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sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Podcast Uarévaa #110 - Eleições


Pior do que tá... 
...FICA! 
Ahhh, se fica!


Freud, Rafael Rodrigues, Luis Modesti, Marcelo Soares e Moura debatem sobre o sistema eleitoral  e a política brasileira. No final, a leitura de comentários mais lotada e caótica da história do Uarévaa.





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E o RSS? E o ITunes?

Tá ai, porra!! Clique e assine!


Sim, promessa de campanha se cumpre assim: 
às vésperas das eleições, bwahahaha

Mas CLARO que cumprimos só uma parte pois se não tiver
nada pra fazer pro próximo mandato, ninguém vota na gente.
Os 10 últimos podcasts já estão ai no feed novo e vamos
atualizar os antigos toda semana.

Agradecemos ao Hugo e ao Tourinho do Pauta Livre News por ajudar 
nossas magníficas mentes  incompetentes a resolver esse problema.


Comentado no Podcast

- Posts do Rafael sobre política:

Ideologia, eu quero uma pra viver





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com críticas, elogios, sugestões e etc e tal sobre nosso podcast.


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PROMOÇÃO LIGA DA JUSTIÇA UARÉVAA: CONHEÇA A LIGA VENCEDORA




Pois é, pessoal, já anunciamos no Podcast #108 que o vencedor da promoção foi o Lucas Rosa, já fizemos contato com ele e, com a normalização dos correios após a greve, em breve ele receberá seu fodástico poster. Quer ver com que Liga ele venceu?



Clique ai no Leia Mais e conheça a história dessa "Liga Extraordinária Brasileira".

"Ahhh, mas que filhosdaputa! Falaram que mandar desenho não ia influenciar muito no vencedor e blá, blá, blá... E OLHA AI!"

Calma, eu posso explicar, não é isso que você está pensando, bwahahahaha

Sério, não é mesmo. O Lucas mandou apenas texto e venceu, assim como poderia ter vencido alguém que enviasse algum desenho ou montagem foda também, a ideia e desenvolvimento foi determinante, não o meio utilizado. Veja ai o resumo de livro que ele fez, que deixou muita gente do Uarévaa interessada mesmo em ler um livro completo com essa trama.
- - - - - - - - - - - - - - 

A minha Liga da Justiça ideal trata-se não exatamente de um grupo de personagens que se une para lutar juntos contra um mal comum eternamente; na realidade, seria um evento muito singular que reuniria esse grupo de personagens - e posso dizer, com a maior convicção possível, que esse grupo também se deixaria de existir após o acontecimento que o fez surgir. Imagino que isso não vá desclassificar a minha Liga, afinal, a banda d'Os Cascavelletes durou apenas quatro anos e os Engenheiros do Hawaii foram formados para tocarem apenas uma noite, apesar de terem seguido com a banda.

Em um momento da década de 1940, no Brasil, uma adolescente chamada Emília acordou-se e levantou numa manhã qualquer para ir para escola. Sem bocejar ou mesmo praguejar por levantar cedo, ela despertou e pulou da cama numa incrível facilidade, que até ela mesmo estranhara. Mas o que poderia estar acontecendo para ela estar se sentindo tão leve?

Emília pegou umas peças de roupas do roupeiro e atirou na cama, e, então, caminhou até o espelho. Quando ela enxergou o reflexo, não conseguiu reconhecer-se, nada era nada do que ela havia sido antes nos seis quatorze anos de vida. A menina havia se tornado uma boneca de pano; ela podia enxergar as costuras ao redor de todo o seu corpo, podia sentir sua composição de algodão, não havia mais nenhuma pulsação e muito menos um coração bombeando sangue, afinal, não havia sangue, veias, órgãos, tecidos orgânicos... nada!

Ela tirou seu pijama e os pequenos seios que ela tinha até um dia atrás não existiam mais, nem sexo ela tinha. Emília tentou gritar, mas sua boca havia sido costurada. Assim como não podia gritar ou falar, a pequena Emília não conseguiu se alimentar e, da mesma maneira que não pôde ir na aula aquela manhã, ela não conseguiu sobreviver àquele fato idiota que ocorreu naquela manhã. Uma pequena boneca de pano, sem as roupinhas, foi encontrada caída da cama, já sem vida. Esta não é a estória de Emília, infelizmente.

Mas é a estória de um grupo de ilustres pessoas que resolveram matar o Anticristo, mais ou menos uma década depois de quando os demônios passaram a povoar o planeta Terra e causaram consequências como a estória de Emília.

Reunidos pelo Império Brasileiro, em 1923, esse grupo foi incumbido de matar o maior que pode existir, o Anticristo, e impedir de acontecer o apocalipse. Um velho mago armênio [personagem de A Luneta Mágica, de Joaquim Manuel de Macedo], cego e dono de uma aparência que espantava os mais desacostumados, era muito alto, com quase dois metros de altura, mas também muito magro, com uma barba já embranquecendo um pouco grossa e longas e sujas unhas, fora responsável por reunir o grupo. O mago possuía a função de conselheiro na corte do Império e havia sido ele quem havia identificado, através de profecias e revelações divinas, quando o apocalipse aconteceria. As cartas recrutando os nobres cavalheiros a integrarem a esse grupo foram enviadas.

Não havia possibilidade de recusar o "convite". Alguns meses depois do envio da carta, conforme combinado, o mago reunira todos em uma mesma sala. Santos Dumont, proficiente inventor retornava à Corte brasileira, depois de longos problemas com uma invenção sua que o Império havia expropriado, mesmo sem estar em total conclusão, estava na sala sempre pontual, como de costume. Do outro lado da sala, em cima de uma mesa, havia uma cabeça falante, era o homem que fora conhecido como Tiradentes. Com um rosto ossudo, barba e uma calvície que atacava cabeça adentro, apesar de permitir-lhe manter longos fios de cabelos nas laterais, tão esbranquiçados quanto a barba. A cabeça se mantinha viva graças aos experimentos de Santos Dumont que, não só mantiveram Tiradentes vivo, como ainda desenvolveram um tripé a vapor para ele movimentar-se. Na mesma sala, de pé, aparentemente incomodado com toda a situação, havia o gaúcho General Netto.

