O céu está em guerra civil. Após Deus descansar no sétimo dia seus arcontes Miguel e Gabriel iniciaram uma batalha que já duras milênios. No meio do conflito, dois anjos vem a Terra em missão de resgatar dois companheiros desaparecidos, e acabam descobrindo uma grande conspiração angelical.
Eu não li A Batalha do Apocalipse, sucesso de vendas do mesmo autor. Minto. Li 50 páginas e não gostei muito do que li, escrita simplista, diálogos superficiais, sem brilho, e muita porrada a La Cavaleiros do Zodíaco para mim - desde suas vestimentas de armaduras até nomes para golpes. Então, ao pegar Filhos do Éden esperava que com a experiência o autor tivesse melhorado e, assim, fosse mais fácil me fisgar pela história. Feliz fiquei a ver que isso acontece.
Na obra de Eduardo Spohr há uma guerra no céu. O confronto civil entre o arcanjo Miguel e as tropas revolucionárias de seu irmão, Gabriel, devasta as sete camadas do paraíso. Com as legiões divididas, as fortalezas sitiadas, os generais estabeleceram um armistício na terra, uma trégua frágil e delicada, que pode desmoronar a qualquer instante.
Enquanto os querubins se enfrentam num embate de sangue e espadas, dois anjos são enviados ao mundo físico com a tarefa de resgatar Kaira, uma capitã dos exércitos rebeldes, desaparecida enquanto investigava uma suposta violação do tratado. A missão revelará as tramas de uma conspiração milenar, um plano que, se concluído, reverterá o equilíbrio de forças no céu e ameaçará toda a vida humana na terra.
Juntamente com Denyel, um ex-espião em busca de anistia, os celestiais partirão em uma jornada através de cidades, selvas e mares, enfrentarão demônios e deuses, numa trilha que os levará às ruínas da maior nação terrena anterior ao dilúvio – o reino perdido de Atlântida.
Logo no inicio, a história se mostra mais interessante do que A Batalha por se passar no mundo humano mais do que no Celeste, o que dá uma proximidade e carisma maior. Spohr sabe como construir a história que quer contar, sua narrativa prende, e seus personagens também. Apesar de um tom muito didático às vezes, caminhos fáceis até – não se comprometer a dizer onde Atlântida ficaria no mapa mundial - e algumas revelações nada surpreendentes, a obra nos segura até seu fim, cumpre seu papel de literatura de entretenimento.
Contudo, o autor se mostra nada mais do que mediano. Sua obra não é excepcional, não nos tira da cadeira como, por exemplo, o primeiro volume da Torre Negra de Stephen King me fez em muitos momentos (sei, comparação tosca). Em vários instantes da leitura sentia que o que lia era só enrolação para deixar a obra maior em quantidade de páginas - mesmo sabendo que até tinha seu sentido e movimento na história ir a Amazônia, mas que tem coisas bem mal elaboradas ali e puramente enrolação, isso tem.
O primeiro volume, do que será uma trilogia (afinal, é a moda), se chama Herdeiros de Atlântida falando, óbvio, da cidade Antediluviana mítica. Contudo, deixou a sensação de quero mais sobre essa raça e cultura, ponta que espero seja coberta nos próximos livros – dos quais só o segundo já tem nome: Os Anjos da Morte.
Muitos criticam não só o Eduardo como outros autores do já chamado “renascimento” da literatura fantástica no Brasil. Mas acho legal novas temáticas surgirem e terem sucesso de vendas, pois, assim, do meio de coisas medianas pode sair algo realmente fenomenal. Filho do Éden, como disse antes, cumpre sua função de entretenimento muito bem, o que já é um grande mérito em tempos de produções culturais cheias de efeitos pirotécnicos (e não se engane, na literatura tem muitos Michael Bays) e pouca qualidade. Vale a leitura.
Filhos do Éden - Herdeiros de Atlântida
Autor: Spohr, Eduardo
Editora: Verus
Número de Paginas : 476