DE FORA DA PANELA
Mais um review de Bastardos Inglórios na área!! Depois de lermos um aqui pelo Jonathan Rodrigues, chegou a vez do nosso camarada Inferno falar sobre o mais recente filme do

O filme de Tarantino faz bom uso das técnicas cinematográficas, como já dito. Por exemplo nas cenas iniciais na casa do fazendeiro ou na cena do bar, ele cria um clima de suspense e angústia capaz de fazer qualquer um se remexer na cadeira. Ele é bom nisso, sabe jogar com as expectativas e emoções da platéia, sabe contar uma boa história, sabe conduzir uma trama com início, meio, clímax e fim, algo tão básico mas que ultimamente tem sido tão difícil de encontrar com qualidade. Só isso já faria o espectador ficar feliz sabendo que vai ter diversão com qualidade, mas para Tarantino isso é pouco, ele queria mais, e o que ele fez a mais? Não percam o próximo capítulo, quer dizer, parágrafo.

Simples assim. Sadismo puro, só comparável ao que os alemães da vida real infligiram aos judeus nos campos de concentração.

Insistindo na tese de que o filme não é uma declaração de amor ao cinema apesar de tantas referências embutidas na história relativas a filmes e atores europeus daquela época, Tarantino faz os fins justificarem os meios da pior forma: como meio de matar o maior número possível de nazistas a ‘mocinha’ do filme (se é que podemos chamá-la assim) aproveita uma sessão de um filme pró nazista em que temos a presença de Adolf Hitler como convidado de honra, pega todo o acervo de filmes do cinema, tranca as portas de saída e incendeia o cinema (desculpem pelo spoiler), matando todos que estão dentro. Ela também morre e o seu namorado afro negão cúmplice também. Todos morrem, quem não morre queimado ou pisoteado morre alvejado pela cortina de balas disparadas pelos Bastardos infiltrados no cinema que deliram de prazer enquanto metralham a multidão. Só não morre o alemão traíra que percebe a jogada toda mas prefere ficar calado e negociar asilo político nos EUA, não sem antes ganhar um ‘brinde’ dos Bastardos. E aí vem a pergunta: o cara é cinéfilo assumido e faz um filme onde a forma de se combater o mal é destruindo um precioso acervo de filmes raros, aproveitando que os rolos de filme são altamente inflamáveis, para destruir um cinema inteiro? Parece um recado de que os fins justificam os meios ou de que ‘tudo vale a pena se a alma não é pequena’, não entendi muito bem o que Tarantino quis dizer com isso, só sei que, segundo o filme, o churrasquinho de nazistas no filme resultou no fim da guerra. A cultura perdeu mas a guerra acabou. Valeu a pena? Certamente se essa situação tivesse acontecido na vida real teria valido muito a pena, assim como valeria a pena ver um nazista sofrer na própria pele o que milhares de vítimas deles sofriam todos os dias. Mas não se trata de mundo real, é um filme, um filme no qual Tarantino criou uma história de realismo fantástico permeado por valores do nosso cotidiano real. Ou pela falta deles.
Como falhas posso apontar o mal elaborado gancho para incluir na trama o espião britânico, muito mal feito, onde aparece um Churchill sentado numa cadeira no canto da sala como um burocrata qualquer, logo ele que foi para a superfície das ruas de Londres bombardeada conclamar os ingleses à luta enquanto a família real se escondia como ratos no subsolo. Também há umas imprecisões históricas a respeito do cinema alemão na época da guerra, mas nada que seja percebido pela maioria.

É um filme imperdível, estranho, mas imperdível.
Inferno em outra encarnação matou muitos nazistas. Por puro prazer.
abcs
Nenhum comentário:
Postar um comentário