Apesar dos registros considerarem que estava morto à mais de cinquenta anos, na realidade, o general mantinha a mesma aparência que tinha desde a última vez que fora visto. Durante a Guerra dos Farrapos, ele havia comprado de uma mascate que vivia da guerra uma bebida que lhe concedeu um prolongamento único de sua vida. Netto sabe que não é imortal, mas ele viveu mais de cinquenta anos sem sentir um ano de envelhecimento, logo, nem imagina o quanto ainda a vida o reserva. Com apenas os quatro na sala e um cachorro quieto em um canto, o mago armênio começou a reunião apresentando a proposta de criação do grupo. Em meio a tantas explicações, um jogo de porcelana despencou no chão e ouve-se uma voz.

Sem necessidade de muitas apresentações, o grupo percebeu que era o fantasma de Machado de Assis, o escritor que teve o mesmo fim de um de seus personagens, Brás Cubas. Dono um perturbador humor negro, Machado de Assis não dá a mínima para a existência dos vivos, tal qual seu personagem. Ironizar as fraquezas humanas é um passa-tempo para ele, que não pôde recusar o recrutamento para juntar-se ao grupo pois as extensões de poderes do mago armênio iam além do mundo dos vivos. Depois de dar seguimento à reunião, havia ainda um membro que precisava ser apresentado. O Império havia o capturado e ele estava preso naquele momento. O mago levou os demais membros há uma prisão escondida, onde podia se ver um homem esguio, de características nordestinas, era o Lampião. Apesar de uma personagem de "difícil convivência" (e por isso leia-se que ele tentou atacar o grupo três vezes antes de partirem para sua missão), ele fora convencido pelos poderes místicos do mago de que estaria agindo de maneira justa.

O plano passava a entrar em ação: Santos Dumont levou três meses ou um pouco mais para concluir a sua invenção que o Império o havia roubado, uma máquina do tempo. Segundo Dumont, a máquina falharia ao tentarem viajar ao passado, porém, ao futuro, ela funcionaria bem. E, então, o grupo que reunira Santos Dumont, Tiradentes, General Netto, Machado de Assis, Lampião e um mago armênio avançou algumas centenas de anos até chegar no Brasil da década de 1950 para enfrenta o apocalipse. O garoto que eles procuravam por ser a encarnação do Anticristo, vivia em São Paulo e se chamava José Mojica Marins. O garoto falava línguas de demônios e compreendia cada vez mais os planos para o apocalipse. A luta dos heróis não podia impedir uma profecia divina, o céu e o inferno já se preparavam para aquele fim. O mago armênio aproveitando-se de um momento singular, mata o jovem José, porém profecias não podem ser simplesmente desfeitas. No instante seguinte da morte de José, toda a alma do mago estava já impregnada por toda maldade demoníaca existente. Nenhum dos outros heróis pôde impedi-lo. Nenhum deles retornou.

- - - - - - - - - - - - - - 

Que tal? Acabou mais próxima da Liga Extraordinária do Alan Moore que de uma Liga da Justiça, mas como a gente tinha dito, valia tudo, e essa foi muito bem votada pelo pessoal daqui.

Já o desenho no início do post foi esse ai abaixo, feito pelo Vini após definirmos o vencedor, para a capa do livro que vamos fazer o Lucas escrever pra ganhar grana em cima dele, bwahahahaha
Clique AQUI para abrir em tamanho maior

Parabéns ao Lucas e aguardem mais um último post relativo a essa promoção, com um apanhado de outras participações bem legais que tivemos.

UARÉVAA!!

quinta-feira, 27 de setembro de 2012

O Imigrante


Entre a vida que esperaríamos de ter e a vida que gostaríamos de esquecer, é onde se encontra a tragédia.


Mais uma história do HQCX, com roteiro de FTF e arte de Adan L Marini. Basta clicar no play e navegar usando as setas do teclado ou os botões e rolagem do mouse.


No site do O Caxiense vocês podem encontrar todas as hqs já disponibilizadas, basta clicar nesse link.

E não deixe de apoiar o projeto, curtindo a fanpage do facebook:

terça-feira, 25 de setembro de 2012

Andrício de Souza.com




André Cintra de Souza, 26 anos, desenhista, adorador do Pereio, crítico da politica e de si mesmo, jornalista, desempregado. Não sabe desenhar, mas não o impede de desenhar.






Segundo André, começou as tiras com um piada sobre o candidato José Serra durante as eleições presidenciais de 2010. Desde então vem postando em seu site pessoal desenhos toscos (ele mesmo assume que não sabe desenhar). 

Fora das publicações por editora, o quadrinista reuniu parte de seu trabalho na revista “As 100 primeiras melhores tirinhas de Andrício de Souza”, 72 páginas e orelha assinada por Allan Sieber (Malvados). Confiram um pouco do trabalho dele:










segunda-feira, 24 de setembro de 2012

The Rolling Stones vs. Liz Gillies


Hora de mais uma briguinha musical aqui no Uarévaa!

E chego a ter dó do resultado, mas não custa tentar, né? Vai que o cabra curte algo diferente?

- - - Post atualizado com o resultado - - -


Enquanto seguem tomando uma surra de pau mole dos garotos de Liverpool, a banda do bocudão Mick Jagger entra também em outro ringue e há quem diga que nesse eles estão muito mais preparados pro desafio...

