“Se fosse possível entender a loucura, não seria loucura”
Hoje em dia, é difícil ver um filme de terror (hollywoodiano, pelo menos) que fuja dos clichês mais exaustivos do gênero, como assassinos seriais, fantasmas e vampiros. Mas quando conhecemos produções de outros países, percebemos que a criatividade do cinema de terror está longe de acabar, apenas não está na nossa cara. Os cinemas alemão, francês, espanhol e canadense, entre outros, se destacam por tentar fugir do óbvio e, mesmo quando usam os temas típicos, buscam fazê-lo de forma diferente. Para quem está cansado da mesmice dos filmes americanos, correr atrás de produções de outros países é uma boa pedida; uma tarefa por vezes não tão fácil, mas frequentemente recompensadora.
Isto nos traz à produção canadense de 2009 Splice. Inicialmente uma produção que parece totalmente hollywoodiana (já que tem Adrian Brody no papel principal), o filme é na verdade uma co-produção canadense/americana/francesa dirigida por Vincenzo Natali, que em 1997 trouxe o estranhíssimo (mas muito interessante) Cubo, e que novamente busca na ficção científica uma forma de criar uma história familiar, embora diferente e assustadora.
Na história, Dois jovens cientistas (interpretados por Adrian Brody e Sarah Polley), esperam alcançar reconhecimento após conseguir, com sucesso, criar espécies animais híbridas para uso médico, mas quando eles querem ir longe demais, seus estudos são reorganizados para trabalharem com as espécies que já criaram. Mesmo assim, decidem conduzir seus experimentos secretamente, e assim criam um híbrido humano/animal, também com sucesso. Mas este sucesso pode levar a conseqüências desastrosas.
Splice é mais um filme que retrata o lado negativo da ciência e as conseqüências advindas da tentativa do homem querer “brincar de deus”. E, assim como Cubo, pretende levar a discussões que vão além de simplesmente o que está acontecendo na tela. Não é um filme extremamente complexo, mas tem uma história que funciona. Recomendável.
Curiosidades:
- Splice é uma técnica da biologia e, em resumo (por que a explicação técnica é bem mais chata), se refere à extração e união de partes específicas de RNA com o objetivo de permitir que um mesmo gene, transcrito da mesma maneira, resulte em moléculas de RNA maduras diferentes;
- Splice é produzido por Steve Hoban e Guillermo del Toro;
- Splice ganhou o Sitges Film Festival de melhores efeitos especiais (onde também concorreu a melhor filme) e também passou pelo festival de Sundance, onde chamou a atenção de produtoras americanas para distribuir o material no US e internacionalmente.
Na próxima Madrugada:
Uma série estranha com pessoas estranhas faz desta uma das produções mais inusitadas e recomendadas da HBO. Na próxima semana, conheça o mundo de Carnivàle.
6 comentários:
Splice é DU CARALHO, merda que demorou tanto pra achar uma distribuidora. 'A Cautionary Tale' como poucos sabem fazer hoje em dia.
Vou baix... importar direto do canadá e ver!
Cubo foi umd os filmes mais impactantes que assisti em meus tempos de fim de adolescencia, até hoje acho ducarai.
E pô, Carnavale é uma das minhas series preferidas e mais freaks que já vi. (um dia ainda compro os dvds da serie).
O enredo inevitavelmente me faz recordar vagamente da Ilha do Dr. Moreau (o filme, pois o livro eu não li)... em que engenharia genética era empregada na geração de seres híbridos... eu tenho que ver esse filme de novo... faz tanto tempo... nem lembro com clareza minha impressão do mesmo...
Um filme bacana nesse sentido (a parte de Genética) é Gattaca... muuuuuito bom...
Mas s/ a originalidade... não é tipo "A Experiência"?
Não gosto muito desses clichês críticos à ciência, mas esse filme vou dar uma chance.
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