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sexta-feira, 30 de abril de 2010

Podcast Uarévaa #2



Antes nunca do que tarde!!!!! Ou será o contrário? Bem, uarévaa!! Se liguem aí no segundo podcast do nosso humilde sitezinho! Tivemos um probleminha na nossa edição e por isso não pudemos postar hoje durante o dia. Mas não desesperai-vos, eis que aqui está a bomba!

No podcast de hoje Freud, Duende Amarelo, Zenon, Marcelo Soares e Skrull contam suas histórias a respeito de como entraram nesse maravilhoso mundinho nerd.
Conheça também a "Zona de vergonha alheia do Uarévaa".



(Clique na imagem com o botão direito do mouse
e depois em "Salvar link como..")



COMENTADO NO PODCAST

- Conheça Paulo Jalaska

quinta-feira, 29 de abril de 2010

...Eis A Questão!!

No post anterior:
De uma maior liberdade criativa dada a um grande autor nasce o obscuro Questão, um sinistro e impiedoso vigilante com convicções inabaláveis e idéias filosóficas, em plenos anos 60. Duas décadas depois, o Questão é redescoberto e serve de base para um personagem crucial numa das mais aclamadas estórias de super-heróis (o Rorschach de Watchmen).


“Enquanto isso, na banda desenhada...” é uma seção que traça um paralelo entre o universo real e o mundo dos quadrinhos, analisando como as duas realidades afetam uma à outra, trazendo informação e estimulando a reflexão acerca dessa 8ª arte.

Curiosidade mata...


No início de 1987, enquanto Watchmen ainda vinha sendo publicada, Denny O'Neil iniciou o primeiro (e até hoje, único) título próprio do Questão, pela DC, mas ao invés de tentar capitalizar em cima da repercussão que a “cópia hardcore” do Questão original vinha tendo, apontou acertadamente numa direção diferente. O autor responsável pela introdução de temas sociais e políticos nos comics através do título Lanterna/Arqueiro Verde e pelo resgate do Batman à suas origens após a ridicularização do herói graças a série de TV dos anos 60, apostou numa mudança de postura no Questão e uma abordagem reconhecida como precursora dos comics adultos.

Se o Questão original enxergava o mundo numa dicotomia de bem e mal, certo ou errado, sem meio termo, O`Neil deu uma virada na vida do personagem, fazendo ele passar por um processo de renascimento e iluminação dentro da filosofia Zen Budista. Mudanças drásticas de personalidade não são nenhuma novidade nos comics e, infelizmente, por vezes se dão bruscamente e sem explicação quando roteiristas ignoram o passado do personagem pra impor o que eles querem fazer.


Só que O`Neil simplesmente não faria algo assim: Na primeira edição vemos o Questão atuando nos mesmos moldes de sempre, com uma certa ênfase numa postura auto destrutiva, mas basicamente é o Questão original. O´Neil acrescenta algumas coisas ao passado do herói sem precisar reescrever sua origem ou invalidar as estórias feitas por Ditko, jogada de mestre. Ao final da primeira edição, o Questão é assassinado e, na seguinte, o vemos ser resgatado das garras da morte e iniciar um renascimento interno, revendo sua visão de mundo e se aprimorando nas artes marciais, treinado pelo mestre Richard Dragon.

O título do Questão por Denny O`Neil (com desenhos de Denis Cowan), em que ele enfrentava o crime em Hub City, a "cidade mais corrupta dos Estados Unidos", cujo índice de criminalidade superava inclusive Gotham City,  durou por 36 números e mais alguns especiais. Depois o Questão apareceu esporádicamente em estórias de outros personagens, sendo a mais relevante uma mini série da Caçadora, escrita por Greg Rucka e não publicada por aqui, em que ele tenta ajuda-la, da mesma forma que um dia foi ajudado, a se encontrar no mundo.

Em 2005 ele ganha uma mini série em 6 edições, tambem não publicada aqui, escrita por Rick Veitch e desenhada por Tommy Lee Edwards, com uma abordagem totalmente nova. Esqueça uns 80% do que voce sabe do Questão e introduza: o herói como um xamã urbano que “conversa com a cidade” (nessa série, a cidade de Metrópolis), a frustração de um plano de Lex Luthor contra o Super Homem, flertes com Lois Lane, o gás binário como um alucinógeno, transes em que ele “anda entre dois mundos” e por ai vai... Vale pela curiosidade, mas da mesma forma que essa versão apareceu do nada, sem explicação, também se foi, sem explicação, totalmente ignorada quando o Questão reapareceu na série 52.


52, as semanas que mataram Vic Sage

52 foi uma série da DC centrada em alguns personagens antes secundários ou terciários da editora e o Questão estava entre eles. Por inovar tendo uma periodicidade semanal, a série contou com vários roteiristas, cada um escrevendo um núcleo de personagens, e Greg Rucka escreveu a parte que tratava do Questão (e da ex-policial Renee Montoya), retomando o perfil do vigilante desenvolvido por O´Neil e já escrito por ele na mini série da Caçadora.

Renee Montoya, personagem surgida na série animada do Batman e depois incluida nos quadrinhos, era uma policial de Gotham que Rucka “adotou” e desenvolveu na DC durante a aclamada série Gotham Central (publicada aqui como Gotham City contra o Crime). O arco de estórias mais famoso e premiado dessa série foi justamente um que Montoya protagoniza e onde sua homosexualidade é exposta a todos pelo vilão Duas Caras.

