Social Icons

Pages

quarta-feira, 7 de julho de 2010

United States of Tara

Salve, salve rapaziada. O bom filho a casa torna e quem é vivo sempre aparece, não é mesmo?

Mas vamos pular os ditos populares e ir direto ao ponto.


Nesse grande intervalo que fiz aqui no Uarévaa, tive tempo de assistir uma pancada de séries, algumas que eu estava em dívida para conhecer.

Entre ela, começo com meu novo xodó.

Imagine conviver com alguém com um problema psiquiátrico grave, absurdamente insólito e ao mesmo tempo, uma pessoa adoravelmente apaixonante.

Alias uma pessoa não. Quatro. No mínimo.

Isso é “United States of Tara”.


A série fala sobre Tara. E T. E Buck. E Alice. Mostra as diferenças e mazelas entre esses quatro personagens. E a dificuldade que eles têm em conviverem visto que eles são... A mesma pessoa.

Tara Gregson tem uma doença: Transtorno Dissociativo de Personalidade, ou simplesmente, múltiplas personalidades. Ela se divide em outras três personalidades, alem de sua própria, a mãe de 35 anos, esposa compreensiva e descolada. A tresloucada, ninfomaníaca e rebelde adolescente T; o grosseiro e rude, porem de bom coração, Buck; e a dona de casa perfeitinha, estilo anos 50, controladora e pudica Alice.

O conceito, que a principio mostra uma gostosa comédia, também acaba se revelando um drama sutil e emotivo. Quando apenas vemos as transformações de Tara, elas nos arrancam algumas boas risadas. Mas, assim como na vida, tudo tem seu lado triste. A doença de Tara afeta diretamente sua família, e causa muito sofrimento a ela.


Ao seu lado, enfrentando as mazelas do distúrbio de Tara está sua família. Max, seu marido, é o ser mais compreensivo do mundo. Sempre apoiando a esposa, ele cuida da mulher com afinco, alem de lidar perfeitamente bem com suas outras personalidades. Max é o pai e marido perfeito, apoiando incondicionalmente esposa, filhos e amigos em todos os momentos. Sua filha mais velha, Kate, é a típica rebelde de 15 anos. Algumas vezes inconsequente, algumas mais madura que seus próprios pais, Kate está em busca de um rumo na vida, com qualquer adolescente. Ela tem um senso de humor ácido e hilário, sempre com tiradas geniais e absolutamente cruéis. O filho caçula, Marshal, é outro show a parte. Um garoto educado, inteligente, extremamente formal e recatado, está à procura de descobrir sua própria identidade. Interessante como ele é um dos poucos personagens abordando um tema que já está ficando batido em seriados e novelas, mas de uma forma inédita e nada estereotipada, sem julgamentos de valores ou hipocrisias. Por fim, a Irmã de Tara, e minha personagem favorita, Charmaine. Todo mundo já teve uma tia como Charmaine. Meio irresponsável, solteira, que sonha com um marido perfeito, cheia de paranóias e vive entre tapas e beijos com a Irmã.

A série aposta num humor sutil, então não espere tiradas a La Friends ou Two and a Half Men. É uma dramédia muito acima do comum nesse gênero, comparando, por exemplo, a Desperate Housewives.

Alias, eu tenho a impressão que as dramédias estão recorrendo a um subterfúgio que se tornou clichê – e vazio. Utilizar de humor negro excessivo para chocar e / ou fazer rir.


United States não cai nessa armadilha. Por mais problemas, por exemplo, que os “alters” de Tara tragam, em momento algum eles tentam nos fazer sentir enojados ou chocados com o que vemos. Tudo é levado de uma forma sensível e fala mais sobre compreensão àquilo que lhe é diferente do que qualquer outra coisa. Todos os absurdos que vemos ao longo dos episódios vão sendo assimilados naturalmente pelo elenco, e dessa forma, por osmose, por nós mesmos.

O grande trunfo é Toni Collette, que interpreta Tara. Atriz sensacional que você deve lembrar como mãe da Pequena Miss Sunshine (né, Change?) ou do menino do Sexto Sentido.

Tony, como Tara, mostra todo o vigor de quem quer se curar, assim como em determinado momento, a exaustão e o desespero que a sua condição lhe implica.


E se ela consegue fazer Tara uma mulher real, pela qual torcemos e sofremos junto, seus alters não deixam por menos. Toni dá a cada um deles uma atitude completamente diferente – e assustadoramente reconhecível. Quando ela se “transforma”, basta o abrir de olhos de Tara para, com apenas um olhar, ficar evidente qual alter está no comando.

Sobre os alters, que são a grande linha mestra do enredo, há muito que se falar. Primeiramente, é genial como os “gatilhos” para as transições acontecem. Depois de poucos episódios, você já consegue antever quem tomará conta do corpo conforma a situação que vemos acontecer, de tão condizente que a coisa é.

Sempre que Tara se vê indignada e precisando se defender, ou a sua família, o bronco Buck aparece. Buck se diz um veterano do Vietnã. Brigão e mulherengo, e muito machista, ele é o único alter masculino. Bebe e fuma como um condenado e não perde a chance de cantar uma garota bonita.

Quando Tara se sente fora do controle da situação, e não sabe como retomá-lo, Alice é quem dá as caras. Alice é ponderada, consegue manter sua postura elegante em qualquer situação e jamais perde o rebolado. O autocontrole dela é assombroso, assim como sua capacidade de manipular qualquer situação a seu favor, apenas com palavras.

E quando Tara chega ao limite da sanidade, normalmente sendo desafiada por algo que ela não tem coragem de encarar, a enlouquecida T surge. T é o lado rebelde e inconseqüente de Tara, potencializado ao máximo. T é insana, tarada, e quase incontrolável. Algumas vezes nem mesmo Max consegue frear sua fúria juvenil.


