderoso, quase um Deus, e isso impossibilitava histórias que abordassem temas sociais, e então ele acabava, ou enfrentando diversas variações de Kriptonita, ou vilões superpoderosos ridículos. Como O’Neil estava trabalhando naquele momento nos títulos Mulher-Maravilha, Liga da Justiça e Lanterna Verde/Arqueiro Verde (esse último obtendo grande sucesso de público e crítica ao incluir temas sociais como racismo, drogas, entre outros) tentando modernizar os personagens, nada mais natural que ele assumisse os títulos do Homem de Aço, que já era considerado “antiquado”.
Superman então deu um passo adiante em sua vida: Morgan Edge, dono da rede WGBS comprou o Planeta Diário e colocou Clark para apresentar um programa de TV. Além disso, um experimento nos laboratórios Star transforma toda a Kriptonita do mundo em ferro, eliminando o único elemento que era a fraqueza do Homem de Aço. No entanto, esse mesmo experimento acabou deixando o herói bem menos poderoso.
Essas mudanças até foram bem vindas, mas não obtiveram muito impacto. Aparentemente, Superman já havia dado tudo o que tinha que dar. Os editores da DC achavam que Superman era poderoso demais e ultrapassado para os padrões da época, frente ao advento da Marvel Comics. Não havia muito o que se pudesse fazer. Os anos 70 passariam batido para o personagem se não fosse por outro escritor: Elliot S. Maggin. Em 1972, Maggin escreveu a clássica história “Must There Be a Superman?” (“Deve haver um Superman?”, em tradução livre), que mudou a forma de ver o herói para sempre.
Nesta história, Superman salva a terra mais uma vez de uma ameaça espacial, e acaba indo parar inconsciente em OA (um dos planetas mais antigos do Universo). Lá, Os Guardiões do Universo mostram ao herói que seu envolvimento com planeta Terra está interferindo na própria evolução social daqueles que ele protegia. Ao voltar à Terra, Superman intervém num conflito em uma comunidade rural na Califórnia, e fica ciente de que realmente pode estar fazendo demais. O herói se encontra então num grande dilema: Até que ponto ele pode ajudar a humanidade sem estar interferindo no seu próprio desenvolvimento? Até que ponto ele estará ajudando a humanidade, ao invés de carregando-a nas costas?
A edição teve um impacto enorme e redefiniu o herói de tal forma que esta história passou a ser tomada como base para todas as posteriores. O personagem não fora mudado em sua essência, mas a visão dele, sim. Agora, Superman sabia que era uma força para guiar a humanidade e não impor sua vontade. As histórias deixariam de lado a ficção científica e fantasia exagerada e passariam a focar os sentimentos de otimismo e esperança que o herói inspirava. Até hoje essa história ecoa em obras como “Reino do amanhã” de Mark Waid e “All-Star Superman”, de Grant Morrison, entre outros.
Até o herói mais poderoso do mundo tem uma fraqueza. Em mais uma aventura, Superman descobre que não é o único sobrevivente de Kripton, além de conhecer mais sobre suas origens! E, por fim, Superman, junto com todos os outros heróis é derrotado pelo maior vilão de todos! Foi o fim do nosso herói? Longe disso, Superman retorna triunfante para mais uma nova aventura!
“Enquanto isso, na banda desenhada...” é uma seção que traça um paralelo entre o universo real e o mundo dos quadrinhos, analisando como as duas realidades afetam uma à outra, trazendo informação e estimulando a reflexão acerca dessa 8ª arte.
Deve Haver um Superman? (Anos 70)
Nos anos 70, os quadrinhos estavam passando por uma mudança gradual, mas significativa no seu conteúdo narrativo. A Marvel vinha fazendo estrondoso sucesso com personagens mais “humanos” e estabelecendo novas regras sobre como escrever quadrinhos.
Encorajados pela reformulação que Dennis O’Neil impôs ao Batman (e que trouxe o personagens de volta às suas raízes sombrias), a DC incumbiu o próprio de reformular também o Homem de Aço, mas sem introduzir retcons (introdução de novos elementos no passado de um personagem), como havia acontecido nos anos 60 com a inclusão do Superboy no passado do personagem.
Para Julius Schwartz (editor na época), Superman era muito poderoso, quase um Deus, e isso impossibilitava histórias que abordassem temas sociais, e então ele acabava, ou enfrentando diversas variações de Kriptonita, ou vilões superpoderosos ridículos. Como O’Neil estava trabalhando naquele momento nos títulos Mulher-Maravilha, Liga da Justiça e Lanterna Verde/Arqueiro Verde (esse último obtendo grande sucesso de público e crítica ao incluir temas sociais como racismo, drogas, entre outros) tentando modernizar os personagens, nada mais natural que ele assumisse os títulos do Homem de Aço, que já era considerado “antiquado”.
Superman então deu um passo adiante em sua vida: Morgan Edge, dono da rede WGBS comprou o Planeta Diário e colocou Clark para apresentar um programa de TV. Além disso, um experimento nos laboratórios Star transforma toda a Kriptonita do mundo em ferro, eliminando o único elemento que era a fraqueza do Homem de Aço. No entanto, esse mesmo experimento acabou deixando o herói bem menos poderoso.
