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segunda-feira, 16 de agosto de 2010

A Mosca

Tenha medo.
Tenha muito medo.

A Mosca





Tema Macabro




Uma das coisas que mais fascina o ser humano é sua própria capacidade de superar suas limitações biológicas através da tecnologia, coisa que – até onde se sabe – nenhum outro animal consegue. Mas se a nossa habilidade criativa nos fascina, a tecnologia também assusta, principalmente a nós, pessoas comuns, que apesar de cercados por tecnologia não temos noção do status do desenvolvimento tecnológico atual. Vivemos em uma era onde as informações são enviadas em tempo real, onde a linguagem deixou de ser uma barreira e fronteiras geográficas são irrelevantes. Em breve, procedimentos cirúrgicos complexos poderão ser realizados à distância e/ou por máquinas, computadores pensarão mais rápido que o ser humano e robôs serão capazes de sentir emoções. Num mundo onde a tecnologia é cada vez mais presente, a pergunta que fica é: E se alguma coisa der errado?

É justamente esse medo da tecnologia que torna o tema fascinante para ser explorado na literatura, principalmente no gênero de terror. No passado, diferente do que acontece atualmente, os filmes de terror buscavam originalidade em suas histórias, por isso era fácil encontrar os mais variados elementos permeando as produções, desde incidentes e criaturas sobrenaturais como O Exorcista e Horror em Amityville a narrativas mais voltadas à ficção científica, como o A Maldição de Samantha e O Enigma do Horizonte.

De todos os filmes que usam o temor da tecnologia para criar boas histórias, um dos mais emblemáticos sem dúvida é The Fly. Traduzido aqui no Brasil como A Mosca da Cabeça Branca, o filme, lançado em 1958 conta a história de Helene Delambre, esposa do cientista Andre Delambre, morto quando seu braço e sua cabeça foram esmagados por uma prensa hidráulica. Helene confessou ser a autora do crime que matou o marido, passando a ser obcecada por moscas, especialmente uma em particular, que parece ter a cabeça branca. Seu irmão, tentando ajudá-la, acaba conseguindo que Helene conte o que de fato aconteceu. Antes uma família feliz, junto com Andre e o filho, Helena se viu obrigada a fazer o impensável quando seu marido, ao testar um engenho inventado por ele para teletransporte, acaba entrando no dispositivo junto com uma mosca, o que acarreta uma transformação bizarra e sem precedentes em Andre, que passa a ter a cabeça e a mão da mosca que entrara com ele.



A Mosca da Cabeça Branca foi muito bem recebido pela crítica e pelo público, e foi um dos filmes mais assustadores da época. Foi seguido por duas continuações: The Return of the Fly (1959), onde o filho de Andre, anos depois, quer justificar as ações de seu pai tentando refinar o experimento de teletransporte, com consequências desastrosas e The Curse of The Fly (1965), que tenta repetir a fórmula, com a diferença que o filho e neto de Andre Delambre tentam reverter o acidente original de Returno of The Fly.







Décadas mais tarde, em 1986, David Cronenberg (Scanners) decidiu revisitar a história do homem que testa sua própria máquina de teletransporte com conseqüências desastrosas, numa espécie de remake do filme original.

Na história, Set Brundle (Jeff Goldblum) é um brilhante cientista que desenvolveu um dispositivo de teletransporte. Sua namorada, a jornalista Veronica Qualife (Geena Davis) acompanha o projeto e suas experiências. Em dado momento, o cientista decide testar ele mesmo o teletransporte, a fim de provar que funcionaria com seres humanos, mas sem perceber ele permite que uma mosca entre junto no dispositivo. Quando Seth se teletransporta, aparentemente tudo está normal, mas com o tempo ele começa a perceber mudanças, como velocidade e força ampliadas. Mas as conseqüências benéficas do teletransporte logo se transformam em tragédia quando seu corpo começa a passar por terríveis transformações, até que ele descobre a verdade: seu DNA se misturou com o da mosca e ele está se transformando num monstro.



Aparentemente, a Mosca seguiu a tradição do original e, mesmo tendo sido um remake muito mais sombrio e perturbador feito por um diretor na época independente, foi um sucesso absoluto de público e crítica, tendo também gerado uma continuação.

Em A Mosca 2, que não teve o envolvimento de Cronenberg, Veronica Qualife morre ao dar a luz ao filho de Seth, que é colocado sob a guarda de cientistas e tem sua vida analisada. A criança tem seu crescimento acelerado, devido à mutação de seu DNA, e se torna adolescente em pouco tempo, mas também possui um intelecto genial e as habilidades que seu pai observara em si mesmo antes da transformação no primeiro filme. O filme teve boa bilheteria, mas a grande maioria das críticas foi negativa, devido ao roteiro não tão interessante e original quanto o do primeiro filme.



A Mosca, tanto o original quanto a refilmagem, são grandes filmes, que merecem ser vistos. A Mosca da Cabeça Branca eu não sei se pode ser encontrada em DVD, assisti em VHS há muito tempo atrás. Mas procure pelo filme de Cronenberg, se você gosta de uma boa história e de uma narrativa tensa e perturbadora, você não vai se decepcionar com este filme.

Curiosidades:
- The Fly é baseado num conto de mesmo nome, escrito em 1957 por George Langelaan para a revista Playboy;
- Vincent Price, arroz de festa dos filmes de terror dos anos 50/60/70 interpreta o irmão de Helen Delambre em A mosca da Cabeça Branca;
- The Curse of The Fly nunca tinha sido lançado em VHS ou DVD até 2007, quando foi lançado um Box com os 3 filmes;
- A frase “Tenha medo, tenha muito medo”, se tornou tão emblemática que até hoje ela é utilizada em diversas ocasiões e por diversas pessoas, embora a maioria das delas nem saiba que ela originalmente vem deste filme;
- Uma Ópera baseada em A Mosca estreou em 2008, com o próprio Cronenberg na direção e Plácido Domingo conduzindo;
- Está para ser produzido um novo remake de A Mosca (um remake do remake), dirigido, acreditem, pelo próprio Cronenberg.

Na próxima Madrugada:
Um Madrugada Macabra como você nunca viu.

2 comentários:

Freud disse...

Outro dia revi na TV o remake do Cronenberg, acho que na Grobo mermo, muito legal.

A transformação do cara lentamente na mosca foi muito bem desenvolvida no filme.

Todos os outros eu nunca vi, nem os originais nem A Mosca 2.

Renver disse...

eu assisti o primeiro filme de 58 (lá por 2001)

e gostei bastante...