Mas pra falar a verdade, hoje quem ganha é quem curte boa música.

Isso porque os Rolling Stones quando lançaram a música em 1971, talvez não soubessem que estavam criando uma das músicas mais belas do mundo!

"Wild Horses" foi lançada no álbum Sticky Fingers, com autoria de Mick Jagger e Keith Richards e os fãs achavam, na época, que ela tinha sido inspirada no relacionamento do vocalista com a também cantora Marianne Faithfull. Algo que Jagger desmentiu muitos anos depois, no encarte da coletânea da banda de 1993, Jump Back: The Best of The Rolling Stones.



Antes de seu lançamento em Sticky Fingers, Gram Parsons, guitarrista e vocalista do The Byrds, convenceu Jagger e Richards a permitir que ele gravasse a música com sua banda.

Embora os Rolling Stones já tivessem gravado a faixa, a versão de Parsons acabou sendo a primeira a ser lançada de fato, em abril de 1970.

Isso é um fato interessante acerca dessa canção, ela acabou confirmando-se como uma das mais populares músicas que viraram cover através de diversos artistas, como:
Garbage, The Sundays, The Cranberries, Elvis Costello, Neil Young, Guns N' Roses, Bush, Chris Cornell, Jewel, Dave Matthews, Alicia Keys, Stone Sour, Sheryl Crow e até Susan Boyle (!), entre muitos outros. Inclusive da nossa nobre desafiante... Liz Gillies!!!

Pra quem não sabe (e, pra falar a verdade, nem eu sabia) a cantora Elizabeth Egan Gillies é também atriz e modelo, mas é mais conhecida pela molecada que assiste a sériezinha adolescente da Nickelodeon, Brilhante Victória, interpretando a personagem Jade West e também de alguns filmes como Garotas S.A e Harold, onde faz, em ambos, uma personagem secundária. Ela também participou de um curta chamado The Death and Return of Superman (2011).

Essa minazinha que tá cantando aí, começou sua carreira estrelando comerciais de chiclete e celular, depois fez a série dramática The Black Donnellys e a comédia para TV, Locker 514 e até participação na série Crimes do Colarinho Branco, da FOX. Descobriu que cantava no musical adolescente "13" que fez para a Broadway e acabou gravando um single da trilha sonora de uma animação para garotas, chamada Winx Club, onde também dubla uma das personagens. Em 28 de julho desse ano, estava em estúdio, gravando demos para o seu 1° álbum.

Veja bem, então... sei que vários grandes nomes da música já gravaram essa música, mas achei que seria uma disputa interessante colocar uma bela voz feminina e um som mais "country" para a disputa musical. Até porque, se fosse um concurso de beleza, já teriamos o vencedor... né Mick?


Agora, a escolha é sua, pequeno padawan!

Vote na enquete abaixo, o resultado sai quinta feira aqui mesmo nesse post.

Musical Kombat: Rolling Stones Vs. Liz Gillies

Qual versão de "Wild Horses" você prefere?


A original dos dinossauros do rock Rolling Stones

A cover da iniciante Elizabeth Gillies

 

 - - - RESULTADO - - -

Olha só, vejam vocês... Os Rollings Stones, como bons velhinhos que são, andam, literalmente, mal das pernas. Além de levar uma surra Os The Beatles conforme vimos no último podcast (você viu o resultado?), acabou numa situação no mínimo... constrangedora!
Isso porque a velha banda de rock n´ roll, pela primeira vez na história desta coluna, empatou com a iniciante gatinha com "puta vozinha delícia"!!! Isso mesmo, EM-PA-TOU! Heh,he,he...
Foram 50% pra cada lado, e já que, quem vence tem um clipe a mais divulgado aqui no post, os dois merecem às honras...

E já que falamos em Beatles, Liz Gillies por acaso também canta uma bela versão de "Jealous Guy" composta por John Lennon, na época de sua carreira solo.


Já os Rolling Stones aparecem com o clipe mais lisérgico da carreira (sem duplo sentido aqui, já que o clipe faz menção a uma viagem de LSD), justamente uma cover, "Like A Rolling Stone", escrita por nada menos que Bob Dylan e com a participação da atriz Patricia Arquette!



 

sexta-feira, 21 de setembro de 2012

Podcast Uarévaa #109 - Beatles Vs. Stones


"Era um garoto 
que como eu
amava os Beatles e os Rolling Stones"

Vini, Freud, Luis Modesti, e o convidado Cuba dão um show de cagação de regra comparando o Fab Four com os Stones e relembrando um pouco da história dessas bandas.





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E o RSS? E o ITunes? Já tá tudo ok?

Pois é, ainda não foi dessa vez que resolvemos...

Mas ao menos colocamos no ar novamente
TODOS os podcasts anteriores!


Mas e ai, qual a melhor banda? VOCÊ DECIDE!

Um Musical Kombat extra aqui no podcast: Beatles Vs. Rolling Stones


Beatles

Rolling Stones


Comentado no Podcast

- As provas definitivas de que Molejo é melhor do que Beatles: veja AQUI.

- E o filho do John Lennon? Manda ou não melhor do que o pai?




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Cesta Básica de Quadrinhos #5



No CBQ de hoje, Freud fala sobre as hqs Dark #1 e #2, Space Opera #1 e #2 e Fell - Cidade Brutal.

Dark #1

Dark reúne 5 títulos do Reboot da DC Comics mais próximos do estilo da Vertigo, inclusive com personagens frequentemente publicados nessa linha da editora. Liga da Justiça Dark abre a revista ainda engatinhando na trama  e apenas introduzindo uma grande ameaça e alguns personagens que farão parte dessa reunião inusitada de "heróis" mais acostumados a agir sozinhos. A arte pra mim deixou a desejar na representação dos super heróis da Liga da Justiça "oficial", que fazem uma rápida participação, mas fora isso me agradou.

