Dia desses estava eu sem muito que fazer numa loja especializada em quadrinhos daqui de João Pessoa, quando me deparei com uma HQ nacional que já tinha ouvido falar, mas nunca tinha parado para ir atrás e ler, e me arrependo de ter demorado tanto para lê-la. Estou falando de Quadrinhofilia, de José Aguiar.
Antes de falar da obra, falo do autor. José Aguiar é um dos criadores do super-herói brasileiro O Gralha, autor do álbum Folheteen. A revista é uma coletânea de histórias do Aguiar que foram publicadas na internet, periódicos, fanzines e afins nos últimos dez anos, e copiladas de forma não-cronológica, buscando as hq´s mais relevantes e favoritas segundo o autor.
O nome veio de um neologismo, no site Aguiar aponta que O sufixo "filia" tirou da palavra necrofilia: aquela que define o ato de molestar cadáveres. “Mas antes que faça mau juízo de mim, que fique claro que minha intenção na coluna era revirar minha coleção de quadrinhos mortos e enterrados em busca de elucubrações interessantes. O mesmo nome emprestei a uma exposição onde fiz um balanço de minha carreira, realizada em 2006 em Curitiba. Para minha surpresa ela foi indicada ao Troféu HQMIX de melhor exposição daquele ano. Não levei o prêmio, mas daí me veio a convicção de que este era mesmo o nome do meu livro, feito em boa parte daquelas histórias que só eu via amarelar”.
São 14 histórias: Baile de salão (José Aguiar - texto e arte); Poréns da vida herdada dos outros (José Aguiar -texto e arte); Genealogia do mal ou "Eu fui um bebê diabo no ABC Paulista!" – (Abs Moraes - texto, José Aguiar - desenhos e cores, e Jairo Rodrigues - arte-final); Pirata! (José Aguiar - texto e arte); Entropia (Gian Danton – texto, e José Aguiar - arte); No fim, tudo é bem simples... ( José Aguiar - texto e arte); Quadrinhos em outras bandas (desenhadas)! (José Aguiar - texto e arte); Noite... ( José Aguiar - texto e arte); O gabinete do Dr. Caligari (Gian Danton – texto, e José Aguiar - arte); Absoluto (José Aguiar - texto e arte); O triste fim de João e Maria (Sabrina Lopes - história original, e José Aguiar - adaptação e arte); Catarrinho do amor (José Aguiar - texto e arte); Invasão (Gian Danton - desenhos, José Aguiar - diálogos e arte); O último milênio meu (José Aguiar - texto e arte).
Como toda coletânea tem coisas boas e coisas não tão interessantes assim. Para mim, se destacam Genealogia do mal, com todo um ar de história típica do Zé do Caixão; No fim, tudo é bem simples; Quadrinhos em outras bandas (desenhadas) e Invasão. Idéias bem sacadas e bem realizadas. Aliás, o projeto gráfico do designer Liber Paz, baseado em desenhos emoldurados sobre papel de parede, casou bem com a proposta.
Quadrinhofilia é uma revista que valoriza as histórias curtas, fechadas, e sua força. Um formato que curto muito, levando para pequenos mundos que não precisam de longos backgrounds para se entender, que acertam o leitor de formas diferentes e se tornam boas formas de introduzir novos leitores no mundo dos quadrinhos ou simplesmente ser algo de diversão descompromissada. Confira um preview de algumas das histórias que integram o livro.
Editora: HQM
Preço: R$ 29,90
Número de páginas: 96
Um comentário:
Aguiar também é o desenhista de Ato 5, que eu resenhei aqui no Uarévaa http://www.uarevaa.com/2010/03/uareview-ato-5.html
Ainda não li Quadrinhofilia, mas pretendo.
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