“Para vencer a morte, você tem que conhecer a morte”Night of the Dead - Leben Tod
Parte 1 ::
Os desmortos possuem uma longa história na cultura pop. Dos primeiros livros e contos a abordar temas sinistros como Fantasmas aos filmes de mortos-vivos propriamente ditos, as pessoas sempre pareceram apreciar histórias de mortos que voltam à vida. Obviamente, os motivos pelos quais essas histórias fazem tanto sucesso se devem, principalmente à fatores psicológicos e a incapacidade do ser humano de lidar com a morte como um processo natural; mas não vamos nos aprofundar nos motivos, e sim nos meios.
Atualmente, se contarmos apenas as histórias com mortos-vivos, temos, ao longo da história do entretenimento um número enorme de Livros, Filmes, HQs, Games e Músicas inspiradas no tema, tanto que, se todos fossem citados aqui, só o post de hoje teria o tamanho de todos os posts do Madrugada Macabra juntos (se não mais). No entanto, podemos traçar uma linha de tempo com alguns dos principais eventos e personagens que marcaram a história do gênero de terror com mortos-vivos.
Frankenstein, livro de Mary Shelley publicado em 1818 pode ser considerado a história que começaria a definir o conceito de morto-vivo como o conhecemos hoje na ficção. Apesar de não ser exatamente uma história de mortos-vivos, traz alguns conceitos que hoje são atribuídos à essas histórias, como mortos revividos por processos científicos ao invés de místicos, a degradação do corpo e a violência dos seres após a morte e o retorno.
Entre os anos 20 e 30, H.P. Lovecraft também se aventurou pelas histórias relacionadas á zumbis/mortos-vivos em histórias como “Cool Air”, “In the Vault” (que inclui talvez a primeira vez em que um personagem é mordido por um zumbi), “The Thing on the Doorstep”, "The Outsider" e “Pickman’s Model”. Mas sua verdadeira e principal contribuição para o gênero é com a história “Herbert West-Reanimator", que ajudou a definir os mortos-vivos na cultura popular. Nesta história, Herbert West é um cientista louco que tenta reviver corpos humanos com resultados diversos. Os mortos revividos eram quase sempre mudos, primitivos e extremamente violento. Embora não fossem referido com os termos mortos-vivos, ou zumbis, a história antecipou o conceito moderno dos zumbis em décadas.
Nota: Para quem é mais “antigo” (pra não dizer velho), e está achando que já ouviu esta história em algum lugar, ela foi adaptada para o cinema em 1985, com o nome de Re-animator, estrelando Jeffrey Combs, um clássico do terror trash.
Os zumbis propriamente ditos (aqueles vindos das práticas religiosas do Haiti, conforme comentado no post passado) brilharam por causa de duas obras cinematográficas que os colocaram nos holofotes: White Zombie, de 1932, e I Walked with a Zombie, de 1943.
White Zombie, considerado o primeiro filme de Zumbis (e que inspirou a banda de mesmo nome e seu vocalista, Rob Zombie), conta a história de um casal em férias no Haiti que se envolve com forças sobrenaturais quando um mestre Vodu tenta transformar a mulher temporariamente num zumbi para declará-la como morta. Essa história bebe diretamente das crenças Haitianas de Zumbi. O mestre Vodu é interpretado por Bela Lugosi.
Em I Walked with a Zombie, a história gira em torno de uma enfermeira que recorre às práticas vodus do Caribe para ajudar um paciente. Uma curiosidade sobre esse filme é que o diretor, Jacques Tourneur, tinha uma mania peculiar, que também usou aqui: primeiro pensava num título e depois criava toda a história em torno do título. Ainda assim é considerado o 5º melhor filme de Zumbi de todos os tempos.
Mas a “mitologia” relacionada aos Mortos-Vivos modernos (hoje em dia também chamados de Zumbis) se deve totalmente ao mestre George Romero e seu “Night of the Living Dead” (A noite dos Mortos-Vivos). Misturando os Zumbis clássicos com o mito dos vampiros, Romero criou um novo tipo de criatura, mais ameaçadora e, cinematograficamente mais eficiente que fantasmas ou até que os “verdadeiros” zumbis (e é por isso que hoje Zumbi e Morto-Vivo são considerados sinônimos). Mas o que torna George Romero um dos grandes nomes do cinema de terror, não é só o fato de ele ter sido o pai do conceito moderno dos Zumbis, mas por ter como objetivo principal utilizar-se dessas fantasias assustadoras para criticar diversos aspectos negativos da sociedade, como inabilidade política, bioengenharia, escravidão, ganância e abuso, entre outros.
Romero produziu diversos filmes com esse tema, e está na ativa até hoje (tendo inclusive anunciado recentemente um novo projeto, intitulado “Survival of the Dead”) e, apesar de seus zumbis estarem ligados diretamente à conceitos científicos, há um contexto bíblico relacionado à ressurreição dos mortos que não pode ser ignorado.
P.S.: Eu pretendia terminar essa matéria sobre os mortos-vivos aqui, mas aparentemente tem muito mais conteúdo do que eu esperava, então tive que dividi-la em duas partes.
Na Próxima Madrugada:
Os zumbis dos dias de Hoje e o futuro em Os Mortos-Vivos entre nós – Ontem, Hoje e Amanhã
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