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segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Defendor

Uaréview
por Rafael Rodrigues

“Mas mãe, não é certo brigar quando se está tentando salvar alguém?”


Quer ver um verdadeiro filme de super-herói? Esqueça Homem de Ferro, Kick-Ass ou qualquer outra masturbação de nerd fanboy adolescente e cheio de hormônios para liberar. O único filme que guarda a verdadeira essência do conceito de super-herói até hoje é, sem dúvida, Defendor.


Super-Herói é um termo que significa muita coisa para muita gente. Para uns, apenas roupas coloridas (restart?), para outros, é dar porrada. Muitos atribuem ao termo um significado de espetáculo, enquanto outros levam a palavra a outro nível, vendo Super-herói como alguém que inspira, através de seus próprios atos, pessoas a fazer o bem.

Na cidade conhecida como “Hammer” (que quer dizer, em tradução literal, “martelo”, mas é uma gíria para uma série de coisas relacionadas à crime, como armas, estar bêbado ou drogado, entre outros), transformada pelo tráfico de drogas, armas e prostituição, um homem, Arthur Poppington, decide patrulhar as ruas como o vigilante Defendor e proporcionar terror aos criminosos que matam as pessoas com drogas. Embora a sinopse pareça lugar-comum aos olhos do leitor de quadrinhos habitual, uma olhada mais atenta na película mostra que ela é tudo, menos clichê. Defendor lança um olhar crítico e maduro sobre nossa sociedade, não sobre seus problemas, mas sobre suas soluções. E a solução é extremamente simples, embora não tão fácil de se atingir hoje em dia.



O filme conta com um protagonista impressionante, coadjuvantes interessantes e uma história fantástica que nos leva muito além do simples entretenimento e nos faz refletir sobre nossa vida, nossa sociedade e nossas atitudes perante o mundo. Chega a ser constrangedor ver a hiperviolência estilizada de Kick-Ass ou a beleza visual de Watchmen – o filme e pensar que ambos se atrevem a considerar a si mesmos como “filmes com super heróis realistas”. Perto da sensibilidade e maturidade de Defendor, é como dizer que um adolescente deprimido porque levou bolo da menina está passando pelo maior problema do mundo.

Defendor, o herói que é vivido por Woody Harrelson (numa interpretação primorosa, acho que nunca o vi atuar tão bem desde O Povo Contra Larry Flint), não é um ser humano comum por vários motivos. Primeiro, porque ele parece não ser exatamente uma pessoa certa da cabeça. Seu senso de justiça preto e branco e sua inocência sugerem que ele tenha talvez algum tipo de desvio psicológico (ou um retardo mental, talvez). Segundo porque, diferente das pessoas “comuns”, Arthur Poppington é um cara que decidiu fazer alguma coisa, ao invés de apenas culpar o governo e ficar sentado sem fazer nada (ou simplesmente virando as costas para quem precisa de ajuda). E terceiro porque realmente Defendor não é sequer um homem no sentido existencial da palavra. Defendor é mais do que isso. Defendor é um arquétipo, um símbolo que representa um ideal. E é justamente disso que se trata o filme: A luta por um ideal.

Mas este ideal é muito mais do que simplesmente combater o crime, acabar com as
drogas, enfrentar o mal, ser o bom-moço ou dar porrada nos “bad guys”. É mais ainda que salvar o mundo. Este ideal é simplesmente, salvar a alma da humanidade. E por "alma" me refiro àquilo que nos diferencia das outras criaturas vivas e nos torna humanos: Nossa empatia, o dom de nos colocarmos no lugar de outro ser vivo e entender o que ele está passando. Esta empatia é a verdadeira consciência humana, talvez a única coisa que pode nos salvar. E é basicamente do que trata o filme.

Infelizmente, Defendor não chegou aqui, nem em cinema, nem em DVD (e nem sei se chegará). Mas, caso você consiga ter acesso ao filme, não perca, pois eu e meu colega Uaréviano Marcelo Soares concordamos: é uma verdadeira aula sobre humanidade.

Está é a verdadeira essência do Super-Herói. Não resgatar gatinhos indefesos, quebrar a cara de bandidos ou enfrentar ameaças interplanetárias. É resguardar nossa alma. E, neste contexto, Defendor cumpre seu papel de forma excepcional, lembrando aos personagens e espectadores do filme o que precisamos para salvar o mundo: Usar aquilo que nos torna humanos em benefício de nós mesmos. É uma tarefa muito simples, embora não vá existir sem (muitos) obstáculos pelo caminho. Mas é como eu ouvi certa vez: “Nada daquilo que realmente importa vem fácil”. E no fim das contas a recompensa não valeria a pena?

Isso é ser um verdadeiro super-herói. Isso é ser... Humano.


Nota: 10

6 comentários:

Vini_oficial disse...

Esse filme é muito massa! Tô devendo uma resenha disso tb!
Parabéns pelo post!

marcelostarman disse...

É oficial galera, meu review de Defendor acaba de virar lágrimas na chuva. Ótimo review Rafael, pegou bem o espirito do filme e do termo Super-herói, esse termo que me fisgou quando adolescente e me levou para um mndo de autruismo e desprendimento pelo bem dos outros.

È um pocuo desse conceito até o que o Strachiscijsuhqwlas está tentando passar nas novas aventuras do Superman, o personagem que para mim melhor representa esse conceito dentro do mundo dos heróis de colante pops. Pena que seu filme mais recente não conseguiu equilibrar as cosias.

Alex Matos disse...

Eu gostei desse filme por demais! Mas quase não o vi devido a capa de anúncio do filme na importadora do... loja! Só assisti porque reconheci o Woody Harrelson. Muito mal divulgado!

Extremamente melhor que aquela merda de Kick Ass, isso se comparar bosta com uma ferrari faz sentido...

Danilo Beyruth disse...

Ótimo review de um filme que tá passando batido mesmo sendo mais legal q o Kickass. Defendor mantém até o fim a premisa que o kickass prometeu de um super heroi no mundo real.

rbmatos disse...

cara...fiquei omocionado com a sua descrição do filma, vou piratear, ops, alugar hoje mesmo

Cassidy disse...

Orra, tinha baixado ele mas acabei esquecendo de assistir (mula) agora graças a essa sençaçional resenha vou conferir Defendor hoje a noite...

Valeu Algures!!!!