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segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Cesta Básica de Quadrinhos #6


O CBQ deu uma pequena atrasada, mas por motivos justos, que foi o post do resultado da promoção Uarévaa da Liga, mas hoje, Vini vai indicar algumas HQs que você só encontra nas melhores livrarias do ramo... Diomedes (A Trilogia do Acidente), Necronauta #1 e 2 e Usagi Yojimbo (O Limiar da Vida e da Morte).



Diomedes (A Trilogia do Acidente)

A começar pela capa, a HQ do detetive bonachão e escroto de Lourenço Mutarelli, é um show de design, paginação e formatação impecáveis! O cuidado que a Quadrinhos na Cia. tem com seus produtos é realmente algo digno de nota e elogios. A HQ Diomedes - A Trilogia do Acidente (formato 18,70 x 27,50 cm, 432 páginas, R$ 59,00) não é bem um lançamento, estando mais próximo do título de "relançamento especial", já que dela faz parte a HQ: O Dobro de Cinco, lançada originalmente em 1999, como o primeiro álbum da série, que mais tarde ganharia a continuação através dos livros "O Rei do Ponto" e "A Soma de Tudo".
Lourenço Mutarelli já é um quadrinista de renome, tendo duas fantásticas obras literárias transportadas para o cinema e, apesar de ter uma mente hiper-criativa e caótica em questão de roteiros, seus desenhos deixam um pouco a desejar... mas nada que atrapalhe o bom andamento da história. É engraçado, mas é justamente seu traço sujo e tosco que dá o contraste brilhante para essa obra.
Você pode até se incomodar um pouco, já no primeiro capítulo, com esse traço, mas a medida que Mutarelli vai evoluindo em sua história, incrivelmente seus desenhos vão se tornando cada vez melhores, chegando a uma diferença gritante no final do livro.
Continuando com sua maneira peculiar de fazer histórias, com um caráter bem pessoal e intimista e personagens atormentados, o autor dessa vez traz um ex-policial gordo, sedentário, duro de grana e que passa a maioria do tempo bebendo e fumando, metido à detetive (intercontinental e que nunca conseguiu resolver nenhum caso), a voltas com um mistério sobre um mágico que se ramifica em outros (tão incríveis quanto) e que são, fantasticamente bem definidos no roteiro, sem pontas soltas, fechando muito bem toda a trama.
Outro ponto positivo do álbum são as ambientações, facilmente reconhecíveis para quem mora em São Paulo ou já esteve em Lisboa!
Eu ainda penso em fazer uma resenha mais completa desse álbum, pois muita coisa interessante rolou enquanto lia ele.

A nova edição reúne, então, num único volume, os quatro álbuns anteriormente publicados pela Devir Livraria, com a diferença que, os desenhos originais foram reescaneados e o balonamento totalmente redesenhado, além de conter esboços inéditos e tiras que não constavam na publicação original.

Nota: 9



Necronauta # 1 e 2

Danilo Beyruth estreou no mundo dos quadrinhos em 2009, depois que a Editora HQM resolveu apostar na HQ do "super-herói" Necronauta em O Soldado Assombrado e outras Histórias (88 pgs., R$29,90). A bem da verdade, essas histórias se tornaram conhecidas para uma parcela maior de leitores de quadrinhos, mas existia um grupo de pessoas que já conheciam o trabalho de Beyruth através dos fanzines dos quais o Necronauta era publicado anteriormente. Essa edição contém os 5 primeiros números das histórias publicadas de maneira independente, todas em p&b, sendo que a última (#6) é totalmente colorida e também foi publicada pela Image Comics, na antologia Popgun #3!
Como alguns de vocês, que acompanham o blog a mais tempo, já sabem, o Danilo já chegou a gravar um podcast com a gente e já deixamos bem claro que é opinião da grande maioria de editores do Uarévaa, que Necronauta é um dos quadrinhos de heróis que mais deram certo na história editorial desse país.
Não que tenha vendido horrores, a ponto de ser comparado com algo da DC ou da Marvel, mas é sem dúvida, uma das leituras mais recompensadoras dos quadrinhos nacionais.
Isso porque, além do talento indiscutível do autor nos desenhos e na narrativa visual, as histórias em si, os roteiros que foram feitos tanto por ele, como por alguns convidados (Stephen Lindsay, da série Jesus Hates Zombies, Marcelo Briseno Melo e Luiz Costa Pereira Junior), são inteligentes, bem escritos e seguem uma característica muito certeira, na minha opinião, que é algo que podemos comparar a certas (e boas) HQs produzidas na década de 50/60 (as pulps americanas) ou até algo produzido na Europa.
Começar por esta HQ é leitura garantida de bons momentos!  

Nota: 8,5
Desde que a segunda edição foi lançada, em Setembro de 2011 e logo após do encontro que tivémos com Danilo Beyruth lá no FIQ, estava com vontade de não só recomendar, mas fazer uma resenha dessa fantástica HQ, mas sabe como é... exato 1 ano depois, ela está aqui no CBQ como recomendação mais do que natural.

