De todos os filmes que usaram o Rock 'n' Roll como influência ou como base para a criação de suas histórias, nenhum deles virou tão classico ou teve um resultado mais satisfatório do que Ruas de Fogo, por um simples motivo: o filme é foda demais.
Antes de mais nada, a história: em uma das cidades decadentes e sombrias da America, o show da cantora de maior sucesso do momento, Ellen Aim (Diane Lane), está agitando tudo e a todos. Mas o chefe da principal gangue local, Raven Shaddock (Willem Dafoe), sequestra a cantora e decide torná-la sua mulher. Só que enquanto isso acontece, o ex-soldado e ex-namorado de Ellen, Tom Cody (Michael Paré), chega na cidade e é contratado pelo empresário Billy Fish (o sumido e saudoso Ricky Moranis) para trazer sua cantora de volta. Acompanhado com sua nova amiga e irmão de guerra McCoy (Amy Madigan), ele percorre os locais mais obscuros da cidade para trazer sua amada de volta e tentar reconstruir sua vida sem estar imerso na escuridão.
Bem, apesar de ter sido uma produção grande na época que foi lançado, o filme não chegou a fazer sucesso quando saiu nos cinemas, mas teve uma ótima aceitação quando chegou no mercado de home video e TV a cabo, que junto com a popularização de sua ótima trilha sonora, acabou dando a esse filme o status de Cult do qual é reconhecido até hoje.
O filme não é só uma historia bacana regada a rock'n'roll clássico, é o retrato de uma época do qual a economia começa a passar por problemas, o futuro parece ser cada vez mais negro e a violência começa a crescer drasticamente. Afinal, os anos 80 não são chamados de "a decáda perdida" a toa, e assim como no universo do filme, a musica, especialmente o Rock'n'Roll, é a voz de sua geração e principal responsavel pelos momentos de alegria dos jovens de sua época.
No filme temos o elo com que acontecia na época de forma muito bem mostrada. Tanto Cody quanto McCoy são soldados que percorrem seu país procurando se sentir utéis, sendo que no "mundo real" a guerra do Vietnam tinha acabado anos antes e ainda havia soldados sem saber o que fazer. Temos novamente a presença do Rock como movimento cultural, no filme mostrado como Ellen e no nosso mundo como o cresimento do heavy metal e de outras bandas que surgiram com a MTV, onde o musical e o visual cada vez andavam mais juntos. Os movimentos culturais, dentro do filme, se misturam, o velho com o novo, mostrando que nesse caso as coisas nunca mudaram, só se intensificaram.
Em relação a trilha sonora, nenhuma das musicas foi realmente cantada por Diane Lane. No caso, as bandas que participaram do album são Fire Inc com a cantora Holly Sherwood, e o ator Stoney Jackson com a banda Winston Ford para as musicas do grupo The Sorels, entre outros. A produção do album ficou a cargo de Jimmy Iovine e com algumas musicas escritas pelo cantor Jim Steinman (parceiro de Meat Loaf nos dois primeiros 'Bat Out of Hell')
O ator Michael Paré, que faz o papel de Tom Cody, logo após esse filme fez uma longa carreira na Europa , trabalhando muito em filmes e series de TV no lado de lá, até ultimamente se tornando um dos parceiros frequentes do "grande" diretor Uwe Boll. O que muitos nem faziam idéia (nem eu) é que na verdade Paré produziu de seu proprio bolso uma sequência de Ruas de Fogo chamada Road to Hell, que mostra a caminhada de Cody em rumo a sua propria redenção, passando pelas cidades de Purgatório e Inferno e enfrentando um assasino serial. Junto com ele, quem volta do primeiro filme é Deborah Van Valkenburgh, novamente como a irmã de Tom, Reva Cody. Como o filme é tão baixo orçamento que nem trailer achei, fiquem com as fotos do filme, que deve sair oficialmente em Blu Ray e DVD esse ano, em lançamento limitado. No caso Road to Hell foi dirigido por Albert Pyun e seu tom de filme está muito mais para terror/suspense do que o rock-opera do filme original.
Por mais simples que possa ser o esqueleto da história, Ruas de Fogo sobrevive até hoje como um dos filmes-ícone do rock e sobre rock por ser honesto em relação ao tema, e ao mesmo tempo cumprindo sua promessa de "fábula moderna" e trazer uma atmosfera até hoje que encanta, tanto pelo seu visual quanto pelas suas musicas.
NOTA: 8.5
Titulo original: Streets of Fire
Ano de lançamento: 1984
Dirigido por:Walter Hill
Com:Michael Paré, Diane Lane, Willem Dafoe and Rick Moranis
Estúdio: Universal
5 comentários:
Sempre quis ver esse filme, mas tinha receio de locar (sim, eu ainda loco filmes). Verei.
Filme FODA, sem mais.
Parabéns pelo review (e pela lembrança, desenterrou esse, hein)
O que acho mais legal nesse filme é o lance do cenário ser atemporal e a cidade pode ser qualquer uma parece muito detroit. O filme tem elementos dos anos 40,50, 60,70 e 80, tudo ao mesmo tempo!
Uma fábula muito legal, eu diria atípica dos anos 80, valhe guardar com carinho.
Na minha memória foda é o adjetivo perfeito para esse filme
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