Em 52, Vic Sage aparece na vida de Rennee Montoya após ela ter perdido seu parceiro policial (Crispus Allen) e saído da polícia, por reconhecer nela um comportamente auto destrutivo semelhante ao que ele mesmo tinha antes de seu “renascimento zen”. Vic, na verdade, tinha intenção de que ela assumisse seu lugar como Questão após sua inevitável morte, pois estava com câncer no pulmão. Tudo isso só fica claro próximo ao final da série que mostrou muito bem essa passagem do manto e deu uma nova direção a Montoya, uma ótima personagem que estava sem uso após o fim de Gotham Central.


E, infelizmente foi esse o fim de Vic Sage, morte por câncer durante a série, mas A Questão continua.. Montoya foi também treinada por Richard Dragon e teve, após o fim de 52, uma mini série (já resenhada aqui) e participação ativa na saga Crise Final. Hoje ela segue regularmente em estórias secundárias (curiosamente o mesmo formato em que o Questão de Ditko começou) na revista Detective Comics.


Epílogo: Curiosidades

- A versão mais popular do Questão na verdade é a que aparece em alguns episódios do desenho Liga da Justiça sem limites. Na animação, características e referências de várias fases do herói foram sábiamente dosadas, fazendo dele uma espécie de "versão super herói" do agente Fox Mulder de Arquivo X.

- Na edição 17 da série escrita por O´Neil, Vic Sage aparece lendo Watchmen e se interessa pelos métodos de Rorschach, chegando a tentar emular seu estilo de combate ao crime. Infelizmente, isso não dá muito certo e, prestes a ser morto por um criminoso por ter tentado agir como Rorschach, o Questão diz, como suas "últimas palavras" que "Rorschach sucks".

- Recentemente, durante a saga Blackest Night, alguns antigos títulos da DC foram "ressurrectos" por uma edição. Assim, houve uma edição 37 da antiga série do Questão, em que Renee Montoya enfrenta uma "versão zumbi" de Vic Sage. A estória foi escrita em conjunto entre Denny O´Neil e Greg Rucka.

- Atualmente, com o retorno do conceito de terras paralelas na DC (o multiverso), ficou estabelecido que uma dessas terras (a "Terra 4") é uma realidade habitada pelos antigos heróis da Charlton Comics. Existe um plano para uma série chamada Multiversity, a ser escrita por Grant Morrison, envolvendo várias dessas terras paralelas, e uma das edições seria dedicada a Terra 4, uma estória "reinventando Watchmen" usando novas versões dos heróis da Charlton. Segundo Morrison, a visão de mundo do Questão nessa estória seguiria as idéias da lógica da dinâmica de espiral.

A seguir: O guarda costas...

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Pieces: A vida em Pedaços


A vida é feita de momentos, instantes que marcam, mas passam como vento em folhas. Pieces (pedaços em inglês) é uma história em quadrinhos sobre isso, breves percepções e vivências que passamos todo dia. A HQ teve duas edições produzidas pelo cartunista Mario Cau, em parceria com o selo Quarto Mundo, reunindo histórias de uma série que ele produziu desde 2005. O mote é mostrar de forma poética breves instantes de vida, possivelmente algo autobiográfico, trazendo a tona a vivência urbana repleta de desencontros, tristezas, amores e amizades.




A revista segue uma linha já conhecida de publicações que tem histórias soltas, sem personagens fixos, independentes umas das outras. Essa iniciativa me lembra a já famosa Front e a muito boa, Café Espacial, só para citar algumas que utilizam dessa técnica de pequenas histórias, mescladas com matérias ou entrevistas. São bons estilos de publicações para expandir o acesso dos quadrinhos a um público maior, já que, em geral, custam mais barato e se tornam um tipo de revista de bolso, que se lê enquanto se está em um ônibus, por exemplo.

A obra de Mario Cau tem desenhos muito bonitos, poéticos mesmo como se propõe, porém, para mim, se torna cansativa com temáticas repetitivas e, muitas vezes, histórias tão curtas, tão “momentâneas”, que provavelmente só o autor consegue entende-las. Um tipo de piada interna consigo mesmo, como disse um amigo. Faz falta uma ligação entre as histórias. Compreende-se melhor, quando se sabe que Pieces é uma coletânea de obras do autor espalhadas por outras revistas durante anos. Porém, para uma edição unica, deveria ser uma obra mais longa, que imagino tanto pelo estilo de desenho quanto de temáticas poderia ser algo muito bom de ver.

Contudo, não é por isso que Pieces deixa de ser interessante de se ler. Tem coisas bem legais que mereciam um desenvolvimento maior, e as ilustrações de Mario Cau chamam muito a atenção, dando o tom certo para a proposta do projeto. Vale a pena a conferida e a espera por alguma produção do cartunista de tamanho mais alongada. Algumas histórias das revistas podem ser vistas no site da publicação.

Pieces 
Preço: R$ 5,00 (cada)
Capa colorida,
Formato 14,6 x 21 cm
Venda: Bancas, livrarias e outros pontos atendidos pelo Quarto Mundo, e pelo e-mail mariocau@gmail.com.

Como Fazer Tiras - Produção

Fala, molecada!

Dando continuidade a coluna da semana passada, na primeira parte da nossa viagem, vamos falar sobre pesquisas e suas descobertas, um pouco sobre programas para produção e sobre definir o teor das suas tiras.

