A escola constitui-se em um ambiente importante no processo de formação do jovem, não só no aspecto pedagógico, mas também do ponto de vista das relações sociais, políticas e culturais. É nela onde estabelecemos nossos primeiros contatos com teorias que dão sentido lógico a nossa condição socioeconômica e nossas formas de expressões culturais tão familiares e ao mesmo tempo pouco conhecidas.
Num país onde a educação permanece como uma das áreas mais fragilizadas, com investimentos insuficientes, inserida em um mercado capitalista preocupado com a geração de lucro, em que escolas têm estruturas precárias, com poucos recursos, falta de materiais de expediente e um corpo de agentes com uma qualificação minimamente adequada e atualizada, é necessário buscar alternativas para despertar o interesse dos alunos pela leitura. Entre outras providências didáticas, oferecer um texto atrativo (com temáticas interessantes e que sejam visualmente atraentes) contribui para que a criança ou o adolescente aprenda a transformar a leitura num hábito que vá além das obrigações escolares.
Num país onde a educação permanece como uma das áreas mais fragilizadas, com investimentos insuficientes, inserida em um mercado capitalista preocupado com a geração de lucro, em que escolas têm estruturas precárias, com poucos recursos, falta de materiais de expediente e um corpo de agentes com uma qualificação minimamente adequada e atualizada, é necessário buscar alternativas para despertar o interesse dos alunos pela leitura. Entre outras providências didáticas, oferecer um texto atrativo (com temáticas interessantes e que sejam visualmente atraentes) contribui para que a criança ou o adolescente aprenda a transformar a leitura num hábito que vá além das obrigações escolares.
As Histórias em Quadrinhos podem ser uma opção eficiente e de baixo custo para tal alternativa. A primeira vista, dizer que os quadrinhos funcionam na sala de aula pode parecer duvidoso, mas conhecer experiências que alguns professores têm obtido a partir dessa atividade pode fazer os céticos mudarem de idéia. Inclusive porque o aproveitamento didático-pedagógico das HQ’s em sala de aula é uma recomendação fixada pela LDB – Lei de Diretrizes e Bases da Educação -, contemplada também nos PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais, que colocam que “devido a associarem imagem com texto, as HQs auxiliariam a aprendizagem ajudando a motivar a leitura e criatividade do aluno, além de servirem como recurso visual de apoio ao ensino de virtualmente qualquer disciplina”.
Sabemos que até décadas passadas as HQ´s eram vistas pelos educadores como uma subliteratura, sem muito caráter instrutivo, ou seja, só era considerada unicamente como uma forma de passatempo. Segundo a estudiosa Ângela Rama em seu livro Como usar as Histórias em Quadrinhos em sala de aula, o processo de introdução das HQ´s na aula demandou tempo e em muito resultou do próprio debate entre educadores sobre a introdução de novos elementos para a dinamização do ensino.
Espera-se que a escola ofereça bons modelos de leitura para o aluno, que permitam a melhoria do bom desempenho de seu papel social como educando e, ao mesmo tempo, ampliem as possibilidades de melhoria de sua inserção num mundo globalizado. É ela quem faz intervenções constantes em relação ao tipo, ritmo e intensidade de leitura dos alunos, chamando-os a assimilação de novos conteúdos didáticos ou, simplesmente, ao prazer que podem despertar.
As HQ´s se num modelo atrativo de leitura pela sua particularidade de unir duas riquíssimas formas de expressão cultural: a literatura e as artes plásticas, se torna uma fonte importante de inspiração para as iniciativas didáticas. Há histórias em quadrinhos que pelo enredo, pela linguagem e pela qualidade das ilustrações, podem dar contribuições valiosas a uma leitura. É sabido que a produção de revistas em quadrinhos com conteúdos que abordam diretamente temas do currículo escolar ainda é muito limitada. Ou seja, apesar de ser consensual entre educadores a idéia das potencialidades das HQ’s, o mercado editorial não tem lançado um número significativo e diversificado desse tipo de revista – com perfil claramente pedagógico.
Isso talvez explique porque as HQ´s são utilizadas de modo muito esporádico e restrito pelos professores. Além das temáticas livres escolhidas segundo o critério de vendas, há necessidade de publicações tratando de fundamentos das ciências (física, biologia, geografia, etc.) de história, e que tenham a mesma qualidade gráfica das HQ´s comerciais, a não segurança de retorno do capital investido na publicação desse último tipo possa explicar o porque da não existência de HQ´s puramente didáticas.
Exemplos de revistas que poderiam ser utilizadas didaticamente são: na área de ciências podemos destacar a coleção História do Universo em Quadrinhos (Editora Xenon), de Larry Gonick, além da Editora Harbra que já lançou quatro volumes com o título geral Introdução Ilustrada à... sobre os temas Física e Genética. Deve-se aproveitar o pouco que se tem desse modelo de histórias e usá-los sabiamente dentro da sala de aula.