Homem Animal é o ponto forte dessa primeira edição,   conseguindo estabelecer bem a atual situação do protagonista e já dando início a uma trama que me instigou muito a acompanhar sua continuação. A arte também é ótima e casa perfeitamente com o roteiro.

As demais séries, Ressurreição, Eu, o vampiro e Monstro do Pântano trazem algumas coisas interessantes no roteiro e boa arte (principalmente na do Monstro) mas ainda não dizem a que vieram, com um início muito morno que não estabelece grande expectativa ou definição sobre o estilo de histórias que virão a seguir.

Apesar disso, o preço de R$8,99 pela edição com 5 hqs onde uma já teve ótimo início e as demais tem bom potencial vale a aposta nesse novo título da Panini.

Nota: 7,5


Dark #2

Mesmo com as segundas edições das 5 histórias, a maioria dos títulos ainda não engrena. Liga da Justiça DarkRessurreição e Eu, o vampiro seguem buscando estabelecer bem o status atual de seus personagens mas com um desenvolvimento de trama muito lento, que desamina um bocado. Já Homem Animal não decepciona, se tornando cada vez mais envolvente e confirmando a boa repercussão que o título vem tendo lá fora.

Monstro do Pântano é a grata surpresa dessa edição, estabelecendo um novo status que, ao mesmo tempo que respeita as grandes histórias já clássicas feitas com o personagem, traz uma nova e interessante visão sobre ele.

Nota: 8.0





Space Opera #1

Essa hq independente de 28 páginas trás duas histórias de ficção científica, ambas roteirizadas por Leonardo Santana. A principal, Andrômeda, mostra uma nave espacial caindo acidentalmente num planeta desconhecido e sua tripulação lidando com as consequências da queda e os perigos do planeta.

Embora cheia de situações comuns do gênero, tanto história quanto a arte (de Ricardo Anderson) me agradaram e fiquei interessado pela sua continuação na edição seguinte. A segunda história é curtinha e fechada, desenhada por Will, e também interessante. Há ainda um bom texto de duas páginas falando sobre o gênero Space Opera. A revista tem formato 21x15 cms, miolo em preto e branco e custa R$3,00.

Nota: 6.5



Space Opera #2

Aqui temos a sequência da história da Comandante Andrômeda, novamente com uma boa dose de ação. A arte continua boa, agora a cargo de Rosendo Caetano. A segunda historia dessa vez inicia uma nova série chamada As Novas Amazonas, com arte de Ricardo Anderson, sobre um grupo de guerreiras num Brasil pós apocalíptico. Os dois roteiros novamente são de Leonardo Santana. Completa a edição um conto de Gian Danton, autor do texto explicativo da edição anterior.

Essa segunda edição aumentou o número de páginas para 32, mas fora isso mantem o mesmo formato da anterior, e custa R$4,00. Comprei as minhas no stand do Quarto Mundo na Rio Comicon do ano passado, mas ambas podem ser adquiridas através do site www.bodegadoleo.com.

Nota: 6.5




Fell - Cidade Brutal - Vol. 1

Fell foi uma série policial lançada lá fora pela Image em 2005 e idealizada pelo roteirista Warren Ellis para trabalhar com histórias mais curtas que o normal do mercado americano (16 páginas ao invés do padrão de 22 da época) e um preço mais acessível. A trama mostra o detetive de homicídios Richard Fell se adaptando ao violento, repulsivo e abandonado distrito de Snowtown, transferido pra trabalhar ali devido a algum acontecimento misterioso em seu passado recente.

O clima sombrio e sujo do local é reforçado pela bela arte de Ben Templesmith, que ajuda a estabelecer a atmosfera noir da hq. Os bons roteiros de Ellis trazem sempre algum crime a ser desvendado nesse ambiente caótico que as vezes exige soluções anticonvencionais.

Esse encadernado lançado aqui em 2008 pela Editora Landscape por R$33,00 trás as 8 primeiras edições americanas e ainda se encontra à venda em diversas lojas online. Infelizmente essa elogiada série até hoje não passou do número 9 lá fora de um total de 16 edições previsto por Ellis, porque uma pane no computador dos escritor fez ele perder muito do que já estava pronto para as edições finais. Apesar disso, a passos lentos ele parece ainda trabalhar nela, e finalizou o roteiro da edição 10.

Nota: 9

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

Possuídos pelo ritmo… Gangnan Style


A internet é uma rede repleta de todo tipo de coisas estranhas, interessantes, absurdas e divertidas. Um amontoado de tendencias, videos, memes, textos com até uma cultura própria, que se espalha por sites, blogs e redes sociais. 

E é com a intenção de comentar sobre o que fervilha na web que a nossa querida Camila Téo, leitora constante, formada em Letras pela Universidade de São Paulo e internética enlouquecida assumida, inaugura sua coluna nesse pequeno grão de areia cibernético que é o Uarévaa. Confira e deixe sua opinião nos comentários.



Possuídos pelo ritmo… Gangnan Style

Desde o início de setembro, um vídeo tem feito muita gente rir até não poder mais e também curtir o som de um sul coreano que foi levado ao mundo todo graças ao Youtube. O cantor PSY fez uma sátira ao “american way of style” mostrando como é o “Gangnan Style”, lembrando que Gangnan é o nome de uma cidade rica em seu país.

Buscando algumas informações sobre o estilo músical do qual este hit faz parte, descobri o K-Pop (Korean Pop). Trata-se de uma mistura de hip hop com música eletrônica, pop e R&B, excluindo os carros, as drogas e a as apologias que, em muitos casos, estão nas letras de músicas dos estilos citados.