Então, senta que lá vem história!


Tentando atender a uma vasta legião de pessoas que se interessam por tirinhas e tem algum interesse em fazê-las e publicá-las na internet, mas não sabem desenhar nem um palito, bolei em fazer há um tempo atrás, uma matéria sobre "Como Fazer Tiras".
Por falar em palitos, é bom dizer que no caso de Dr. Pepper, tira que utiliza desenhos mais simples, o forte é o roteiro. Não que o desenho seja feio, muito pelo contrário, mas se no seu caso você conseguir fazer algo do tipo é bom se preocupar mais com o texto, ou pedir ajuda para um dos milhares de desenhistas espalhados pela internet à procura de emprego (aqui você encontra um monte). Mas vamos falar sobre mão-de-obra, desenhos e textos mais tarde.

Fiquei pesquisando sobre o assunto durante três árduos meses na internet sobre o assunto. E a ideia inicial era começar apresentando alguns dos programas que foram criados para fazer tiras, esses que já vem com alguns desenhos, balões, cenários, etc.
Cara, descobri que tem muito disso pipocando na internet!

Desses programas, acho que os mais famosos são: o Stripgenerator e o Bitstrips.

Algumas das tiras produzidas nesses programas são interessantes, bem montadas, mas tantos outros nem tanto. Tem uns bem tosqueira e com n° absurdo de usuários que só fazem tosqueira. Até agora, uma das que se destacam e são interessantes, foram algumas tiras produzidas pelo Rafael Rosa no Stripgenerator.


Essa tira foi produzida com um programa, mas o que ajuda muito é a criatividade do artista. Uma exceção que deve permanecer na rede e na lembrança das pessoas.
Isso porque o Rafael também sabe desenhar muito bem e não ficará dependente de programas. Não ficará limitado, entende?
Digamos que ele soube aproveitar a ferramenta.
É lógico que elas ficariam bem melhores se fossem feitas no seu traço, mas mesmo assim, tá valendo!

Uma tira especialmente feita no Bitstrip

Minha opinião é que até dá pra treinar num desses programas, mas isso seria limitar muito sua capacidade de criação.
O interessante mesmo é fazer na unha! Botar a cachola pra funcionar e o lápis no papel!!!
Tendo por base essa opinião, achei que esse tipo de post ficaria vago e seria mais do mesmo, já que tem tantos outros sobre isso por aí na blogosfera, e eu, definitivamente, não queria fazer algo igual.
Então, resolvi bolar algo e não só falar de programas, mas falar mesmo sobre o assunto. Como fazer tiras?
E vieram vários questionamentos:

- Como fazer isso?
- Como mostrar o passo-a-passo da feitura de uma tira?
- Como formatar isso num blog para que não fique enfadonho e desinteressante?
- Até quanto eu entendo sobre tiras pra passar isso?
- Vão me achar pretensioso por isso?
- Vão notar que há meses eu não faço uma só tira? =)

Então, cheguei a uma conclusão óbvia: Iria ter trabalho!!! Muito trabalho!
E por quê? Porque existem zilhões de maneiras de se fazer uma tira, cada um tem o seu jeito de fazer e tem tiras pra todos os gostos!
Tem as de humor, como Hagar, que são as mais comuns hoje em dia, até as de ação, como Flash Gordon, que foram muito mais comuns na década de 30.
Então, essa é a primeira coisa a ser definida. Qual será o teor das suas tiras?

Fazer coisas baseadas em fatos reais é uma boa também.


Até nesses programas existem várias possibilidades de se contar uma história.

Descubra o assunto do qual você quer falar e crie seus personagens baseados nessa história.
Veja o caso de “A vida com Logan”, por exemplo. Criada por Flavio F. Soarez, que escrevia um blog registrando o dia a dia com seu filho Logan, uma criança com síndrome de Down, se transformou em emocionantes, bem-humoradas e muito bem desenhadas tiras.





E qual é a importância de definir assunto para as tiras?
Isso vai te dar um parâmetro, um norte para onde seguir. A composição de personagem é muito importante também.
Não adianta fazer como na novela das oito que seu personagem vai mudando de característica conforme a trama. Você pode até tentar, mas a resposta do público para isso costuma ser mais devagar e no final isso pode se voltar contra você.
O ideal é, depois de criado o personagem, montar uma ficha de características para ele. Não precisa ser nada muito profundo como um personagem de RPG ou de quadrinhos, mas o suficiente para ele se manter agradável e coeso nas tiras. Fez um tipo mau-humorado, mantenha isso até o fim!
Seria meio estranho, por exemplo, o Louco, personagem da Turma da Mônica ficar “normal” de uma hora pra outra, não?
Então é isso, pequenos padawans, primeiros passos para produção de tiras:
- defina um mote para as histórias;
- crie o(s) personagem(ns);
- defina suas características e comece a pensar nas tiras!


Faça pelo menos umas 10 tiras e mostre para seus amigos e/ou familiares. Seja crítico e aceite todas as críticas e depois, passadas na peneira, produza mais 10 ou 20 e comece a publicá-las!!!
Sempre tenha muitas tiras a frente da publicação. Isso vai te ajudar a cumprir prazos!

