Uaréview
Por Rafael Rodrigues
“Meus amigos, temos uma tarefa terrível diante de nós e não podemos recuar! Se falharmos, e o vampiro triunfar, onde iremos parar?”
A editora Escala* traz de volta à vida o traço de Eugênio Colonnese numa publicação que reedita um clássico dos quadrinhos de terror no Brasil: a adaptação do livro Drácula, de Bram Stocker.
Drácula, de Bram Stocker é sem dúvida a história de terror mais conhecida até hoje, tendo originado uma série de adaptações para o cinema, TV, quadrinhos entre outras mídias. E, numa época em que quadrinhos de terror no Brasil eram “hype” (embora esse termo não estivesse na moda), um dos maiores e mais conhecidos quadrinistas do país, Eugênio Colonnese dá sua visão do clássico de Bram Stocker numa fiel adaptação do livro Drácula.
Quem já leu o livro sabe que a história é contada de forma epistolar (ou seja, através de cartas, diários e outros escritos, não sendo uma narrativa “direta”, por assim dizer, e tendo vários “narradores”). Colonnese contornou este aspecto mesclando a narrativa convencional dos quadrinhos com trechos específicos onde podemos ler as cartas sem imagens, apenas texto para introduzir certas partes da história e justificar a troca de "pontos de vista".
Como é uma adaptação feita há décadas atrás, no final da década de 60, a leitura se torna meio datada, mesmo com a editora tendo atualizado os textos, principalmente por conta das técnicas menos fluídas de antigamente. Balões de pensamento são recorrentes e o pouco dinamismo em alguns momentos denunciam que a história foi produzida há um bom tempo atrás. Como história em quadrinhos, a história funciona mais como um “resumo ilustrado” do livro do que como uma adaptação propriamente dita, pois muitas coisas foram basicamente transcritas e nada adaptadas para o meio. Mas isso não é de surpreender, considerando a época em que foi feito.
A arte de Colonnese é, como sempre, muito boa, mas talvez tenha sido um pouco prejudicada pela colorização feita pela editora (a história foi publicada originalmente em preto e branco). Eu particularmente acho que a colorização em quadrinhos, em muitos casos diminui a qualidade do artista, e acredito que muitos desenhos funcionam melhor sem cores. É o caso de Colonnese, na minha opinião. De qualquer maneira, isto não chega a estragar a leitura, nem impede de apreciarmos os desenhos do artista, que são sempre muito bons, em especial suas mulheres (é impressionante como ele consegue desenhar mulheres “reais” em diversas poses sensuais sem parecerem apelativas ou vulgares, nem distrair da história principal).
A edição em si, lançada este ano pela editora Escala, é uma boa tentativa, mas tem algumas falhas gritantes. Não “comprei” a ideia de usar quadros da própria história para montar a capa da edição (me pareceu algo bastante estranho) e a colorização da história, como já comentei antes, poderia ter sido deixada de lado (embora eu entenda que talvez hoje a revista não tivesse tanto apelo tendo miolo preto e branco).
Um dos acertos da edição é o conteúdo extra. Sempre acho bem-vindas publicações que trazem, além da história, coisas como esboços, entrevistas, curiosidades, matérias, etc. Para mim, são como os extras de um DVD; fazem a compra valer a pena, mesmo se o material principal deixar a desejar. Nesta edição de Drácula em HQ encontramos alguns textos sobre o personagem, sobre Eugênio Colonnese e sobre os quadrinhos de vampiro no Brasil. No entanto, a editora deveria contratar um revisor (ou, caso tenha um, demiti-lo), pois o texto possui em vários trechos uma gramática estranha, com pontuações em lugares errados e erros de ortografia. Mas valeu a intenção.
A Hora do Terror: Drácula em HQ não é uma obra-prima, mas para os amantes do terror e para quem quiser conhecer um pouco da arte de Colonnese, a HQ é uma boa pedida, principalmente considerando o número de páginas e o preço. A edição tem 114 páginas, custa R$ 14,90 e pode ser encontrada nas bancas (pelo menos foi onde eu encontrei). Vale como uma tentativa de reintroduzir o terror nas HQs brasileiras, mas eu espero que, caso a Escala lance outras obras semelhantes, preste atenção nos detalhes que eu comentei neste post, que podem inclusive comprometer a credibilidade do material.
Nota: 7,5 (só os desenhos de Eugênio Colonnese já cobrem 6 desses 7,5)
A arte de Colonnese é, como sempre, muito boa, mas talvez tenha sido um pouco prejudicada pela colorização feita pela editora (a história foi publicada originalmente em preto e branco). Eu particularmente acho que a colorização em quadrinhos, em muitos casos diminui a qualidade do artista, e acredito que muitos desenhos funcionam melhor sem cores. É o caso de Colonnese, na minha opinião. De qualquer maneira, isto não chega a estragar a leitura, nem impede de apreciarmos os desenhos do artista, que são sempre muito bons, em especial suas mulheres (é impressionante como ele consegue desenhar mulheres “reais” em diversas poses sensuais sem parecerem apelativas ou vulgares, nem distrair da história principal).
A edição em si, lançada este ano pela editora Escala, é uma boa tentativa, mas tem algumas falhas gritantes. Não “comprei” a ideia de usar quadros da própria história para montar a capa da edição (me pareceu algo bastante estranho) e a colorização da história, como já comentei antes, poderia ter sido deixada de lado (embora eu entenda que talvez hoje a revista não tivesse tanto apelo tendo miolo preto e branco).
Um dos acertos da edição é o conteúdo extra. Sempre acho bem-vindas publicações que trazem, além da história, coisas como esboços, entrevistas, curiosidades, matérias, etc. Para mim, são como os extras de um DVD; fazem a compra valer a pena, mesmo se o material principal deixar a desejar. Nesta edição de Drácula em HQ encontramos alguns textos sobre o personagem, sobre Eugênio Colonnese e sobre os quadrinhos de vampiro no Brasil. No entanto, a editora deveria contratar um revisor (ou, caso tenha um, demiti-lo), pois o texto possui em vários trechos uma gramática estranha, com pontuações em lugares errados e erros de ortografia. Mas valeu a intenção.
A Hora do Terror: Drácula em HQ não é uma obra-prima, mas para os amantes do terror e para quem quiser conhecer um pouco da arte de Colonnese, a HQ é uma boa pedida, principalmente considerando o número de páginas e o preço. A edição tem 114 páginas, custa R$ 14,90 e pode ser encontrada nas bancas (pelo menos foi onde eu encontrei). Vale como uma tentativa de reintroduzir o terror nas HQs brasileiras, mas eu espero que, caso a Escala lance outras obras semelhantes, preste atenção nos detalhes que eu comentei neste post, que podem inclusive comprometer a credibilidade do material.
Nota: 7,5 (só os desenhos de Eugênio Colonnese já cobrem 6 desses 7,5)
*Não, isso não é um post patrocinado (quem dera)
Rafael Rodrigues é uma adaptação de uma adaptação em quadrinhos de...alguma coisa. Mas infelizmente, não desenhado por Eugênio Colonnese
Um comentário:
O final é melhor até que o do livro
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Convenhamos o Coppola/Anthony Quinn fizram do Van Helsing (que é um personagem chato no livro) um personagem muito mais interessante.
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