Se você ainda não o conhece, deve parar tudo e assistir isso agora:



A coreografia é de causar inveja, não acha? Mas o cantor provou que é capaz mesmo de arrebatar multidões e até alguns famosos já se renderam a este estilo na TV, conforme o vídeo abaixo, que mostra Britney Spears aprendendo a dançar com o próprio PSY, no programa da Ellen DeGeneres:



(reparem no entusiasmo da Ellen e na cara de “Meu Deus que diacho é isso” da Britney)

E então, o sucesso chegou ao Brasil e o nosso “homenageador” oficial (como ele se intituta) dos grandes sucessos mundiais resolveu criar uma versão do hit. Já sabem de quem eu estou falando, não é mesmo? Latino “criou” a canção “Despedida de solteiro”, com uma letra que não vale a pena comentar aqui, então se quiser conhecer esta música, faça a busca por sua conta e risco.

Claro que o hit do sul coreano gerou uma série de vídeos de todos os tipos, com todos os teores possíveis, mas quero destacar aqui um que quase não me permite escrever este post, de tanto que eu ri... ENJOY:



Volto em 15 dias para falar sobre outro sucesso na internet, pois agora vou aprender o passinho lindo de “Gangnan Style” (VEM GENTE!).

Psicologia de um vencido: Augusto dos Anjos em quadrinhos


A poesia de Augusto dos Anjos ganha vida de forma gráfica nessa adaptação de FTF.


Mais uma história do HQCX, dessa vez a adaptação em quadrinhos de uma poesia de Augusto dos Anjos feita por FTF. Basta clicar no play e navegar usando as setas do teclado ou os botões e rolagem do mouse.


No site do O Caxiense vocês podem encontrar todas as hqs já disponibilizadas, basta clicar nesse link.

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Quadrinhos: Reflexões sobre um meio




Estava pensando dia desses como é interessante a influência dos quadrinhos em nossa realidade através de símbolos e ideologias. Por exemplo, o caso da máscara do Guy Fawkes, que foi resgatada por Moore em V de Vingança, e se tornou, digamos, "pop" com o filme e agora é símbolo de organização de protesto como os Anonymous. Coisas dessa cultura tão interessante que são os quadrinhos.






Conversando dia desses com o nobre filosofo, e kinder ovo nas horas vagas, Rafael Rodrigues, debatíamos essa questão da influencia dos quadrinhos e reproduzo rapidamente aqui um trecho:


Rafael:  Pouca gente se dá conta de que os quadrinhos são um meio mais antigo que o cinema e a TV, e que algumas das fórmulas que conhecemos hoje desse meio vem diretamente dos comics.

Marcelo: Acredito que isso venha por influencia dos movimentos no meio do século passado que tinham o intuito de denegrir os quadrinhos, tanto se martelou que foi passando de geração em geração essa idéia de que HQ é algo menor em relação a outras midias. Claro que falo isso em um tom mais geral, de massas, não especialistas ou fãs, que veem obvio com outros olhos. Uma pena.

Alias, os quadrinhos (e muito por culpa das editoras Marvel e DC) perderam um bocado seu impacto no mundo pop, já que graphics novels (onde vemos coisas mais contundentes em critica e tal) ainda são bem restritas em termo de alcance de público, principalmente os leigos. Sem contar que eles não sabem bem trabalhar seus símbolos.

Rafael:  É, acho que o problema é que a decadência das formas de arte (no sentido delas terem se tornado puramente produtos e marcas) atingiu todos os meios, mas os quadrinhos ainda não tinham se reafirmado, então eles nem bem começaram a ganhar relevância e já se tornaram obsoletos.




Seguindo nesse pensamento, observamos que por essa ideia encrustada na mente de um senso comum de que quadrinhos não é tão relevante, muitas questões passaram pelo meu córtex cerebral:

O meio dos quadrinhos nacionais é muito perdido: não existem sindicatos ou agrupamentos para desenhistas e escritores (que eu saiba pelo menos), não existem fóruns ou grupos mais "profissionais" de discussão sobre o meio, não existe associação para brigar por mais espaço em verbas públicas, por exemplo. É bem como uma amigo diz: artista é muito criativo, mas em sua maioria não sabe gerenciar as coisas importantes. #temqueverissoai

Outra questão importante é o espaço dos quadrinhos nos jornais, nem em todos os centros urbanos temos uma relação de empresas jornalísticas com quadrinistas. Não sei os números certos, mas sei que a Folha de São Paulo tem uma sessão para tirinhas em quadrinhos, mas em pequenos centros, como a capitania hereditária que moro que é a Paraíba, normalmente se vê ou tiras clássicas como Peanuts ou não se tem nada.

Aqui, mesmo quando se tem não são tão interessantes. No passado já um tanto quanto longinguo, projetos de encartes especiais com histórias completas feitas por artistas locais chegaram a sair do papel, mas não continuaram logo após.

A experiência do Rafael Rodrigues no HQCX  me lembra o quanto é triste e dificil essa jornada do quadrinista em nosso país. E muito disso se inicia exatamente em não percebermos, ou darmos tanto importancia, a influencia e projeção que as obras em arte sequencial tem na nossa sociedade, deixando prevalecer a ilusão de que HQ é coisa infantil ou não tão interessante.

Será que um dia isso muda? E como é em sua região?

quarta-feira, 19 de setembro de 2012

Conheça e apóie os quadrinhos do Petisco!


Olhai pessoal, o velho Freud está aqui fazendo uma hora extra para falar, ainda que aos 45 do segundo tempo, de um projeto muito legal de quadrinho nacional que está prestes a se concretizar.

Lembram da HQ Nova Hélade que citamos lááááá atrás, no podcast bem legal que fizemos com o Cadu Simões?