Estejam aqui na próxima semana, para a continuidade desse tópico, falaremos mais sobre temas!
See ya!

terça-feira, 27 de abril de 2010

As Melhores Coisas do Mundo (2010)

Uaréview 
Por Marcelo Soares

 "Não é impossivel ser feliz depois que cresce. 
Só fica mais complicado" (Mano)

Ser adolescente não é fácil, são um turbilhão de sentimentos, sensações, pensamentos em um microinstante. Cada segundo é uma eternidade e o menor problema se torna uma tempestade. È para esse público que Laís Bodasky, diretora de belos filmes como Bicho de Sete Cabeças e Chega de Saudade, fala em As Melhores Coisas do Mundo (2010). Com Roteiro de Luiz Bolognesi, o filme é inspirado na série de livros “Mano” de Gilberto Dimenstein e Heloísa Prieto, e tem no elenco Paulo Vilhena, Caio Blat, José Carlos Machado, Gustavo Machado, Denise Fraga, Fiuk e apresentando Francisco Miguez.


Segundo o release oficial do filme: As Melhores Coisas do Mundo retrata o universo de Hermano, conhecido como Mano (Francisco Miguez). Adolescente de classe média, filho de intelectuais, mãe (Denise Fraga) e pai (Zé Carlos Machado) professores de pós-graduação e irmão mais novo de Pedro (Fiuk). A chegada do mundo adulto vem cercada de dificuldades de tirar o fôlego e exige do protagonista uma grande transformação em sua forma de ver o mundo.

Uma das grandes críticas feitas ao cinema nacional é a falta de obras que falem sobre o mundo infantil e o mundo dos adolescentes de uma forma real, sem exageros ou maneirismos. “As melhores coisas...” consegue esse feito, levando a vida de jovens de classe media com seus problemas existências, paixões instantâneas, aprendizados, duvidas e sofrimento, sem ser piegas, chato ou vazio. Como se referiu um amigo: “Uma Malhação com conteúdo”. Reirando alguns clichês em estéticas de narrativa, direção e roteiro, já se tornou um dos melhores, para mim, desse ano.

O filme me fez lembrar clássicos do saudoso John Hughes, como Clube dos Cinco e Curtindo a Vida Adoidado, na forma como respeita o pensamento dos jovens. Muito desse entendimento se deve ao belo trabalho de pesquisa da direção e roteiro indo em escolas, entrevistando alunos, conhecendo suas visões de mundo, o que gostam, fazem e pensam, levando para a tela questões como virgindade, a importância da musica, os preconceitos escolares, a vida em grupo e o estresse que uma paquera pode causar, porém, não de forma caricata. Gerando, assim, uma identificação não só do adolescente espectador, mas, também, de qualquer adulto que não consegue não se lembrar de suas peripécias de juventude e seus pensamentos naquela época.

Se Hughes retratou tão fielmente o adolescente da década de 80, Laís Bodanzky trouxe o mundo atual, com sua tecnologia, e conseqüências dela como fotos espalhadas via celular e blogs. A realidade de um jovem, em meio a um mundo cruel, complicado e em constante modificação.

Nota: 9,5

PS: O site oficial do filme é bem interessante de se ver,  tem até um plano educacional de como se usar o filme em debates escolares.

PS2: Combinou de que vi  o filme logo após ver outra obra referente a juventude brasileira: Pro Dia Nascer Feliz, documentário sobre a vida de alunos de nivel fundamental e medio de vários lugares do país. Recomendo também.

PS3: A trilha do filme é um caso a parte, muito boa e agradavel de se ouvir. Especialmente de se ver o suo de Something, dos Beatles, como tema do protagonista que procura usá-la para conqistar uma garota. Nada mais apropriado!

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Hellblazer

Lúcifer: Olá, John. John, olá. Você é a única alma da qual eu subiria aqui para buscar pessoalmente.
John Constantine: Foi o que me disseram.
Constantine






Tema Macabro




Não foi só o gênero de super-heróis que teve sua fase áurea, os quadrinhos de terror também passaram por um momento de grande produção e muita qualidade em termos de história e arte. Essa era de ouro foi dominada, nos EUA, principalmente por uma editora chamada EC Comics, que publicava essencialmente HQs com temas adultos, desde histórias policias até, obviamente, histórias de terror.

Mas esta era de ouro das Hqs de terror teve fim lá pelos anos 50, por conta de um monstro muito mais perigoso e assustador do que qualquer criatura já imaginada pelo homem: a censura. Um psiquiatra publica um livro em que “prova” que HQs levam a delinqüência juvenil, incitam homossexualismo, sodomia e sadomasoquismo, e que são prejudiciais às crianças. Este mesmo psiquiatra não levou em conta – ou ignorou – o fato de que algumas HQs não eram destinadas ao público infantil (assim como não o são alguns filmes ou alguns livros) e conseguiu levar o governo a promover uma caça às bruxas a todas as editoras de quadrinhos consideradas “amorais”. A EC Comics, por só contar com conteúdo adulto, foi a principal prejudicada, e a caça às bruxas dos quadrinhos enterrou a editora e suas histórias junto com ela.

Por muito tempo, todas as histórias em quadrinhos levaram em suas capas o selo de aprovação do Comics Code Authority, autoridade criada para regular a produção artística de HQs. Aquelas que tinham o selo eram as Hqs “de boa moral”. As que não tinham o selo, não eram publicadas, não pelos nos meios convencionais pelo menos. As histórias de super-herói tiveram que carregar um tom excessivamente infantilóide e bobo para continuarem sendo publicados. A EC não teve como competir e deixou de existir.