Necronauta 2 (Zarabatana, 112 pgs., R$36,00) veio na esteira do sucesso que foi o álbum Bando de Dois, graphic novel que Beyruth também publicou pela mesma editora, e trouxe de volta o personagem de uma maneira mais madura e  competente, com roteiros mais elaborados e a arte muito mais detalhada e melhorada (se isso é mesmo possível de afirmar).
Com destaques para a primeira aventura do álbum, Eterno entardecer, que mostra um design de narrativa bem parecido com que o grande mestre Will Eisner costumava utilizar (algo que Beiruth, a meu ver, também utilizou em Bando de Dois) e as duas partes de Sala de espera, que mostra uma jovem que está em coma, mas tem seu espírito preso e vagando por um hospital. Outra boa história é A rainha do grito, uma divertida homenagem aos filmes de horror antigos, com roteiro feito por Hector Lima, única participação especial da  HQ.
Disputa de jurisdição, a última HQ e única colorida, seguindo assim o mesmo modo da primeira edição, traz uma interessante história, onde o autor apresenta outros "condutores de almas", entidades que, assim como o personagem principal, são designados a tarefa de recolher almas. E, embora tenham as mesmas atividades, eles podem disputar com o Necronauta, pela alma no caso da pessoa sofrer uma morte com certas características.
Essa história é a que mais se aproxima do que os leitores estão acostumados em relação a super-heróis (lembra bastante coisas como as vistas nas revistas do Spawn e/ou Motoqueiro fantasma).
Revista mais do que recomendada! A qualidade da narrativa e dos desenhos é muito superior à primeira e além disso, a edição conta com participações especiais em ilustrações do Necronauta, feitas por feras do calibre de Mateus Santolouco, Marcelo Campos, Gustavo Duarte, Rafael Albuquerque, entre outros.

Nota: 9,5
Usagi Yojimbo - O Limiar da Vida e da Morte
Muitos não conhecem essa série, mas praqueles que estão familiarizados, sabem que ela é uma das melhores séries já feitas para quem curte, assim como eu, histórias da época do Japão feudal. Isso porque os roteiros estão abarrotados de menções históricas dessa época. E não só isso, os desenhos, apesar de um pouco mais infantil ou cartunesco, como preferir chamar, seguem a mesma premissa, tanto nos cenários, quanto armas e roupas.
Stan Sakai, o pai da criança, é o artista responsável pela adaptação dessa bela e empolgante lenda samu­rai para os qua­dri­nhos.
Usagi Yojimbo é um dos mai­o­res suces­sos de público e crí­tica. 
Usagi Yojimbo - O Limiar da Vida e da Morte (Devir - 216 páginas PB em papel off-set, formato 16,5 cm × 24,0 cm, Preço: R$ 32,00) é o ter­ceiro volume da cole­ção publicada no Brasil e traz as HQs publi­ca­das no livro 10 de sua cole­ção defi­ni­tiva lan­çada ori­gi­nal­mente pela Dark Horse Comics.
Essa Hq em tom de fábula, mostra as aventuras do coelho samurai (na verdade, ronin) que viaja sozi­nho por vila­re­jos e cida­des do Japão do final do século 16, se deparando com diversos tipos de per­so­na­gens, repre­sen­ta­dos também como ani­mais e trazendo sempre alguma lição de moral, como em toda fábula. Mas, não pense que a leitura é sacal, não. A fluidez dos roteiros são ótimas, interessantes e remete às anti­gas can­ções japo­ne­sas que mis­tu­ram aven­tura e ação com men­sa­gens edificantes.
Usagi Yojimbo, criado em 1984, é o per­so­na­gem mais famoso de Sakai, e transformou-se numa das obras essen­ci­ais dos qua­dri­nhos, indis­pen­sá­vel em qual­quer cole­ção. É muito perceptível a vasta pesquisa que o autor fez sobre a cul­tura japo­nesa, principalmente em relação a era Edo, principal mote da série, onde mostra com detalhes desde as leis até os hábi­tos dos habi­tan­tes daquele período.
Mas, não se engane, se você acha que, por ser o autor um japonês, o traço seja algo parecido com mangá... é bom avisar que a HQ se apro­xima muito mais das HQs americanas. Algo como as Tartarugas Ninjas (que aliás, participam de um dos álbuns da série).
A edi­ção traz ainda um pos­fá­cio do autor sobre suas pes­qui­sas e um artigo com curiosidades de bastidores, um pre­fá­cio assi­nado pelo escri­tor Kurt Busiek, galeria de capas e mais uma vez, uma arte exclu­siva para o público bra­si­leiro feito pelo autor.
Esse personagem já foi publicado por aqui pela Via Lettera, porém, já ouvi alguns leitores reclamando da falta de organização da editora em relação ao personagem. Eu tenho os volumes Ronin, Samurai e Bushido e realmente não sei dizer agora se houve problema com a cronologia do personagem nesses livros, porém, a qualidade editorial desses álbuns, realmente deixa a desejar... Mas não dá pra reclamar muito, já que é sabido que na época as editoras tavam é cagando pra edições especiais com qualidade (tipo papel, capas e conteúdo exclusivo no material).

Vale a pena ler.
Nota: 9,5

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