Pois bem, lembrando ou não, saiba que essa e várias outras hqs bem legais estão disponíveis gratuitamente no site petisco.org. Li várias delas e gostei bastante, mas tenho muito mais ainda pra ler por lá, já que sou um velho desinformado e só conheci o site agora, trocentos meses após seu lançamento (Oh cara burro!).


"Mas e porque a urgência de fazer esse post agora, Freud, quando ele caberia muito melhor na coluna Quadrinhos em Bits que sai as terças aqui?" - você pergunta, ou não pergunta, uarévaa.. responderei mesmo assim.

É porque os caras que te dão inteiramente de grátis essa hqs chubidubas estão com um crowdfunding (é assim mesmo que escreve, tio?) no site catarse.me para lançar um álbum impresso só com histórias inéditas de 6 das séries regularmente publicadas no site.



Veja ai o vídeo feito por eles explicando a bagaça.



Rapaz, gostei muito e já contribui lá: Por 25 pilas garanti meu exemplar da hq. Quer dizer... quase garanti...

Isso porque falta muito pouco para atingir a meta que viabiliza o projeto, mas se a meta não for atingida, posso ter meu dinheiro de volta mas, hq que é bom, necas.

Então o lance é: Vai lá no site dos caras e confere as hqs! 

Você não precisa acreditar na minha opinião ou gosto, nem se fiar no fato da ótima hq Terapia ter ganho o Troféu HQ Mix 2011 como Web Quadrinho.. VOCÊ LÊ DE GRAÇA E CONFERE POR SI MESMO, NÃO TEM QUE PAGAR NADA PRA NINGUÉM!

Se curtir tanto quanto eu e tiver pelo menos 25 pilas disponíveis ai, contribui. Se não curtir ou não puder colaborar, tá bom também.

Você encontra as hqs acessando o site petisco.org

E pode ajudar a financiar a revista no site catarse.me

O crowdfunding termina em 2 dias, pessoal, então anda logo: VAI ACABAR VAMOS GASTAR!

Uaréview: Top 5



Como a tradição do Uarévaa é a preguiça, ao invés de dedicar um longo tempo da minha vida fazendo um grande post sobre um filme só, resolvi juntar vários que vi nos últimos tempos de uma vez e assim economizar tempo. Afinal, Time is Money!




Vicky Cristina Barcelona 

Uma das coisas que mais gosto nos filmes do Woody Allen é a percepção dele de como a vida é uma sucessão de coisas, muitas vezes totalmente aleatórias, sem sentido e que podem nos mudar completamente ou não.

Aqui vemos mais um trabalho dele na Europa, usando do caráter do continente para "verões inesquecíveis", onde pessoas passam por suas ruas, conhecem outras pessoas, vivem histórias, mas, geralmente, seguem com suas vidas como deveria ser antes de pisar em terras europeias. Afinal, a vida é realmente uma junção de momentos que ficam na memória, e pode acabar sendo só isso mesmo.

Nota: 8.5

My Way, o mito além da música 

Freud explica, ou não, porque boa parte das estrelas da música são egocêntricos, exagerados e escrotos. My Way explica como uma boa versão de uma música faz toda a diferença (além de um Sinatra, claro), e como morrer pode ser ridículo e sem sentido, assim como a vida.

Nota: 8



O Artista

"Não vou falar, não direi uma palavra"


"Por favor, silencio atrás da tela"

È muito gratificante ver um filme como esse em tempos tão verborrágicos como os que vivemos, quando um filme normalmente é redundante ao extremo em seus diálogos, repleto de explosões, gritaria e afins.

O Artista é uma bela homenagem ao cinema, a boa interpretação e ao ar de ingenuidade das produções dos anos 20/30. Mais que recomendado.

Nota: 10 +1


Boy Wonder

Sabe quando você vê um filme com uma temática heróica e lembra das boas histórias do selo Marvel Knights ou Marvel Max? É o caso do ótimo Defendor (2009) e desse aqui.

É mais ou menos o que aconteceria se Batman e/ou Demolidor fossem pobres e não tivessem poderes. Uma jornada dentro da mente paranoica e atormentada de um garoto que perdeu sua mãe ainda criança e as consequências de seus atos.

"E então seu pai lhe falou sobre as consequências de seus atos. Ele agora tinha que lidar com consequências"

Nota: 8.5

Mercenários 2

A grande vantagem de Mercenários é que ele não tenta ser complexo e cheio de reviravoltas, como muitos dos filmes que dão errado hoje em dia. Seguindo a linha básica de história clichê, direta, com vilões e heróis bem definidos, a continuação se mostra mais coesa e maior do que seu antecessor.

Piadas bem colocadas, cenas de ação idem, participações usadas de forma inteligente (Chuck Norris chuta bundas), e até um Van Damme atuando bem, dentro do que é colocado para ele no filme. Uma boa diversão com selo Anos 80.

Nota: 10

terça-feira, 18 de setembro de 2012

Por que as pessoas acreditam em Teorias de Conspiração?

"Talvez eu e meu corpo formemos uma conspiração pelas costas de minha própria mente."
Friedrich Nietzsche
Quando eu era criança, estudava em uma pequena escola no meu bairro (comentei isso por alto no Podcast sobre os tempos de escola). Os fundos da escola faziam divisa com um terreno baldio e, por estar assim há bastante tempo, coberto por muito mato, sujeira largada por lá e animais peçonhentos (e provavelmente alguns humanos peçonhentos também). Era muito fácil para nós, alunos, pular dos fundos da escola para o terreno baldio e isso era um problema para as professoras. Até que um dia um grande buraco apareceu “da noite para o dia” no meio do terreno. Ninguém sabia exatamente o que era aquilo e o que havia acontecido. Em algum momento, surgiu o boato de que coisas estranhas aconteciam naquele buraco, como fumaça saindo do fundo, coisas luminosas rodando o lugar e até espíritos de uma mulher carregando um bebê pipocaram pela escola que, por ser pequena, teve estes rumores espalhados de forma absurdamente rápida. Até as professoras confirmaram terem visto algumas das coisas que se diziam ter visto por lá.