Foi só em meados dos anos 70 que os quadrinhos começaram a reagir, quando personagens como Arqueiro Verde e Lanterna Verde lidaram com problemas sociais como drogas e racismo e Homem Aranha falhava em salvar Gwen Stacy. A partir daí, os autores e as próprias editoras começaram a ousar, gradualmente, até as grandes editoras voltarem a publicar histórias de terror. Embora de conteúdo bem menos impactante que seus antecessores da EC Comics, essas histórias abriram a brecha necessária para que o Comics Code aos poucos pudesse ser desafiado.

E então, quando Alan Moore reformulou o Monstro do Pântano, sendo o precursor do que no futuro seria a linha Vertigo (selo da DC Comics onde são publicadas histórias adultas), a DC Comics desafiou o código inclusive publicando as histórias sem o selo do Comics Code, levando adiante a retomada das HQs de terror.

Foi nas histórias do Monstro do Pântano, mais precisamente durante o arco “Gótico Americano” (onde o monstro e uma porção de outros personagens têm que evitar, literamente, o fim de tudo) que surgiu um peculiar personagem chamado John Constantine.

Constantine era um cara detestável. Um loiro britânico à lá Sting, que vivia com um sobretudo de tom pastel, fumante inveterado, com atitude arrogante e sempre enganador, logo arrebatou os leitores por sua atitude e por ser envolto em mistérios. Conhecido nos círculos místicos (embora nem um pouco bem-vindo), inicialmente não se sabia nada sobre ele, apenas que era um cara muito “rodado”, e já havia sido muita coisa na vida, de ladrão à exorcista, passando por roqueiro e paciente de um hospital psiquiátrico.

O personagem fez tanto sucesso como coadjuvante nas histórias do Monstro do Pântano que a DC lançou sua própria série, que se chamou Hellblazer (um termo difícil de traduzir e que pode significar uma porção de coisas). Nesta série, que dura até hoje (apesar de ter sido reformulada algumas vezes) foram revelados detalhes do passado de Constatine que não foram mencionados quando ele era coadjuvante na revista Monstro do Pântano, e que tornaram o personagem mais complexo e interessante.

O sucesso da revista deve muito ao jeito inusitado que as histórias transcorriam. Nós não víamos John Constantine sair no braço com qualquer criatura sobrenatural (até porque ele é apenas um ser humano comum). Sabendo de sua fragilidade mortal, Constantine frequentemente combatia as criaturas sobrenaturais usando sua maior arma até hoje: A sagacidade e habilidade de manipulação. Esse diferencial, aliado ao senso crítico apurado dos autores ingleses que eram escolhidos para escrever as histórias do personagem – e que não raro traziam diversas metáforas e críticas às situações políticas e sociais das épocas em que eram publicadas – foram os principais motivos que tornaram John Constantine um dos personagens mais interessantes da história dos comics.

Um dos grandes momentos do personagem foi durante o arco de histórias “Hábitos Perigosos”, onde Constantine descobre que está com câncer de pulmão devido ao uso constante do cigarro. A história é bastante inusitada, pois faz com que John Constantine, um homem que já havia ido até o inferno, precise enfrentar sua própria mortalidade, pois ele mesmo acabava por condenar sua vida, coisa que nem mesmo Lúcifer em pessoa consegura fazer.

Com o sucesso do personagem, eventualmente ele seria adaptado para outra mídia. Isso aconteceu em 2005, quando Constantine chegou ao cinemas. Estrelado por Keanu Reeves no papel principal e Rachel Weisz como seu interesse romântico, o filme foi relativamente bem nas bilheterias, tendo tomado algumas liberdades criativas – como fazer de John Constantine um americano ao invés de britânico. O filme pode ser considerado como uma versão “mastigada” – e mais “massa veio” – do personagem dos quadrinhos. Bom para conhecer o personagem, mas longe de explorar todo o seu potencial.



A personalidade marcante, as histórias inusitadas e a humanidade do personagem tornam John Constantine um dos personagens mais interessantes já criados e faz de Hellblazer uma das revistas que mais vale a pena ser lida até hoje.


Curiosidades:
- John Constantine foi criado por Alan Moore (Monstro do Pântano, Watchmen) depois que os desenhistas insistiram que ele criasse um personagem obscuro inspirado no visual do cantor Sting;
- Constantine já foi líder de uma banda de rock chamada Mucous Membran (Membrana Mucosa);
- Parte do filme “Constantine” é inspirado no arco de histórias “Hábitos Perigosos”;
- A árvore genealógica do personagem está repleta de antepassados que se envolveram com ocultismo. Entre eles estão Johanna Constantine, enforcada por traição durante a Revolução Francesa, Harry Constantine, que participou junto de Oliver Cromwell da invasão da Irlanda (e que passou cerca de trezentos anos enterrado vivo). Além disso, um Constantine teria sido o sucessor do mítico Rei Arthur;
- Recentemente o brasileiro Rafael Grampá (Mesmo Delivery) desenhou uma edição de Hellblazer;
- Hellblazer segue a tradição das clássicas HQs de Terror da EC Comics, com capas perturbadoras lindamente ilustradas por grandes artistas (algumas das quais ilustram o post).

Na próxima Madrugada:
Um cientista tenta reanimar pedaços do corpo humano...com resultados desastrosos. Na próxima semana, Reanimator.

domingo, 25 de abril de 2010

Jurassic Rock!!