No livro História em Quadrinhos na Escola, Flávio Calazans analisa a riqueza informacional das HQ´s como uma das variantes da mídia, apresentando alguns exemplos de como elas podem ser utilizadas de forma didática em matérias da grade curricular. Ele aponta como exemplo seu uso no trabalho didático infantil, onde se pode utilizar de uma forma criativa, facilitando o aprendizado por parte da criança, fazendo uma ponte entre a obra apresentada e a disciplina a ser ensinada.
Em História, por exemplo, Calazans mostra que se pode usar obras que retratem momentos históricos importantes tornando a aprendizagem, e o próprio conteúdo, algo mais atrativo. Além disso, o professor pode trazer personagens paralelos a fatos históricos, modos de vida ou pontos de vista diferentes diante do mesmo fato. Assim, há a possibilidade de despertar e aguçar na criança sua capacidade de raciocinar criticamente a partir de temas que abordem questões sociais. Na literatura, o uso como forma de discussão do caráter literário de uma HQ, além de adaptações de obras literárias fazendo-se uma comparação com a original (livro). Em relação à ortografia, uma forma é mostrar como ensinar regras práticas da língua portuguesa, coesão de texto, interpretação, variações lingüísticas, linguagem oral e escrita.
Na área da geografia, noções de cartografia, análise de paisagem e espaço geográfico, características e valores de outros países, a vida rural e urbana podem ser alguns dos usos da HQ. No mundo das artes, o aluno pode aprender e ser estimulado por uma variedade de autores e traços e conhecer a amplitude do uso dos quadrinhos desde os tempos antigos. Já os super-heróis, permitem abordagens de teorias científicas, como por exemplo, radioatividade criando mutações genéticas (X-Men, Hulk, Homem-Aranha), poderes pseudocientíficos como do Superman, emprego de tecnologias como no Homem de Ferro e Batman, estrutura atômica, química e anatomia com o Elektron e etc.
Tantos exemplos mostram a variedade de uso possíveis das HQ´s como aporte educacional. Porém, uma coisa se torna necessária para que tal adendo ao ensino seja feito: o professor deve estar por dentro das possibilidades que as HQ’s trazem. Uma forma de suprir esse problema talvez seja um acompanhamento em relação aos professores, com uma capacitação maior de informação para integrá-lo com as HQ´s, podendo-se fazer cursos ou intervenções. Porém, para isso, seria importante um incentivo da escola, de grupos de alunos ou profissionais que tratem com os quadrinhos. Outro fator importante nessa equação é o papel da família no hábito de leitura do jovem, pois se estimulado em casa ele poderia levar para sua escola esse hábito e trazer a tona tal discussão.
Enfim, as histórias em quadrinhos têm muito que contribuir para o crescimento educacional de um jovem, ou mesmo adulto, sendo necessário por parte das escolas, professores, pais e governos, um olhar mais sensível para esse meio de comunicação, longe de preconceitos arcaicos e infantilizações,
Marcelo Soares é jornalista, estudioso dos quadrinhos e cinema, dirigiu e roteirizou o vídeo A Casa do Natal, roteirizou a história em quadrinhos A vida continua e tenta manter atualizados seus dois blogs: Caozcalmo e Dizforme.
Marcelo Soares é jornalista, estudioso dos quadrinhos e cinema, dirigiu e roteirizou o vídeo A Casa do Natal, roteirizou a história em quadrinhos A vida continua e tenta manter atualizados seus dois blogs: Caozcalmo e Dizforme.
4 comentários:
Excelente texto, Marcelo. Também acho que os professores aproveitariam muito mais as aulas usando quadrinhos. No podcast, também comentei que RPG podia ser uma forma de fazer o aluno assimilar o conteúdo de forma muito mais simples e sem forçar o conhecimento ao aluno goela abaixo.
Mas, infelizmente qualquer iniciativa que vise incrementar o ensino não vai funcionar, por ora. O Sistema de ensino ocidental (não só brasileiro) é o único aspecto da nossa sociedade que mantém o MESMO modelo desde o século XIX sem ter evoluído em nada nos métodos. Ou seja, enquanto todo o sistema de ensino não for reavalizado, não haverá muita coisa que se possa fazer.
Poxa, só um comentário! (sim Freud, sou chorão.. rsrs)
Se serve de consolo, minhas colunas também não vão muito longe nos comentários na maioria das vezes, hehehehe
Mas o assunto abordado é ótimo, não desanime pela falta d eocmentários, muita gente leu, isso tneho certeza...
Ola Marcelo e pessoal do Uarévaa
Perdão pela ausência mas estou surtando e... Bom isso não vem ao caso.
O importante é que estes livros ja foram para a minha lista de compras e de fato o seu post será muito util para mim, bem como para outros professores que procuram manter um certo nível de ensino, ou ao menos se importam em ministrar uma aula de qualidade.
Parabéns pelo excelente trabalho.
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