Uaréview
Por Marcelo Soares
Quentin Tarantino definitivamente é um dos melhores diretores dessa geração, alguém que sabe bem o que quer, com fazer e tem o controle do que faz. Em À Prova de Morte (Death Proof), lançado em 2007 nos Estados Unidos dentro do projeto Grindhouse – que contemplava ainda Planet Terror de Robert Rodriguez - e só agora chegando ao Brasil, o gênio louco da autoreferencia está de volta e em grande estilo.
O filme conta duas histórias em seus 113 min, com o mesmo mote, mas mostradas de formas diferentes. Nelas, três amigas saem para se divertir e chamam a atenção de todos por onde passam, inclusive a do misterioso Stuntman Mike (Kurt Russel), um dublê temperamental que se esconde atrás do volante do seu carro indestrutível. Mas porque eu disse que elas são contadas de formas diferentes? Puro e simplesmente pelo vicio de Tarantino em homenagear estilos cinematográficos. Em Kill Bill tivemos uma ode aos filmes de kung fu e faroeste, em A Prova de Morte temos uma apaixonada homenagem ao estilo exploitation famoso nos anos 70, com suas belas garotas, trilhas fortes, perseguições de carro e imagens sujas. E ai também se encontra, para mim, outro ponto de genialidade do filme.
Em sua primeira parte vemos a história como se fosse um filme feito nos anos 70 mesmo, com cortes bruscos, filme queimado, marcas na película e toda sorte de erros de continuidade, tudo propositadalmente, obvio. Na segunda investida do filme já vemos cenas coloridas limpas, com movimentos de câmera nada bruscos ou cortes estranhos. Já me falaram de uma possibilidade de subtexto de Tarantino ai: como um diretor das antigas, ele teria feito a primeira parte do filme e teria sido “despedido”, ficando a cargo de outro diretor continuar, daí tanta diferença. Eu já vejo de outra forma, para mim, Tarantino quis tirar uma onda com a maré hollywoodiana de remakes e continuações.
Afinal, tirando Kurt Russel – por sinal maravilhoso no papel do maníaco motorizado – todo o resto na segunda parte diferencia da primeira, como se fosse uma continuação ou refilmagem, com até um desfecho bem diferente do “original”, o qual eu preferi, pois – tirando uma seqüência de perseguição muito instigante – o “segundo filme” é bem abaixo da qualidade do primeiro – uma critica bem pertinente ao que têm sido feito com novas roupagens de velhas histórias.
Concordo com o Pablo Villaça do Cinema em Cena que algumas cenas são desnecessárias para o andamento do filme, mas, eu que não reclamo dessa. Certo que a versão saída no Brasil é mais longa, e perde um pouco do charme em não ter a lógica da sessão dupla com Planeta Terror e os trailers falsos – um que deu até origem ao filme Machete – mas não deixa de ter seu charme e vale a conferida.
Titulo: À Prova de Morte (Death Proof)
Direção: Quentin Tarantino
Elenco: Kurt Russell , Rosario Dawson , Vanessa Ferlito , Jordan Ladd , Rose McGowan
Duração: 113 min
Gênero: Terror
Site oficial: http://www.grindhousemovie.net/
Distribuidora:Dimension Films / The Weinstein Company / PlayArte
produção:Elizabeth Avellan, Robert Rodriguez, Erica Steinberg e Quentin Tarantino
figurino:Nina Proctor
Edição:Sally Menke
Um comentário:
Esse filme é muito foda,não só porque é um filme do tarantino,mas também por ser o filme mais feminista dele,do sentido que no "primeiro filme" temos Stuntman Bob contra garotas,que tem sonhos e perspectivas pequenas,e no "segundo filme" temos mulheres com pesamentos e habilidades que podem competir frente a frente com Bob.Consegui ver no Festival do Rio de 2007 junto com a Prova de Morte e recomendo fortemente.
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