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quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Quadrinhos: Reflexões sobre um meio




Estava pensando dia desses como é interessante a influência dos quadrinhos em nossa realidade através de símbolos e ideologias. Por exemplo, o caso da máscara do Guy Fawkes, que foi resgatada por Moore em V de Vingança, e se tornou, digamos, "pop" com o filme e agora é símbolo de organização de protesto como os Anonymous. Coisas dessa cultura tão interessante que são os quadrinhos.






Conversando dia desses com o nobre filosofo, e kinder ovo nas horas vagas, Rafael Rodrigues, debatíamos essa questão da influencia dos quadrinhos e reproduzo rapidamente aqui um trecho:


Rafael:  Pouca gente se dá conta de que os quadrinhos são um meio mais antigo que o cinema e a TV, e que algumas das fórmulas que conhecemos hoje desse meio vem diretamente dos comics.

Marcelo: Acredito que isso venha por influencia dos movimentos no meio do século passado que tinham o intuito de denegrir os quadrinhos, tanto se martelou que foi passando de geração em geração essa idéia de que HQ é algo menor em relação a outras midias. Claro que falo isso em um tom mais geral, de massas, não especialistas ou fãs, que veem obvio com outros olhos. Uma pena.

Alias, os quadrinhos (e muito por culpa das editoras Marvel e DC) perderam um bocado seu impacto no mundo pop, já que graphics novels (onde vemos coisas mais contundentes em critica e tal) ainda são bem restritas em termo de alcance de público, principalmente os leigos. Sem contar que eles não sabem bem trabalhar seus símbolos.

Rafael:  É, acho que o problema é que a decadência das formas de arte (no sentido delas terem se tornado puramente produtos e marcas) atingiu todos os meios, mas os quadrinhos ainda não tinham se reafirmado, então eles nem bem começaram a ganhar relevância e já se tornaram obsoletos.




Seguindo nesse pensamento, observamos que por essa ideia encrustada na mente de um senso comum de que quadrinhos não é tão relevante, muitas questões passaram pelo meu córtex cerebral:

O meio dos quadrinhos nacionais é muito perdido: não existem sindicatos ou agrupamentos para desenhistas e escritores (que eu saiba pelo menos), não existem fóruns ou grupos mais "profissionais" de discussão sobre o meio, não existe associação para brigar por mais espaço em verbas públicas, por exemplo. É bem como uma amigo diz: artista é muito criativo, mas em sua maioria não sabe gerenciar as coisas importantes. #temqueverissoai

Outra questão importante é o espaço dos quadrinhos nos jornais, nem em todos os centros urbanos temos uma relação de empresas jornalísticas com quadrinistas. Não sei os números certos, mas sei que a Folha de São Paulo tem uma sessão para tirinhas em quadrinhos, mas em pequenos centros, como a capitania hereditária que moro que é a Paraíba, normalmente se vê ou tiras clássicas como Peanuts ou não se tem nada.

Aqui, mesmo quando se tem não são tão interessantes. No passado já um tanto quanto longinguo, projetos de encartes especiais com histórias completas feitas por artistas locais chegaram a sair do papel, mas não continuaram logo após.

A experiência do Rafael Rodrigues no HQCX  me lembra o quanto é triste e dificil essa jornada do quadrinista em nosso país. E muito disso se inicia exatamente em não percebermos, ou darmos tanto importancia, a influencia e projeção que as obras em arte sequencial tem na nossa sociedade, deixando prevalecer a ilusão de que HQ é coisa infantil ou não tão interessante.

Será que um dia isso muda? E como é em sua região?

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