Mas na realidade percebemos que as personalidades de Tara, todas tratadas por ela e por sua família como indivíduos independentes dela mesma, como pessoas diferentes realmente, fazem o que Tara não pode – ou não tem coragem – de fazer.
E com o tempo, novas personalidades começam a se manifestar, cada uma exibindo uma faceta da personalidade de Tara. Não vou comentar mais porque a diversão está em ir conhecendo esses alters.

US of Tara tem um texto muito bem escrito, com diálogos inteligentíssimos, das mãos de Diablo Cody – a mente por trás de Juno – e é tão inteligente quanto comovente e divertida. E o produtor executivo é ninguém menos que o pai do E.T. – Mr. Spielberg.
Vale cada minuto assistido – e reassistido. Afinal, a cena final da temporada 1 – em que todos os alters surgem quase ao mesmo tempo – é épica, e uma das mais impressionante atuações que já tive o prazer de ver na vida.


Galera, Moura recomenda muito United States of Tara! Apreciem, porque é uma trama para ser apreciada, e não apenas assistida.

Fiquem com a abertura, uma animação que diz tudo sobre a série, assim como a letra da musica tema. Fala muito sobre a serie, fala muito sobre a vida.



Até o próximo episódio.

8 comentários:

Camila Téo disse...

Ola amigos e em especial OLÁ MOURA...
Quanto tempo sem aparecer hein?

Pelo que escreveu ja consigo fazer uma leitura bacana da série, mas prefiro assistir primeiro para que assim não tenha feito nenhum julgamento incorreto diante de uma obra que aparentemente vai me fazer muito bem ...

Só me resta dizer, OBRIGADA pela indicação, vou assistir com certeza.

Um abraço!

Rafael Rodrigues disse...

Apesar de que eu provavelmente não vou asssitir (ando me desapegando de séries), eu gosto de ver que a TV atualmente anda muito mais criativa que o cinema. Tirando formulazinhas óbvias (como Smallville e a modinha das séries policiais), é nteressante ver como nos últimos anos a TV trouxe muita história criativa e original, dando um banho nas produções literárias, cinematográficas e de quadrinhos.

United States of Tara é um exemplo, pois, apesar de não ter visto a série, vi algumas propagandas e é interessante notar essa dobradinha comédia+drama que sempre é um ingrediente de boas séries, como Dead Like Me, Malcolm, Six Feet Under, Pushing Daisies ente muitas outras.

Alex Matos disse...

Já assisti aos dois primeiros episódios da série na época do lançamento, no contexto da época, não gostei muito. Quem sabe agora, com a mudança de perspectiva a série venha a se tornar tão boa para mim quanto é para você senhor Moura.

Novamente devo elogiar sua escrita apaixonada ao "resenhar" tão bem seriados diversos. Só espero que seus afazeres solapem um tempo para que possa escrever mais, tua eloqüência é deveras necessária para este blog.

Alex Matos disse...

Eu discordo inexoravelmente!

ERA assim. Foi a época em que as séries viviam sua época de ouro criativa. Com o advento dos "baixamentos" de séries pela internet (principalmente das mais criativas), as grandes redes começaram desde o ano a cancelar grandes séries que apesar de bastante baixadas e extremamente bem comentadas não dava audiência na tv comum, logo, nada de grana nos cofres! Como esses caras são meio tampax, resolveram por voltar à fórmula batida das séries atuais que ainda dão audiência, as chamadas feijão com arroz em detrimento de coisas mais criativas. Assim na cabeça deles, o público que baixa séries para porque não tem séries interessantes para eles... pra mim é o famoso torniquete no pescoço porque a testa tá sangrando!

No mais, só como exemplo, TODAS as séries que o senhor citou foram canceladas. TODAS! TODAS! TODAS!

Rafael Rodrigues disse...

Mas Alex, o que eu quis dizer, inexoravelmente, não é que as séries duram, e sim que as produtoras investem em histórias diferenciadas. No cinema e nos quadrinhos os produtores/editores nem investem em histórias diferentes, só nas mesmas formulas.

Claro que eu me refiro ao mainstream mesmo...

Alex Matos disse...

Eu te perdôo inexoravelmente. Quanto aos filmes e quadrinhos, a necessidade força a adaptação. Como hoje em dia, chupinhar e reaproveitar idéias, adaptar heróis de quadrinhos, refilmar e o carvalho a quatro está rendendo grana pá cacimba, logo, enquanto esse filão estiver rendendo, nada no mundo vai mudar a mentalidade dos produtores. Olha o 3D do cameron, uma revolução, e como tal será explorada à exaustão até não ser mais rentável.

Nos seriados, a necessidade de inovar é maior, devido ao crescente público cada vez mais enjoado (eu não disse exigente e nem inteligente, presta atenção!) e também a exorbitante concorrência.

Já os quadrinhos, tu já Leu "Supremo" do Alan Moore? Ali o velho caduco mostra como funciona a indústria dos quadrinhos e o porque da criatividade ser tão mixuruca! Quem sabe um dia eu não faça uma resenha...

No mais, money make money.

GutoVissoci disse...

Olha, moura, até o presente momento não tinha tido vontade de conferir essa séries não... Não me chamava a atenção assistir algo sobre pessoas malucas...
Mas vc me copnvenceu a dar uma chance. Vou aproveitar que, nessa época de entresafra, após o fim de uma temporada e o começo da outra, estou sem ter o que assitir e dar uma olhada nessa aí!

Camila Téo disse...

Devo concordar com o ultimo paragrafo mocinho.
Ainda mais depois de ter visto 3 episódios durante o almoço.
Gostei muito

E... Moura, volte mais vezes...rs (folgada)