A coisa tomou uma proporção tão grande que os alunos ficaram assustados de verdade, o que obrigou as professoras a abrirem o jogo: foi tudo um boato inventado por uma delas, de forma automática e inocente, a fim de evitar que as crianças continuassem indo para o terreno baldio (e consequentemente, arriscassem se ferir). É claro que ninguém acreditou na história; todo mundo estava convencido de que os rumores sobre o buraco era verdade, e que as professoras estavam apenas querendo abafar a situação. Até que, um dia, o buraco foi fechado. Assim, sem mais nem menos. E, após alguma especulações durante um tempo, eventualmente quase todo mundo esqueceu da história (ou, se não esqueceu, pelo menos parou de levar tanto a sério).

É claro que as professoras não esperavam um simples comentário para tentar inibir as crianças de ir para o terreno baldio fosse tomar proporções tão absurdas. Mas este é um bom exemplo do que acontece quando as pessoas são facilmente impressionáveis e possuem a tendência a acreditar em qualquer coisa. É claro que aqui estamos falando de crianças, que logo deixarão estas ideias de lado. Mas e quando acontece com adultos?

Isto vai de encontro a teorias a respeito de como surgem as superstições, que evocam experimentos feitos por B.F Skinner com pombos nos anos 30, onde um pombo dentro de uma caixa, ao ficar desesperado e com fome, bicou sem querer um botão, e assim recebeu comida. Mais umas duas vezes fazendo o mesmo, ele passou a “pensar” que toda a vez que o botão fosse bicado, ele receberia comida. Mas o mais interessante é que, mesmo quando ele não recebia comida, continuava bicando o botão mesmo assim. Isso nos dá uma boa base do pensamento supersticioso e nos ajuda a entender um pouco sobre como funciona nossa mente. Mas o que superstição tem a ver com teorias de conspiração? Bem, na verdade, tudo.

Nós, seres humanos, costumamos nos ver como diferentes dos animais, estando inclusive num patamar “superior” a estes por sermos “inteligentes”. Bem, isso tudo é muito bonito, romântico, até, mas com nosso conhecimento atual este pensamento não se sustenta. Embora tenhamos características que nos diferenciem de outras espécies animais somos, na verdade, regidos pelos mesmos instintos biológicos básicos de qualquer criatura viva, sendo a principal delas a sobrevivência. Herdamos isso dos nossos ancestrais primitivos e nossa própria sociedade, por mais complexa que seja, ainda é criada considerando estas leis biológicas.

Na selva, diferente de nossa sociedade (supostamente) mais segura, não dá tempo para analisar cada situação particular. Parar para pensar, num cenário onde você está constantemente em perigo de ser atacado por um predador (ou que, sendo predador, você está constantemente sob a ameaça de não encontrar uma presa e passar fome), não é só perigoso; é burrice.

Para garantir rapidez de julgamento num mundo onde perder tempo pode ser fatal, os animais desenvolveram a capacidade de criar padrões que permitem identificar facilmente um perigo ou uma oportunidade. Por exemplo: algo se mexendo nos arbustos é sempre um perigo (mesmo que não seja, pense: é muito melhor achar que é um predador e não ser do que achar que não é nada e ser devorado), um reflexo de água, uma oportunidade. Foi assim que sobrevivemos e chegamos até aqui. Mas, como todo modelo evolutivo, este também tem seu lado ruim; um padrão criado a partir de uma falha de julgamento pode levar um animal a discernir um perigo ou uma oportunidade de forma errada e, assim, aquilo que servia para ajudar a mantê-lo vivo pode prejudicá-lo - e às vezes até matá-lo.

Em nossa sociedade complexa*, este “software criador de padrões” que temos em nosso cérebro também pode tanto nos ajudar quanto nos prejudicar. O que parece ser um vulto pode ser um intruso querendo roubar nossa casa... Ou pode não ser nada. É benéfico se ajudar você a tomar cuidado, mas pode prejudicar (seu bolso, principalmente) se você decidir que o vulto é um fantasma e pagar alguém para “exorcizar” sua casa**.

Este tipo de comportamento, embora não pareça, é semelhante à crença em teorias de conspiração. Psicólogos comportamentais e estudiosos do tema já conhecem este tipo de comportamento há um tempo. Nós, seres humanos, temos uma obsessão profunda (e provavelmente evolutiva) por dar sentido às coisas. Tudo tem que ter um sentido (dentro da nossa capacidade de compreensão). O problema é que nosso mundo não é tão simples assim. E, num mundo complexo que frequentemente não faz sentido (dentro de nossa concepção de sentido), tanto a superstição quanto a teoria de conspiração surgem como formas de “resumir” o mundo, de dar significado a ele e de simplificá-lo. É claro que no mundo dominado pela tecnologia de hoje, e onde provamos que tantas coisas, antigamente consideradas sobrenaturais, eram muito naturais e até mundanas, a superstição começa a ser deixada de lado. Mas nosso “software criador de padrões” e nossa obsessão por significados continua firme e forte, e acaba apenas trocando o foco e sendo atraído para outro caminho: o das teorias de conspiração.