Fala galera do rock and roll!! Todo mundo firme e forte como prego na areia? Shooow de bola... Hoje eu trago uma novidade pra vocês, essa semana eu recebi uma dica de uma banda que eu nunca tinha ouvido falar e fui conferir! Cara, que idéia FODA dessa banda...a dica foi do @dcumoviepage que tem a coragem de me seguir no Twitter... AaHUAHUaHauAHuahUAAHuA vamo conferir? É coisa fina!!

Hevisaurus!! É a versão Rock and Roll da “Família Dinossauros” (quem não se lembra disso hein?). Sério, é uma banda formada por nada menos que Dinossauros para tocar metal para crianças!! Procurei informações da banda pra passar pra vocês, mas como os Dinos são da Finlândia, e tocam músicas infantis Finlandesas....bom não tem muita coisa jogada por ai, mas vamos lá. A banda é um catado de ex-integrantes da Sonata Arctica e Stratovarius, que tiveram a sacada genial de fazer um visual Headbanger do Barney, aquele dinossauro roxo que deixa as crianças retardadas manja? A idéia é fazer a molecada ir se acostumando com o estilo desde pequeno, para isso eles adotaram o visual animalesco abaixo!Se liga na mulecada curtindo o som.... já sei onde vou ter meus filhos...rs

Vamos dar nomes as feras:

Herra Hevisaurus - Vocals
Milli Pilli - Keyboards
Riffi Raffi - Guitar
Muffi Puffi - Bass
Komppi Momppi – Drums

Oficialmente a banda começou as atividades em 2009, e os nomes reais dos músicos não foram completamente divulgados, bom até foram, mas deu preguiça de colocar aqui e ninguém ia conhecer mesmo, uarévaa! Os caras, digo, os dinos lançaram um CD com o nome “Jurahevin kuninkaat” que eu duvido você falar isso sem travar a língua. Não faço idéia se a banda está na ativa, se já foram extintos (hã hã hã pegou a referencia? Tsc...não vou explicar), o fato é que uma idéia tão boa quanto essa não rola nas terras brasileiras né? Podia rolar um Crossover de bandas com essa pegada mais “infantil” pra tirar a molecada do “Rebolation” e afins...Alôoo Andreas Kisser, convida uma galera aê pra fazer umas canções infantis com o peso do Metal cara!! (Fica a Dica..rs) Chega de falar, vamos ouvir o som do Hevisaurus!!


E o mais legal dos vídeos onde eles chamam uma criança pra subir no palco “tocar” com eles...cara....imagina essa criança como se sentiu ali no meio dos Dinos?? =D

Já tem por ai a algum tempo até, a iniciativa de transformar músicas do Rock em versões de ninar...e eu vou falar e mostrar isso no próximo post, pegando carona sobre o tema dessa semana certcho?

Fiz até um papel de parede com os Dinos ó...quem quiser é só clicar pra ampliar e salvar =D
É isso ai galera, semana que vem tem mais!!
Let´s Rock!!
Duende Amarelo

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Plantão do Monitor: Vongadires e seu lider!


[Monitor.jpg]
Como diria José Mojica,está praticamente confirmado! Joss Whedon,o cara que nos trouxe Buffy,Dollhouse e Firefly,vai assumir a cadeira de comando do filme dos Vingadores!Veja as opiniões desse humilde escriba e as novidades abaixo[ATUALIZADO]:

Por que Samuel L Jackson sorri? Porque ele pode!Em entrevista a vários sites e responde a varias perguntas sobre o seu papel de fato no universo Marvel cinematográfico.

-Ele começa explicando que a aparição pós créditos no primeiro Homem de Ferro foi o pontapé inicial.No segundo filme ele avança mais um pouco,porém...

-Vai ser nos Vingadores,não num filme solo da S.H.I.E.L.D.,que Samuca será o centro do furacão,o personagem principal.Falarei mais sobre isso durante o texto.

-Ele não tem certeza se estará em Thor,mas provavelmente vai a Londres para as filmagens do Capitão América.

-Ele não leu nada que Joss Whedon anda reescrevendo pros Vingadores.

-As filmagens devem começar de fato em fevereiro.

-E sim,ele matará pessoas em alguma hora.Principalmente aqueles que dizem "What?".Ou seja,no filme da super-equipe,veremos o cara em ação.


Nick Fury então no fim das contas seria o líder dos Vongadires? Seria interessante,e confirmaria a decisão inteligente (e óbvia) de usar The Ultimates (SÓ a fase do Mark Millar,pelo amor de deus) como base para a historia.Fury seria o cérebro da equipe,Capitas seria o comandante tático,e Stark forneceria tecnologia e,de certo,modo relações publicas e negociador da equipe.Mostraria como Fury se relaciona com a S.H.I.E.L.D. como comandante,e a pressão por detrás dela.Também haveria interação com esses heróis pela primeira vez unidos.

Mas temos o problema de duas possibilidades.Uma delas provavelmente positiva em relação a história,e outra do qual só em 2011 ela pode ser respondida.A primeira pergunta é:um cara como Tony Stark vai aceitar ser comandado por alguem?A resposta se ele finalmente deixará de ser um egoísta autruista e se tornará de fato um herói saberemos semana que vêm,quando Iron Man 2 estrear por essas terras.A outra duvida é o terceiro,e mais importante elemento de cedo modo,da equipe (Steve Rogers) vai fazer jus ao bater de frente com Stark e Fury?Por enquanto Chris Evans não nos passa nehuma confiança,mas vamos dar tempo ao tempo...