Essas mudanças até foram bem vindas, mas não obtiveram muito impacto. Aparentemente, Superman já havia dado tudo o que tinha que dar. Os editores da DC achavam que Superman era poderoso demais e ultrapassado para os padrões da época, frente ao advento da Marvel Comics. Não havia muito o que se pudesse fazer. Os anos 70 passariam batido para o personagem se não fosse por outro escritor: Elliot S. Maggin. Em 1972, Maggin escreveu a clássica história “Must There Be a Superman?” (“Deve haver um Superman?”, em tradução livre), que mudou a forma de ver o herói para sempre.
Nesta história, Superman salva a terra mais uma vez de uma ameaça espacial, e acaba indo parar inconsciente em OA (um dos planetas mais antigos do Universo). Lá, Os Guardiões do Universo mostram ao herói que seu envolvimento com planeta Terra está interferindo na própria evolução social daqueles que ele protegia. Ao voltar à Terra, Superman intervém num conflito em uma comunidade rural na Califórnia, e fica ciente de que realmente pode estar fazendo demais. O herói se encontra então num grande dilema: Até que ponto ele pode ajudar a humanidade sem estar interferindo no seu próprio desenvolvimento? Até que ponto ele estará ajudando a humanidade, ao invés de carregando-a nas costas?
A edição teve um impacto enorme e redefiniu o herói de tal forma que esta história passou a ser tomada como base para todas as posteriores. O personagem não fora mudado em sua essência, mas a visão dele, sim. Agora, Superman sabia que era uma força para guiar a humanidade e não impor sua vontade. As histórias deixariam de lado a ficção científica e fantasia exagerada e passariam a focar os sentimentos de otimismo e esperança que o herói inspirava. Até hoje essa história ecoa em obras como “Reino do amanhã” de Mark Waid e “All-Star Superman”, de Grant Morrison, entre outros.
Epílogo: Curiosidades:A seguir: Mundos em colapso! Universos destruídos! O fim do Superman e de toda a sua mitologia! Esteja aqui na próxima semana para assistir de camarote ao FIM DE TUDO O QUE EXISTE, na espetacular conclusão de “Para o Alto e Avante”!
- A visão dada por Eliott S. Maggin para o personagem foi determinante para aquela que é considerada a maior adaptação do herói: Superman, o filme, de Richard Donner.
- Inclusive, apesar de não ter sido creditado, Maggin foi consultor do filme de Donner.
- A abordagem de Dennis O’Neil para o Homem de Aço tornou o personagem mais introspectivo e menos poderoso, antecipando a reformulação do personagem nas mãos de John Byrne nos anos 80 (pra quem achava que a fase do Byrne era original, perderam Byrnetes).
- Antes de toda a kriptonita do mundo ser transformada em ferro (ver matéria), existiam diversos tipos, cada um com uma cor e efeito: Além da verde, que removia os poderes do herói e podia até matá-lo, havia a kriptonita vermelha, que causava efeitos aleatórios (teve até uma ocasião em que a kriptonita o fez se transformar em Jerry Lewis!), a kriptonita branca, que afetava todas as plantas nas proximidades, a kriptonita dourada, que removia para sempre os poderes de um kriptoniano, a kriptonita azul, fatal apenas para bizarros, entre outras.
- Em “O Reino do Amanhã” (1996), Mark Waid leva o conceito estabelecido por Maggin às alturas, mostrando o impacto da desistência do Superman na humanidade. Por causa de sua “aposentadoria”, os maiores heróis da Terra debandaram (ou se esconderam), e o futuro deu lugar à uma nova estirpe de super-humanos que só estavam preocupados em lutar uns com os outros, sem se importar com a segurança das pessoas. Há uma cena nessa mini-série que me deixa realmente emocionado: em dado momento na mini, o herói que “tomou o lugar” do Super, Magog, lidera um grupo de heróis contra um vilão instável e isso causa a destruição do Kansas que leva a um colapso na economia americana e um milhão de mortos. Um bom tempo depois, Superman encontra Magog e o encara, Magog explica como ele se sentiu o máximo porque, anos atrás, ele havia sido “escolhido” pelo povo para “ficar no lugar” do Superman, porque ele era ultrapassado e principalmente porque não matava os vilões. Superman pergunta se, depois de tudo o que aconteceu, ele está orgulhoso. Magog quase entra em colapso e se entrega aos heróis numa fala que está entre as mais emocionantes que eu já li: “É sua culpa, Maldito! O mundo mudou... Mas você, não. Por isso eles me escolheram. Escolheram o que matava em vez do que não matava... E agora estão mortos. Um milhão. Me castigue. Me prenda. Me mate. Faça os fantasmas irem embora.”
- Ainda sobre O Reino do Amanhã, Mark Waid, o autor da mini-série, contou que a história é uma resposta aos sombrios anos 90, onde parecia que só os personagens “dark” faziam sucesso, e o heroísmo clássico estava obsoleto. Waid queria provar que, sim, os heróis clássicos e todo o seu heroísmo podiam render ótimas histórias, mesmo nos tempos atuais. Missão mais do que cumprida!
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