Fala molecada!
Tava pensando em começar a série de posts aqui no Tira de Letra por alguma coisa nacional e desconhecida (ou não muito desconhecida assim), até já tinha escolhido quem seria o representante, mas depois que fiquei sabendo que Bill Watterson estava fazendo aniversário neste mês, mais precisamente a dois dias atrás, tinha que fazer algo relacionado com o Calvin!
Parece que é chover no molhado falar desse persnagem tão importante pro mundo dos quadrinhos, mas não tem como deixar de ser. Curto muito as tiras do Calvin e acho que é uma das melhores, se não a maior, série de tiras de humor que existem até o momento!
E o motivo disso é muito simples.
Mas primeiro vamos aos fatos, pequeno padawan!
Calvin and Hobbes (ou Calvin e Haroldo aqui no Brasil) é uma série criada, escrita e ilustrada pelo autor norte-americano Bill Watterson e publicada em mais de 2000 jornais do mundo inteiro entre 1985 e o fatidigo dia 31 de dezembro de 1995, quando seu autor jogou a toalha, pra tristeza de muitos fãs!
Foram 10 anos de boas histórias e até hoje existem discussões sobre esse fato. Alguns acreditavam que era pura jogada de marketing, mas hoje sabemos que isso não é verdade.
Será que ele desistiu na melhor hora?
Pois toda obra é perfeita, não tendo nenhum ponto baixo. Talvez ele pensou que seria uma boa largar enquanto o time estava ganhando. Saiu sem nenhum arranhão na sua carreira. Depois, também não fez nada que chamasse a atenção. Apesar disso, suas tiras continuam a ser publicadas em vários jornais até hoje.
A série ganhou o Reuben Award (86 e 88), da Associação Nacional de Cartunistas dos EUA, na categoria "Excelência em Cartunismo do Ano" e um prêmio "Tiras de Humor" da mesma Assossiação em 88.
Calvin é um garoto de seis anos de idade cheio de personalidade e imaginação, que tem como companheiro o tigre Haroldo, um sábio e sarcástico amigo imaginário, que não passa de um bicho de pelúcia para os outros, mas para o pequeno garoto, ele está mais vivo do que todos!
De acordo com algumas visões, as fantasias mirabolantes de Calvin constituem frequentemente uma fuga à cruel realidade do mundo moderno para a personagem e uma oportunidade de explorar a natureza humana para Bill Watterson.
Inclusive, a inspiração dos nomes dos personagens é bem curiosa, pois temos dois pensadores aí, um era um religioso e outro filósofo.
O nome de Calvin foi inspirado no reformador religioso do século XVI, João Calvino, que discorreu, entre outros, acerca da depravação total do homem, ou seja, que o homem está naturalmente inclinado para promover o mal a seu próximo.
Hobbes, por sua vez, recebeu o nome de Thomas Hobbes, o filósofo inglês do século XVII que tinha aquilo que Watterson chamou de "uma visão obscura da natureza humana", sendo o autor da famosa máxima "O homem é o lobo do homem" — ou seja, cada homem é o predador de seu próximo.
De acordo com Watterson, a fonte dos dois nomes é entendida como uma piada para as pessoas que estudam ciência política e filosofia, e que poucas outras pessoas a iriam perceber.
Para alguns fãs, a tradução de Hobbes para Haroldo no Brasil, desagradou um pouco já que perdeu um pouco desse significado todo pomposo, mas nada disso compromete a essência do personagem a meu ver, já que apenas seu nome foi baseado no filósofo. Toda a filosofia e psicologia inserida nas tiras é coisa da cabeça do próprio Watterson mesmo.
Até hoje os fãs consideram Calvin como uma obra prima! Pela visão única do mundo que o protagonista tem, além de sua imaginação fértil e pelas situações insólitas que se estabelecem.
O legal é que ele agrada tanto ao público masculino como ao feminino, crianças e adultos! Enfim, todo mundo!
Calvin e Hobbes foram inicialmente concebidos quando Watterson trabalhava com publicidade, coisa que ele detestava. Era um escape nas horas vagas e acabou virando seu grande amor.
Antes de chegar nesse conceito, Watterson explorou várias idéias de tiras, mas todas foram rejeitados pelos sindicatos aos quais ele havia enviado. Só houve uma resposta positiva quando o United Features Syndicate o orientou sobre uma das tiras que ele havia mandado, nela o pequeno Calvin ainda era retratado como sendo o irmão mais novo do personagem principal. Calvin e seu tigre de pelúcia eram os mais promissores e Watterson deveria centrar suas tiras neles. Mesmo assim, ele sofreu mais algumas rejeições antes desse sindicato aceitar suas tiras.