Mas por que teorias de conspiração? Por que não outra coisa? Bem, por diversos motivos, dos quais posso elencar alguns. Mas primeiro, é preciso diferenciar os termos: Conspiração = reunião secreta de indivíduos com intenção de prejudicar/tirar vantagem de alguém ou muitos. Dentro desse prisma, conspiração é algo real, que aconteceu e acontece a todo momento. Já a “teoria de conspiração” se refere às hipóteses de possíveis conspirações existentes. O termo hoje em dia está bastante relacionado a conceitos como OVNIS e sociedades secretas, mas existem teorias de conspiração de todos os tipos, desde alegações de que celebridades não morreram até a ida à lua ter sido uma farsa, passando por hipóteses sobre 11 de setembro e a morte de Bin Laden.

Em todas estas (e outras) teorias de conspiração, temos os mesmos padrões: Partem de um pressuposto real (como, por exemplo, o incidente em Roswell), o que ajuda a dar verossimilhança para a história, envolvem um cronograma sinistro (que, não raro, é associado ao futuro/destruição da humanidade) que ajuda no caráter narrativo para despertar o interesse (quem não está interessado numa história de mistério sobre o futuro da humanidade?) e por último, mas não menos importante, possuem lacunas que podem ser rápida e facilmente preenchidas e que não podem ser verificadas*** em caso de contestação da teoria. Assim, acaba sendo virtualmente impossível ter provas incontestáveis de que uma teoria de conspiração é falsa, quando as evidências podem ser refutadas ou ignoradas simplesmente com a alegação de que são “manipuladas”, “fabricadas” ou “fazem parte do plano de desinformação para pensarmos que a conspiração não é real”. Na verdade, se trata de uma versão mais complexa do experimento com o pombo que eu citei no começo: Se, numa situação hipotética, outro pombo fosse colocado ali e pudesse perguntar por que o primeiro está bicando o botão quando não é sempre que a comida aparece, este provavelmente teria uma “desculpa” para manter a superstição: Ou não teria bicado forte o suficiente, ou não teria bicado no ponto certeiro do botão, ou ele precisa bicar e ciscar ao mesmo tempo. Enfim, explicações surgiriam eventualmente para justificar a crendice ao invés de simplesmente admitir suas falhas.

É claro que parece sacanagem dizer que teorias de conspiração servem para simplificar o mundo quando muitas delas são intrincadamente complexas. Mas a chave da teoria de conspiração não é sua complexidade (os mitos de muitas civilizações antigas também possuíam um nível de complexidade interessantíssimo; mas ainda assim continuavam sendoexplicações mais compreensíveis da realidade), mas sim o fato de que eles possuem sentido para o público leigo (por isso é fácil para alguém que não entende de física espacial aceitar que uma bandeira não tremularia no vácuo do espaço e, portanto, a bandeira americana supostamente tremulando na lua seria uma prova de que a viagem foi forjada, pois esta é uma explicação simples, que parece fazer muito sentido). Para quem não acredita, pode parecer estranho, mas faz mais sentido imaginar que um jovem doutorando em neurociência tenha sido manipulado para matar diversas pessoas no cinema do que um jovem simplesmente enlouquecer e resolver atirar em um monte de gente achando que é o Coringa. O mundo é aleatório demais para ter o sentido que queremos e, por vezes, também é decepcionante demais. É difícil suportar um mundo onde centenas de vítimas morrem em um tsunami que não discrimina justos de injustos, mocinhos de bandidos. É complicado admitir que não houve um grande plano maligno ou um teste de uma arma secreta, e que foi simplesmente uma tragédia caótica, aléatória, e o que é pior: inevitável. Assim, atribuir tais coisas a teorias de conspiração nos ajuda, não só a dar sentido, mas a digerir um mundo que por vezes é bastante difícil de engolir.


Mas afinal, é ruim acreditar em teorias de conspiração? Não necessariamente. De fato, às vezes pode até ser divertido. Quem lê o Uarévaa sabe que eu sou grande apreciador da teoria dos Deuses Astronautas. Também gosto de pensar que Elvis e Jim Morrison não morreram e que Marylin Monroe foi assassinada porque tinha um caso com o presidente. E, quem sabe uma dessas teorias que pipocam por aí não é verdade? (honestamente, adoraria descobrir que os tais OVNIS são mesmo naves pilotadas por alienígenas. Seria, de longe, o maior acontecimento da história da humanidade). Conspirações mais estranhas já ocorreram de verdade (como o Estudo da Sífilis não Tratada de Tuskegee) e nunca poderemos ter certeza absoluta da inveracidade de muitas das teorias populares que persistem até hoje.

Acreditar em teorias da conspiração, é claro, fica a cargo de cada um. O objetivo deste texto não é definir o que é e o que não é passivo de ser levado como verdade (até porque, quem sou eu para julgar?), e sim apenas esclarecer o tema à luz de estudos vigentes e do conhecimento atual que existe sobre o assunto. Mas é importante termos ciência da facilidade com que temos de enganar a nós mesmos, pois enquanto muitas vezes uma crença numa teoria de conspiração pode ser inofensiva, em outras pode acabar se tornando um problema e prejudicar a nossa vida e das pessoas ao nosso redor. Acreditem, já vi este tipo de paranoia acontecer com pessoas do meu convívio pessoal (é claro que potencializados pelo uso de drogas, mas enfim) e que hoje... Bem, essa é uma longa história e com certeza dará uma ótima teoria de conspiração para contar aos meus filhos futuramente. Mas fica para outra hora.



*Eu evito chamar nossa sociedade de avançada porque, convenhamos...
**É claro que aqui não entro no mérito, por exemplo, daexistência de coisas como espíritos; para efeitos de argumentação, parto do princípio que é uma dessas duas coisas: um intruso, ou um engano da mente.
***Existe uma falácia lógica relacionada, chamada “deus das lacunas”, mas eu não vou entrar em detalhes porque o texto já ficou extenso demais – mas este e qualquer dos assuntos e estudos comentadas neste texto podem ser encontradas em uma pesquisa na internet de forma relativamente fácil.