Como seria a formação então?Vamos por partes:
1- De fato confirmados:Homem de Ferro,Nick Fury,Capitão America,Thor,Viuva Negra.

2-Estão no filme,mas o que farão? Maquina de Combate (agente da S.H.I.E.L.D.? Coronel do exercito?),Hulk(herói,vilão,vitima?)

3-Quem deve entrar,mas só deus sabe: Vespa(Olivia Munn?),Homem Formiga(Edgar Wright já se encontrou com Whedon..)

4-Possíveis vilões: Loki? Skrulls? Jeph Loeb?



Bem,sobre Whedon,não posso falar muito.Curto o filme da Buffy e adoro a sua fase nos X-Men,mas ele tem o necessário para realmente dirigir um filme desse porte?Não que duvide da capacidade dele como (bom) diretor,mas caso Thor ou Capitas de errado em termos de $$$,ou até mesmo de aceitação,Joss terá que mostrar porque eles são a maior equipe do planeta (pra quem é Marvete) e a pressão não virá só dos fãs,mas do estúdio principalmente.Whedon já começou seu trabalho reescrevendo o roteiro do First Avenger e dos Vongadires,mas contanto que ele não ponha frases de efeito do nivel dessas tá valendo:



Quem é fã de quadrinhos,indenpedente de editora,espera que saia um resultado bem feito.Enquanto setembro e o fim do mundo não chegam,só resta esperar e especular o que vai acontecer...

UPDATE:Kevin Faige,o manda-chuva da Marvel Studios,confirmou hoje ao site CHUD que o Comando Selvagem estaram na segunda seguerra ao lado do Capitas,ou seja,as chances de Samuel L Jackson fazer ir pra Londres aumentam ainda mais.Só que o site diz que há grandes possibilidades de eles se misturaram com os Invasores.Da equipe,só está confirmado a presença de Gabriel Jones,que é o tocador de trombetas da equipe.Se você não conhece porra nenhuma da equipe,vá ao Wikipedia gringo que tá tudo explicado lá.

Na próxima semana,novidades da DC,seja quais elas forem,em filmes ou cinema.Continuem acompanhando o Uarevaa e meu blog para mais novidades,e fiquem com o trailer de Batman:Under The Red Hood,pra por um pouco de qualidade nesse ambiente Marvete HAHAHAHAHAAHAHA

quinta-feira, 22 de abril de 2010

...Eis O Questão!!

No post anterior:
Pô... o post anterior eu já li, semana passada, e esse de hoje não vai ter nada a ver com ele então.... e dai? Você não leu? PROBLEMA SEU, perdeu um post bem legal.... Ok, ok, eu quebro teu galho... Foi sobre o Homem Borracha e claro que cê ainda pode ler, e até comentar ( o Rafael agradeçe, rs...). Clica aqui e confere.
Já deu pra perceber que não é o Rafael aqui hoje, né? Se você pensou, pela introdução panaca, que deve ser o Freud, parabéns. Agora chega dessa firula e também das minhas palhaçadas porque tou aqui pra falar de um personagem que curto muito...


“Enquanto isso, na banda desenhada...” é uma seção que traça um paralelo entre o universo real e o mundo dos quadrinhos, analisando como as duas realidades afetam uma à outra, trazendo informação e estimulando a reflexão acerca dessa 8ª arte.

Quem é o Questão?
Um misterioso vigilante sem poderes, armado apenas de seus punhos, que usa de um visual assustador para intimidar suas vítimas. Um herói determinado e violento que segue rigidamente seu código moral. Um jornalista que faz uso de seu alter ego para investigar a fundo suas matérias de forma incógnita.

Dito assim, não parece muito original, mas vamos olhar um pouco mais a fundo, porque sim, o Questão é um personagem singular.

Criado em 1967 por Steve Ditko (Co-criador, com Stan Lee de ninguem menos que o Homem Aranha, Dr. Estranho e criador ou co-criador de muitos outros personagens, tanto na Marvel quando na DC) foi publicado pela primeira vez pela editora Charlton Comics numa estória curta no final da revista que reformulava um antigo herói, o Besouro Azul (revista Blue Beetle #1).

Essa primeira encarnação do personagem, escrito e desenhado por seu criador, teve muito poucas estórias (mais 4 estórias curtas em Blue Beetle de #2 à #5 e a edição Misterious Suspense #1, que ele protagonizou) mas chamava atenção por seu visual e conceito filosófico. O Questão expressava algumas ideias da filosofia em que Ditko acreditava, o Objetivismo de Ayn Rand e a incorporação de uma ideologia filosófica por um “super-herói” era um diferencial nos “comics”.

Ao contrário da maioria dos heróis da época, não havia diferença de comportamento entre o jornalista e cidadão Vic Sage e seu alter ego, o Questão. O Questão era como que uma ferramenta de Vic para investigar e agir de acordo com suas crenças do que é certo numa sociedade mas Vic não se passava por fraco ou relapso em sua identidade civil, pelo contrário: era ainda mais contundente como âncora de jornal, contrariando grandes interesses em prol da verdade e chamando a responsabilidade o cidadão comum. E Vic não hesitava sequer em combater o crime corpo a corpo se necessário, mesmo em sua identidade civil.