A primeira tira foi publicada em 18 de novembro de 1985, e a série transformou-se rapidamente um fenômeno editorial.
As tirinhas de Calvin & Haroldo já figuraram em mais de 2400 jornais em todo mundo e foram impressos mais de 23 milhões de livros e, cada um dos 14 livros da coleção vendeu mais de 1 milhão de cópias no seu primeiro ano de publicação. A coletânea mais recente lançada no Brasil, "Deu "Tilt" no Progresso Científico" da Conrad Editora, dá continuidade à publicação completa por aqui de suas histórias com o sétimo título da série.
Os principais personagens da série são:
- Calvin: um menino de seis anos que vive diversas aventuras e não perde uma chance de se aventurar com sua própria imaginação.
- Haroldo: o tigre de pelúcia e maior parceiro de Calvin.
- Mãe e Pai de Calvin (nunca recebem um nome na série) responsáveis por cuidar dessa "criaturinha".
- Susie Derkins: vizinha e colega da escola de Calvin, aparentemente destinada a ter uma eterna relação de amor/ódio com ele.
- Miss Wormwood: a professora de Calvin.
- Rosalyn: a "terrível" babá de Calvin. A única na cidade disposta a fazer esse serviço!
- O valentão Moe: O moleque que vive perturbando Calvin na escola.
Ainda que obtenha recursos monetários de seus desenhos, Bill Watterson não permitiu o lançamento de qualquer merchandising, exceto alguns artigos únicos de edição limitada, como postais e pôsteres originais (que se tornaram item de colecionador), e professou seu sentimento anticapitalista quando proibiu expressamente sua editora de vender os direitos para lançar no mercado qualquer artigo baseado em seus personagens. Isso foi motivo de guerra aberta contra a Universal Press durante vários anos. Essa proibição imposta por Bill Watterson ao merchandising da série significa também que nunca será criada uma série de desenhos animados, como aconteceu com Garfield e Snoopy, por exemplo.
Apesar disso, não é nada difícil encontrar camisas estampadas, adesivos ou qualquer coisa com imagens do Calvin.
No começo, Bill não era contra o merchandising, mas tal postura foi tomada porque o autor achava que esses produtos parecia violar o espírito da tirinha, contradizendo a sua mensagem, e o afastando do trabalho que tanto amava.
Sua última tira de número 3.160, foi impressa num Domingo, dia 31 de dezembro de 1995, e não mostra nada parecido com uma despedida, como era de se esperar, apenas uma mensagem de "Vamos explorar" dita por Calvin no último quadro, talvez fazendo alusão ao sentimento de Bill Watterson em trabalhar com outras coisas, em um ritmo mais calmo e com menos compromissos artísticos.
Talvez, a lição final que Bill Watterson nos deixou é: Joguem muito Calvinbol na vida! Ou seja, tente e faça algo diferente sempre, pois segundo a única regra do jogo é que você nunca deve repetir a mesma regra duas vezes!
A vida é assim como no jogo inventado por Calvin: "Nenhum jogo de Calvinbol pode ser igual a outro"!
Mais tirinhas no incrível, Depósito do Calvin.
3 comentários:
Ao lado de Peanuts, são minhas tirinhas favoritas de todos os tempos! O cara podia deixar de ser xarope e deixar licenciar pelo menos um desenho animado adaptado direto das tirinhas, se bem feito ficaria do nível de Peanuts! Mas respeito o direito do cara....
Sei que vai parecer estranho, mas não me importo: Mó fofo essa última imagem, hein?
Cara, animal esse post. Ta certo que essa minha análise foi meio tendenciosa porque, mesmo correndo o risco de parecer 'efeminado', tenho que dizer que A-D-O-R-O Calvin e Hobbes!
São tirinhas geniais, que sempre me deixam pensando no quanto esse cara é capaz de expressar idéias tão complexas com um singeleza impar, sem contar as piadas refinadas.
Ainda não tenho todos os livros lançados no Brasil, mas isso é só questão de tempo...
agora, com licença, mas alguém está mexendo no meu transmogrificador!
Calvin é fantástico.
Acho mesmo que o waterson acertou em parar por cima e não liberar o licenciamento dos personagens pois, querendo ou não, isso sempre dilui a força da obra original.
Além disso, sempre há muito o que reexplorar no mundo mágico do Calvin, é uma série que merece sempre ser relida pois, comforme nós mesmo amadurecemos e passamos por outras experiências (como eu que há alguns anos sou pai), novos significados e questões aparecem relendo Calvin (é vero, experimente vc tb).
A última tira é muito bonita, uma forma de terminar a série com uma mensagem otimista, Calvin ainda está por ai, explorando... sempre...
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