“E que me importa o sonho da morte? Meu porvir amanhã seria terrível: e à cabeça apodrecida do cadáver não ressoam lembranças; seus lábios gruda-os a morte; a campa é silenciosa. Morrerei!”Noite na Taverna


Eu nunca gostei de literatura brasileira, mas nunca soube ao certo o porquê. Talvez por ter iniciado com alguns livros que, à época, considerei ruins, talvez por achar que os temas se repetiam demais e eu não via muita originalidade, mas creio que é bem mais provável que foi por conta do velho hábito dos professores de querer nos fazer gostar de algo enfiando-nos goela abaixo. Como sempre tive problemas em simplesmente acatar qualquer solicitação sem entender o porquê da mesma, isto era um problema para mim, que me fez relutar, por muito tempo e até ter certa aversão à literatura clássica brasileira.
Mas o tempo resolve tudo e eu, que sempre gostei de ler quadrinhos, não demorei muito para dedicar parte do meu tempo também à literatura. Embora até hoje não seja grande fã de muitos clássicos que os intelectuais consideram obras primas, tem uma obra que me marcou, justamente por fugir daquilo que eu considerava maçante e se dedicar a temas que só muitos anos mais tarde entenderia que caracterizavam o gênero de terror. Esta obra é Noite na Taverna.

Depois da rápida aula de história da literatura, vamos à obra propriamente dita. Noite na Taverna, como o próprio nome sugere, nos mostra um cenário noturno onde somos apresentados à cinco personagens (Solfieri, Bertram, Gennaro, Claudius Hermann e Johann) durante uma noite em uma taverna regada a bebidas, conversas em alto tom e histórias inusitadas. Cada personagem conta sua história, uma mais fantástica e sinistra que a outra, até que enfim chegamos à uma inesperada conclusão.

Para quem acha que literatura brasileira se resume apenas a livros enormes e chatos sobre a aristocracia vitoriana ou as dificuldades do nordeste, Noite na Taverna é uma ótima pedida. Atualmente pode ser encontrada em versão de bolso publicada pela L&PM Pocket a um preço bastante acessível.
Curiosidade:
- Percy Bysshe Shelley, um dos principais poetas românticos ingleses e um dos inspiradores do ultrarromantismo brasileiro foi marido de Mary Shelley, autora do clássico Frankenstein.
Na próxima Madrugada:
Uma casa como outra qualquer. Mas que esconde um segredo mais aterrorizante do que qualquer outra coisa que se poderia imaginar. Na próxima semana, visitaremos as Criaturas Atrás das Paredes.
3 comentários:
Legal a dica, essa premissa me lembra um filme que vi uma vez baseado na historia real da origem na mente de Mary Shelley do Frankstein.
Bom ver coisas nacionais no genero legais.
Eu li quase tudo da obra do Azevedo...
Interessantes mesmo são as cartas que ele escreve e o quanto sua literatura se confundia com a própria vida.
A imaginação deste jovem era fascinante.
Como disse Machado de Assis numa carta: "Pena que se foi tão jovem"
Adorei o post... Literatura Brasileira é boa também!
Li no colégio... único livro de literatura que me interessou. Recomendo! =]
o/
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