Como o Questão ele usava uma máscara totalmente lisa feita de um tecido chamado Pseudoderme (que simulava a pele humana) e acionava um compartimento na fivela de seu cinto que exalava um gás binário, usado para fixar sua máscara e alterar a cor de suas roupas e cabelos, de forma a preservar sua identidade civil. Esse gás era usado tambem para cobrir suas aparições e intimidar visualmente seus oponentes, dando uma aspecto ainda mais amedrontador ao já sinistro "homem sem rosto”. Tanto a pseudoderme quanto o gás binário haviam sido criados pelo cientista e amigo Aristoteles Rodor, o “Tot”. Sua roupa como o Questão era outra coisa interessante: enquanto os super-heróis trajavam colantes chamativos, o Questão simplesmente usava roupas comuns, um terno e um chapéu fedora, algo que remetia ao Spirit de Will Eisner.

Outra diferença é que o Questão não se importava realmente com o destino trágico que seus inimigos eventualmente sofriam, nem se dava ao trabalho de tentar resgatá-los de perigos mortais pois eles simplesmente “mereciam estar exatamente onde estavam” pelos atos que cometeram. No quadrinho abaixo vemos justamente isso, quando ele deixa dois criminosos se afogando no esgoto sem sequer cogitar a possibilidade de tentar salvá-los da morte provável.

Dá pra notar que, ao escrever o Questão, Ditko tinha certa liberdade para fugir ao padrão de heróis da época e criar um vigilante que agia da forma como ele mesmo julgava que alguém assim deveria agir. Ainda assim, não era uma liberdade total e Ditko (participando de uma revista alternativa chamada Witzend onde havia uma ainda maior liberdade de criação) lançou, na mesma época, um personagem bastante similar, o Mr. A, basicamente uma versão mais “hardcore” do Questão, um personagem para quem não havia meio termo: ou algo era certo ou errado, ou era bom ou mal, ou era honesto ou corrupto e, se era errado, mal ou corrupto, devia ser combatido sem concessões. Clique nas imagens abaixo para ampliar e ler duas páginas da primeira estória do Mr A (em inglês).



Mas voltemos ao Questão: com o fim da linha de super heróis da Charlton, ele e vários outros personagens ficaram esquecidos, até que a DC Comics comprou os direitos desses personagens e optou por reformular e incluir vários deles, inclusive o Questão, na sua “Terra única” criada após o fim da saga “Crise nas infinitas terras.”

Na nova Terra da DC, o Questão fez sua primeira aparição em 1986, co-estrelando algumas aventuras do seu velho “companheiro de título” da Charlton: O Besouro Azul. No início do ano seguinte o Questão seria reformulado por Denny O´Neil (assunto pro próximo post), mas antes disso falemos de outro ilustre “herói sem rosto” que estreava também no fim de 86...

Diário de Rorchach, 12 de outubro de 1985

“Carcaça de um cão morto no beco hoje de manhã com marcas de pneu no ventre rasgado. A cidade tem medo de mim. Eu vi sua verdadeira face.

As ruas são sarjetas dilatadas cheias de sangue e, quando os bueiros transbordarem, todos os vermes vão se afogar.

A imundice de todo sexo e matanças vai espumar até a cintura e as putas e os políticos vão olhar para cima gritando “salve-nos”

… e eu vou olhar para baixo e dizer “não”.

Eles tiveram escolha, todos. Podiam ter seguido os passos de homens honrados como meu pai ou o presidente Truman. Homens decentes, que acreditavam no suor do trabalho honesto. Mas seguiram os excrementos de devassos e comunistas sem perceber que a trilha levava a um precipício até ser tarde demais.

E não me digam que não tiveram escolha.”

Com esse trecho do Diário de Rorschach começou Watchmen, a inovadora HQ que até hoje é reverenciada por muitos como a melhor revista de heróis já escrita e figura em várias listas de melhores obras da literatura. Se você não conhece, recomendo fortemente. Já tivemos inclusive uma semana especial só de posts relacionados a ela, na época do lançamento do filme, confira AQUI.

Lendo esse trecho do diário dá pra notar alguma semlhança de postura entre ele e os Questão e Mr A de Ditko? Claro, e não é a toa. Alan Moore, escritor de Watchmen, baseou todos os personagens da série em heróis da antiga Charlton Comics pois, na verdade, originalmente seria uma série usando esses personagens, mas a DC ao ver mais a fundo a proposta da hq, percebeu que simplesmente não teria como reaproveitar os personagens ao final de Watchmen e sugeriu que ele escrevesse a estória usando personagens novos baseados nos da Charlton.

Moore apreciava muito o trabalho de Ditko, tendo sido suas estórias a principal razão pelo qual ele acompanhou as revistas da Charlton, e fez de Rorschach uma versão realista e psicótica do Questão e de Mr. A. E embora discordasse totalmente das idéias e pontos de vista de Ditko, apreciava a firmeza de caráter dele e de seus personagens e suas convicções inabaláveis. E provavelmente foram essas características que, por mais perturbado que Roschach seja, fizeram desse anti-herói talvez o personagem mais popular e admirado da série.

Tão fortes eram as convicções de Rorschach que seu próprio destino final não estava definido na idéia original da HQ, mas se tornou inevitável quando Moore percebeu que o Rorschach jamais faltaria com sua moral própria, jamais se curvaria a mentira, qualquer que fosse o custo disso.

A seguir: Zen Budismo, Câncer e Lesbianismo na segunda e última parte sobre O/A Questão.